Fabricante suíço cria ateliê do chocolate
Quem nunca sonhou em visitar uma fábrica de chocolates? Para acompanhar a tendência de oferecer espaços lúdicos aos "chocólatras" do mundo inteiro, o produtor suíço Lindt & Sprüngli criou um ateliê de demonstração e aprendizado na sede em Zurique.
swissinfo.ch esteve por lá e, além da degustação, até descobriu a temperatura ideal para fazer o ovo de Páscoa.
Um cheiro agradável de baunilha parece cobrir o vilarejo. No final do ano, quando os visitantes atravessam os portões da Lindt & Sprüngli em Kilchberg, na sede às margens do lago de Zurique, a primeira impressão a saltar os olhos é a decoração natalina: centenas de ursinhos de chocolate, postados um ao lado do outro em meio às árvores de Natal, bolas coloridas e frutas secas. Depois de subir dois andares, eles chegam à recém-aberta “Chocolateria”, o novo ateliê de demonstração e cursos do conhecido fabricante suíço.
A inauguração do espaço ocorreu em 14 de novembro de 2011. Foi um evento exclusivo, onde os principais convidados eram os ganhadores de um concurso internacional voltado para os consumidores da Lindt. O prêmio era bem condizente com os produtos da casa: fazer sua própria criação de chocolate com ajuda dos mestres-chocolateiros. Mas o detalhe estava no “cicerone” convidado: Roger Federer, em carne e osso.
“Embaixador” da marca há dois anos, o tenista suíço revelou aos fãs presentes suas preferências. “Antes gostava do chocolate branco, mas hoje sou fã do chocolate ao leite. Mas talvez mais tarde fique no amargo, pois o paladar da gente se desenvolve”, contou, provocando risos da plateia. A mudança está relacionada ao seu amadurecimento. “No início a gente é sensível e com a idade começa a embrutecer, passando a gostar de chocolate forte.”
Ao seu lado, Ernst Tanner mexia com uma colher de pau na panela de cobre repleta da guloseima. Aos jornalistas o diretor-executivo da Lindt explicou porque decidiu abrir a empresa aos consumidores. “Nossos clientes poderão aprender aqui com os ‘maîtres chocolatiers’ tudo sobre o mundo do chocolate e também a fazer suas próprias criações”, disse. “O interesse mundial por chocolate de alta qualidade está aumentando no mundo. Por isso queremos oferecer um formato que possa colocar as pessoas mais próximas da nossa experiência e marcas.”
Crianças curiosas
Depois de aberta, a Chocolateria funciona até o final do ano como projeto-piloto. As portas estão abertas apenas dois dias por semana. Na quarta-feira, os confeiteiros da casa demonstram como fazer barras, coelhos e bombons e respondem às perguntas dos clientes. No sábado, a Lindt oferece cursos de iniciação na arte de fazer chocolate para as famílias. Assim pais e filhos aprendem em conjunto a criar suas próprias misturas e encontrar o ponto correto no derretimento. O espaço dispõe de oito mesas com duas panelas, cada uma, onde trabalham os confeiteiros da Lindt.
Um deles é Heinz Schlegel, chefe da Chocolateria. Funcionário há seis anos do fabricante suíço, ele considera o trabalho de fazer demonstraçõe um privilégio. “As pessoas vêm aqui não apenas por gostar de comer chocolate, mas também para saber tudo sobre a produção”, revela, enquanto coloca o recheio de champagne e creme nos bombons de chocolate amargo, um trabalho que exige bastante coordenação, especialmente na hora de tampar os pralinés. “A camada de chocolate não pode ser mais espessa do que o resto da bolinha, pois senão o gosto não fica equilibrado.”
Para o suíço, cuja formação profissional foi realizada em uma típica confeitaria do país durante três anos, as crianças são os visitantes mais curiosos. “Elas perguntam, por exemplo, se todos os bombons da Lindt são feitos à mão a partir de uma panela de cobre”, conta, lembrando também daquelas que chegam ao ateliê com lembranças de Hollywood. “Algumas até querem saber se o dono da fábrica é o Willy Wonka e se nós temos os Oompa Loompas como operários”, diz. Ele se refere ao “A fantástica fábrica de chocolate”, um filme musical americano de 1971 e um clássico do cinema infantil. (ver link à direita)
Porém existem os visitantes mais interessados nos aspectos técnicos. Um dos confeiteiros preparava os ursos. O segredo está em fazer a decoração com diferentes tipos de chocolate diretamente na forma com ajuda de uma pipeta. Depois colocar alternadamente duas conchas de chocolate e tirar o excesso, para que a camada fique uniforme e não espessa. Mas questionado sobre a temperatura, ele revelou: “É importante que o chocolate negro e o branco a 32 graus, mas o branco não pode passar de 31”.
Programa turístico em 2012
A partir do ano que vem, a Chocolateria estará aberta a qualquer interessado. Enquanto as demonstrações continuarão gratuitas, os cursos familiares irão custar 40 francos para o adulto e a criança. Ao acompanhante extra será cobrado um acréscimo de 20 francos.
Caso seja bem-sucedido, o espaço poder também entrar no circuito turístico de Zurique. “Nossa fábrica é um prédio histórico muito bonito e as pessoas podem chegar a Kilchberg por barco, saindo de Zurique”, ressalta Nina Keller, porta-voz da Lindt. Porém a visitação da produção não é possível, mesmo para os chocólatras mais aficionados. “Por questões de higiene e segurança não podemos permitir a entrada de estranhos, além de que, a produção hoje em dia é algo muito mecanizado, pouco interessante para os olhos.”
Em todo caso, o resultado pode ser degustado lá mesmo na loja da fábrica ou no ateliê. Um dos produtos mais requisitados atualmente é uma novidade da Lindt: o ursinho de chocolate. Ele acaba de ser lançado e está voltado para o período de festas natalinas. A inspiração é o coelho de chocolate, um dos grandes sucessos comercias da empresa. “Depois de um longo período de desenvolvimento, encontramos a forma perfeita e hoje apresentamos o nosso novo ícone do Natal”, declarou Tanner.
Empregando mundialmente 7.572 (2010) funcionários, a empresa suíça tem seis fábricas na Europa e duas nos Estados Unidos. Além disso, mantém 17 filiais próprias e outros distribuidores independentes em outras partes do mundo.
Faturamento (2010) 2,579 bilhões de francos. Do faturamento geral, 28,3% são gerados na América do Norte, 12,7% na Suíça, 17,5% na Alemanha, 12,5% na França, 11,5% na Itália, 5% na Grã-Bretanha, 7,4% no restante da Europa e 5,1% no resto do mundo.
Sua sede está localizada em Kilchberg, vilarejo localizado às margens do lago de Zurique.
1845: David Sprüngli-Schwarz e seu filho Rudolf Sprüngli-Ammann criam pela primeira vez na sua confeitaria em Zurique, David Sprüngli & fils, pela primeira vez chocolate sólido.
1879: desenvolvimento do “conche“, um processo de fabricação utilizado para dar a delicadeza do chocolate (graças à ação de conchas, nesta etapa a pasta é misturada, esmagada, bem homogeneizada, é um processo que se prolonga por horas ou até vários dias. No decurso da conchagem é adicionado manteiga de cacau). Assim surgiu o primeiro chocolate que “derrete” na boca.
1899: compra da firma Rod. Lindt & fils, assim como da marca e do processo secreto de fabricação pela Chocolat Sprüngli AG. Marca passa a se chamar Fábrica de Chocolate Lindt & Sprüngli AG.
1977-1993: início da internacionalização da marca.
1986: Lindt & Sprüngli passa a ser cotada na Bolsa de Valores.
1994: Transformação em um holding.
1997: Faturamento ultrapassa a marca do bilhão (em francos suíços).
1994-2010: internacionalização
da marca com aquisições externas (1994 – Hofbauer na Áustria , 1997- Caffarel na Itália e 1998 – Ghirardelli Chocolate Company nos EUA) e abertura de filiais próprias no exterior.
2010: produção de massa de chocolate também nos EUA (antes ela era importada da Suíça). Primeiro café Lindt em inaugurado em Tóquio. Primeira butique Lindt no aeroporto de Zurique.
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