Europeus lançam campanha contra a obesidade

Problema da obesidade é alvo de preocupação. imagepoint.ch

As autoridades suíças de Saúde acompanham de perto o lançamento do portal europeu de luta contra a obesidade.

Na Suíça, 25% das crianças são obesas e a proporção é mais de um terço entre os adultos.

O portal e a campanha européia de luta contra a obesidade foram lançados terça-feira (15/3), em Bruxelas. Ela reúne autoridades de saúde, educação, associações de consumidores, comércio e indústria alimentar e publicitários.

Essa perspectiva chamada de “voluntária” não tem base jurídica e visa lutar contra o flagelo da obesidade, em especial da obesidade infantil.

“É muito importante porque o problema da obsesidade não começa nem termina na froteira suíça ou européia mas atinge todos os países industrializados”, afirma Michael Beer, chefe do departamento de alimentação na Secretaria Federal suíça de Saúde(OFS).

“Essa campanha européia vai permitir avançar de maneira rápida e coordenada e faremos tudo para associar-nos”, explica Beer.

As crianças

A União Européia quer que a indústria alimentar regule suas campanhas de marketing, em particular as que atingem as crianças. Já foi inclusive pedida a interdição da publicade de alimentos que contém altas taxas de açuçar destinadas aos menores de 12 anos.

Outra idéia é dispor de novas etiquetas de produtos permitindo que os consumidores escolham produtos mais saudáveis.

Para Michael Beer, a participação da indústria alimentar nos debates já é um grande avanço. “É primordial que os representantes da indústria reconheçam que têm uma parte de responsabilidade nesse flagelo da obesidade”.

Como não é membro da UE, a Suíça lançou no passado suas próprias medidas de combate à obesidade.

Além do projeto Suíça Balança, que promove uma alimentação sadia e equilibrada associada à prática de exercícios, a Secretaria Federal de Saúde também contatou responsáveis da indústria alimentar e de outros setores.

As discussões – que começaram em 2004 – abordaram principalmente as questões da responsabilidade e da publicidade. A partir daí, a indústria alimentar criou um grupo interno de reflexão sobre a obesidade.

No final deste mês, haverá uma nova mesa-redonda para discutir uma melhor etiquetagem dos produtos alimentícios.

Na União Européia existe um outro tom, inclusive com a ameaça de introduzir uma legislação mais restritiva, se não houve progresso significativo. Michael Beer acha que os acordos voluntários serão suficientes na Suíça e cita como exemplo acordos precedentes relativos à nutrição infantil.

Ceticismo

Mesmo se as reações são geralmente positivas, certos representantes da indústria alimentar suíça acolheram a campanha da União Européia com ceticismo.

Questionada no final de janeiro acerca da publicidade destinada às crianças, Nestlé revelou-se contra a proibição e pela auto-regulação e realçou sua política de “comunicação responsável”.

Mas tanto a Suíça quanto a UE consideram como prioritária a necessidade de conter o aumento do número de pessoas obesas, particularmente das crianças.

Michael Beer lembra que a obesidade e o excesso de peso aumentam os riscos de doenças cardio-vasculares, diabestes e câncer. O OFS avalia os custos ligados as essas doenças em 2,7 bilhões de francos suíços por ano.

“O mais assustador é constatar o aumento da obesidade e do excesso de peso nas crianças e cada vez mais cedo. Ainda não temos a solução mas temos de encontrá-la”, conclui o chefe da divisão de ciências da alimentação na Secretaria Federal de Saúde.

swissinfo, Isobel Leybold-Johnson
(Tradução et adaptatação: Claudinê Gonçalves)

Fatos

Na Suíça, quase quatro entre dez pessoas são obesas.
Entre as crianças 25% são obesas, aproximadament a mesma porcentagem da UE.
Nos últimos 20 anos, o número de crianças com excesso de peso triplicou nas escaolas primárias.
Na última década, a porcentagem de adultos obesos passou de 30 para 37%.
Os custos anuais decorrentes da obesidade são estimados em 2,7 bilhões de francos suíços.