Estado não tem que ajudar os bancos
Os ministros da Economia, Doris Leuthard, e das Finanças, Hans-Rudolf Merz, excluem qualquer ajuda do Estado aos bancos suíços. Segundo ambos, o Estado não deve ter a função de salvador por causa da crise dos créeditos imobiliários.
Essas declarações à imprensa suíça ocorrem no momento em que a hipótese de intervenção dos poderes públicos para salvar os bancos é cada vez mais aventada.
Em entrevistas publicadas pelos jornais de domingo na Suíça, a ministra da Economia Doris Leuthard e o ministro das Finanças, Hans-Rudolf Merz, afirmam que não temem a falências dos grandes bancos suíços. Ambos dizem que se opõem a uma eventual ajuda financeira do Estado por causa da crise financeira.
“Os órgãos de controle estatais não existem para dirigir os bancos no “escuro”, estima o ministro das Finanças Hans-Rudolf Merz no jornal SonntagsBlick, de Zurique.
“Não se pode assim tão facilmente pedir socorro ao Estado. Claro que elel pode desempenhar o papel de regulador e esse deve ser o caso durante os períodos críticos”, ressalva. “Mas, mesmo em caso de urgência, nossos meios são limitados”, prossegue o ministro das Finanças.
Leuthard tem a mesma opinião
O apelo do presidente da Deutsche Bank, o suíço Josef Ackermannm que pediu que os Estados se substituam aos mercados se necessário, parece não ser ouvido em Berna.
A ministra da Economia, Doris Leuthard, defende de fato uma posição idêntica à seu colega das Finanças em outro jornal de Zurique, o SonntagsZeitung.
A ministra acha que as medidas necessáris precisam ser tomadas em escala internacional. Segundo ela, “o setor deveria aumentar suas reservas de fundos próprios e modificar a política de bônus nos bancos de negócios, no contexto do novo sistema de vigilância integrado dos mercados «FINMA».
Para Doris Leuthard, o apelo de Josef Ackermann é destinado sobretudo aos Estados Unidos, de onde veio a crise com a queda do mercado de hipotecas de risco.
Falência do UBS é impensável
Respondendo à pergunta se o Estado daria sua garantia se faltasse liquedez ao UBS (maior banco suíço), Leuthar disse que não existe “qualquer razão de pensar a uma tal hipótese”. O UBS dispões de base sólida em fundos próprios, segundo ela, e está em boa situação em comparação internacional. Para a ministra da Economia, “se comenta-se regularmente uma eventual falência do UBS, isso cria uma insegurança inútil”.
Por sua vez, o ministro das Finanças Hans-Rudolf Merz reconhece que seu ministério deve pensar em um cenário mais adverso. Mesmo se atualmente a maior preocupação da Confederação Helvética é manter a confiança dos clientes nos bancos suíços.
Sublinhando que numa situação delicada como a do UBS, a Comissão Federal de Bancos não pode mais coletar informações e exercer sózinha a vigilância, ele afirma que a falência de um grande banco parece impensável para ele.
Ele garante que os bancos suíços preenchem todos os requisitos em matéria de fundos próprios. “A situação atual não é comparável à da crise dos anos 30”, explica Marz. Ele afirma ainda que a economia suíça continua se portando bem, mesmo se “o setor financeiro traz todo dia notícias ruins”.
Nacionalizar os bancos seria muito caro!
No plano internacional, a situação continua inquietante e a hipótese do Estado salvar os bancos para conter na crise que ameaça o sistema financeiro continua a ganhar terreno.
“A coletividade” talvez tenha que “assumir” o custo da falência do sistema bancário, adverte Dominique Strauss-Khan, diretor do Fundo Monetário Internacional (FMI).
“É preciso assinalar que as autoridades estão disposta a fazer o necessário” para evitar o desmoronamento do sistema financeiro planetário, afirma Angel Gurria, secretário-geral da Organização de Cooperação e Desenvolvimento na Europa (OCDE). Quanto a Josef Ackermann, ele pediu uma ação conjunta do Estado, dos bancos e dos bancos centrais para socorrer as instituições financeiras.
Como lembrete, o Reino Unido nacionalizou o banco Northern Rock no começo do ano para evitar a falência. A conta para o contribuinte britânico deve ser de 55 bilhões de libras, ou seja, 110 bilhões de francos suíços.
swissinfo com agências
Em 2007, o UBS, maior banco suíço, teve prejuízos históricos de 4,4 bilhões de francos suíços. O banco perdeu 20 bilhões na crise hipotecária nos Estados Unidos.
Para se recapitalizar, o UBS recorreu a investidores estrangeiros, sobretudo de Cingapura, entrou com 12 bilhões de francos.
Em abril, os acionistas poderão ser novamente convocados para uma nova recapitalização de quase 10 bilhões de francos.
Por sua vez, o Crédito Suíço terminou 2007 com lucro líquido de 7,8 bilhões de francos suíços, 700 milhões a menos do que suas previsões.
Mas o segundo maior banco suíço também navega em águas turvas. Dias depois de apresentar o balanço 2007, a direção anunciou que suas contas no primeiro trimestre deste ano deverão ficar no vermelho, devido perdas de quase 3 bilhões de francos suíços.
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