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Exportadores abrem caminho apesar da crise

A indústria suíça busca diversificar seus mercados na Ásia e nos países Bric. Keystone

O continente asiático vem sendo a bóia salva-vidas das exportações suíças. As empresas do país procuram diversificar os riscos e conquistar novos consumidores, sem, no entanto, quebrar as pontes com os mercados estabelecidos.

A tendência é obter novas oportunidades com a rápida expansão das economias emergentes e escapar das taxas de câmbio desfavoráveis na Europa e nos Estados Unidos.

Os números do comércio exterior liberados em fevereiro revelam um aumento de 19% nas exportações suíças para a China, 15% para a Índia e 13% para a Rússia.

Por outro lado, a participação da União Europeia nas exportações suíças despencaram para 60% em poucos anos, enquanto que os países Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) foram responsáveis por 8,4% do total das exportações suíças, no ano passado, em comparação com 7,6% em 2010.

A valorização do franco suíço enfraqueceu as exportações suíças para Europa e tem sido amplamente criticada pelas empresas suíças, obrigadas, no ano passado, a reduzir os preços em média 5,5% para evitar uma seca na demanda.

Nenhuma panaceia

Mas o franco forte e a degradação das condições econômicas na Europa não foram a única razão para que Baumot, uma empresa suíça especializada em filtros de escapamento para automóveis, ingressasse pela primeira vez no mercado chinês, há 18 meses atrás.

Baumot sabe que a poluição é um dos maiores desafios para a economia que mais cresce no mundo e espera que a China contribua em cerca de um terço das receitas da empresa no futuro, já que o país começou a apertar o cerco contra as emissões de gazes.

Mas o responsável da empresa, Marcus Hausser, adverte que não se deve ver a China como a solução miraculosa para os exportadores suíços. “Nosso maior mercado ainda é a Europa, porque todas as novidades tecnológicas importantes da nossa indústria vão para lá”, disse Hausser à swissinfo.ch.

“A China é grande e é importante estar lá”, acrescentou. “Mas as empresas que apostam no país como principal mercado para o futuro vão sofrer graves problemas se houver um soluço na economia chinesa.”

Conquistando a confiança

Embora admita que a velocidade da recente valorização do franco em relação ao euro e ao dólar tenha causado dores de cabeça, Hausser diz que as empresas suíças estão acostumadas a competir com a desvantagem de uma moeda doméstica forte. “Se a única vantagem do seu produto no mercado externo for o preço, é melhor você rever sua estratégia”, disse.

Hochdorf, uma empresa com sede na cidade do mesmo nome, no cantão de Lucerna, também viu um potencial inexplorado para os seus produtos na China. O grupo fornece produtos lácteos e cereais para a alimentação de bebês e acredita que pode fornecer aos consumidores chineses uma alternativa confiável aos produtos locais que foram contaminados com melamina.

“Muitas famílias aprenderam a não confiar nos produtos lácteos locais”, explica Edith Koch, gerente regional da Hochdorf para a Ásia. “Os produtos fabricados na Suíça têm uma excelente reputação de alta qualidade e nós produzimos com tais padrões elevados. Isso nos dá uma boa chance de obter maior acesso ao mercado”, disse. Tendo se estabelecido no país em 2009, a empresa já exporta para a China cerca de um terço de sua produção de leite em pó para crianças.

Locomotiva alemã

Mas a Ásia também não é lá essas coisas para todos os exportadores suíços. O aumento das exportações suíças para a China e a Ásia sofre uma leve distorção graças ao forte aumento nas vendas de relógios na região.

Sem surpresa, as exportações para os países endividados da Europa (principalmente Grécia e Portugal) diminuíram drasticamente no ano passado, mas também para as economias mais fortes, tais como Grã-Bretanha e Holanda.

A Alemanha, que tem sido tradicionalmente o maior mercado para as empresas suíças, absorveu 6% a mais das exportações em 2011. O país também foi responsável por metade do aumento de 4,4 bilhões de dólares nas exportações.

O sucesso econômico do grande vizinho da Suíça também ajudou a melhorar a sorte de muitas empresas suíças. Como os fabricantes alemães venderam mercadorias em volume recorde no ano passado, as empresas suíças puderam fornecer mais equipamentos de apoio e inovação.

Diversificação de mercados

Apesar da crise, as exportações da Suíça para os Estados Unidos se mantiveram estáveis, apresentando até um ligeiro aumento de 2,4%, em 2011, solidificando sua posição como segundo maior mercado para as empresas suíças.

Patrick Djizmedjian da Osec, a agência nacional de promoção comercial, disse que as empresas suíças devem diversificar seus mercados, recompensando longe das regiões tradicionais. “Mas esse processo não deve desvencilhar completamente a atenção dos mercados importantes”, adverte.

“Não parece um bom negócio ficar dependendo demasiadamente das zonas euro e dólar”, disse à swissinfo.ch. “Existem 600 milhões de consumidores na região da Ásia e as empresas têm de ser suficientemente flexíveis para adaptar suas estratégias de exportação”.

“Mas, se 80% de suas exportações vão para países da zona do euro, fica difícil mudar de estratégia para os países do Bric em poucos meses. A Alemanha ainda é um mercado importante, com ligações fortes e proximidade com a Suíça.”

As exportações suíças aumentaram em 2,1% no ano passado, alcançando um valor de 197,6 bilhões de francos suíços, mas manteve-se praticamente a 9 bilhões de francos abaixo do nível de 2008.

O ligeiro aumento nas exportações em 2011 foi conseguido graças a reduções nos preços de até 5,5%.

A indústria relojoeira não sofreu com a turbulência econômica mundial, acumulando um aumento impressionante de 19% nas exportações – incluindo um aumento de 48% na China.

Outros setores que conseguiram registrar um aumento das exportações de 2011, foram a indústria de metais (+2,2%), máquinas e engenharia eletrônica (+1,2%) e alimentação, bebidas e fumo (+0,6%).

As exportações para a Ásia aumentaram em 9,6%, liderada pela China (+19,2%), Hong Kong (+18,8%) e Índia (+15,2%).

Adaptação: Fernando Hirschy

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