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Empresas recomendam voto a seus funcionários

O setor hospitalar está entre os que mais empregam estrangeiros. Keystone

Fato raríssimo na Suíça, certas empresas estão incitando seus empregados a votarem "sim" aos acordos bilaterais com a União Europeia, no plebiscito do dia 8 de fevereiro.

As empresas alegam que uma rejeição dos acordos prejudicaria seus negócios e, portanto, colocaria em risco os empregos.

As organizações patronais e sindicatos sempre opinam nas campanhas dos plebiscitos na Suíça quando seus interesses estão em jogo. Já tomaram posição recentemente em relação à renovação do acordo bilateral sobre a livre circulação das pessoas e sua extensão à Bulgária e Romênia. As duas questões serão submetidas ao voto popular em 8 de fevereiro.

Receio do “não”

Oficialmente, as empresas não costumam opinar, mas desta vez escrevem aos seus empregados para sensibilizá-los sobre a importância dessa votação. A prática, muito rara na Suíça, foi revelada pelo jornal Le Temps, de Genebra.

Para as empresas, “abordar assuntos políticos era um tabu até alguns anos atrás”, afirma ao jornal um ex-executivo da Holcim, gigante do setor do cimento. A Merck Serono, do setor de biotecnologia, publicou uma nota interna para informar seus funcionários.

A Nestlé suíça foi mais explícita. “Com dois terços de nossa produção voltados para a exportação, uma recusa seria prejudicial. É importante que nossos colaboradores saibam que seus postos de trabalho estão em jogo e que votem com conhecimento de causa”, explica o portavoz Philippe Oertlé.

A Nestlé suíça não exclui a possibilidade de fazer uma campanha interna, se necessário.

Debate político

A alusão às exportações deve-se a uma cláusula chamada de “guilhotina” nos acordos com a União Europeia, principal parceiro comercial da Suíça. Juridicamente, se um acordo é rompido, como ocorreria em caso de rejeição da livre circulação dia 8 de fevereiro.

A União Democrática do Centro (UDC) – direita nacionalista e maior partido do país – tem uma interpretação diferente. Acha que rejeitar a livre circulação não provocará a suspensão dos demais acordos e faz campanha advertindo que búlgaros e romenos virão em massa para a Suíça.

Os outros quatro grandes partidos recomendam a aprovação do acordo.

A suíço-sueca ABB afirma que segue as instruções da Associação da Indústria de Máquinas, que recomendou às empresas informarem seus funcionários. No site interno da ABB, o chefe do pessoal explicou que um voto negativo seria catastrófico para a empresa porque na Suíça não existe um número suficiente de engenheiros.

A Novartis não fez uma comunicação direta com seus colaboradores porque “a direção já havia se posicionado claramente” através da mídia.

As duas maiores redes de supermercados do país, Migros e Coop, preferiram tomar posição pelo “sim” através de seus próprios jornais, de ampla difusão.

swissinfo, Claudinê Gonçalves (com agências).

Segunda sondagem publicada no 27/1 (entre parêntesis, variação em relação à primeira sondagem):
Favoráveis: 50% (+ 1%)
Contra o acordo: 43% (+3%)
Indecisos: 7% (-4%)
Taxa de participação estimada: 46% do eleitorado

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