Faturamento dos clubes suíços aumenta 65%
Desde que o campeonato nacional suíço mudou de nome, em 2003, o faturamento dos dez clubes da primeira divisão aumentou 65%, mas, em média, eles continuam deficitários.
Em comparação com outros campeonatos europeus, a Super Liga helvética movimenta pouco dinheiro. As principais fontes de receita são a venda de ingressos e a transferência de jogadores.
Cinco temporadas foram disputadas desde a mudança de nome da centenária Liga Suíça de Futebol, que em 2003 passou a se chamar Axpo Super League (ASL) e teve o número de participantes reduzido de 12 para dez equipes.
Nesses cincos anos, o faturamento de cada um dos dez clubes aumentou, em média, de 11,3 milhões para 18,8 milhões de francos (+65%). As receitas cresceram mais dos que as despesas, mas mesmo assim o déficit anual médio por equipe ainda é de 400 mil francos, como informa a revista Le Magazine, da Associação Suíça de Futebol.
Venda de ingressos
Os jogos de futebol na Suíça geralmente são disputados diante de um público pequeno. Na temporada passada, foram em média 11 mil torcedores por partida (9.300 no primeiro turno da temporada 2008/09).
Mesmo assim, a venda de ingressos responde por 37,1% da receita dos clubes. Isso é um resultado excepcional na comparação com a média européia, que é de apenas 24%. A receita de bilheteria por clube da ASL aumentou de 4,3 milhões em 2003/04 para 7 milhões em 2007/08.
A segunda maior fatia da receita (21,2%) vem da transferência de jogadores. O saldo obtido com venda de passes saltou de 9 milhões de francos em 2003 para 28,2 milhões no ano passado.
O campeonato suíço é um tradicional trampolim para quem quer jogar em grandes clubes europeus. Segundo estimativas de peritos, os salários anuais pagos pelos clubes helvéticos oscilam entre 800 mil e 1,5 milhão de francos.
Altos custos de pessoal
No lado das despesas, os gastos com pessoal são o fator dominante segundo a Le Magazine. Na média por clube, eles aumentaram de 6,5 milhões em 2003/04 para 10,4 milhões na temporada passada – um aumento de 60%.
O interessante nessa área, segundo observa a revista da ASF, é que os gastos com o aparato burocrático dos clubes explodiram (aumento de 94% em cinco anos), enquanto as despesas com passes de jogadores cresceram 54%.
“Essa evolução se deve, em parte, à reformulação dos novos estádios da Super Liga, que provocou um aumento dos custos com pessoal e setores adjacentes”, observam os autores da publicação.
Na reforma da Liga, em 2003, os dez clubes da primeira divisão se comprometeram a construir modernos estádios até 2010. Quem não cumprir essa exigência está ameaçado de rebaixamento. Clubes da segunda divisão (Challenge League) não são aceitos na primeira – mesmo que promovidos em campo – se não atenderem a esse requisito técnico.
Minicampeonato suíço
Na comparação européia, os números apresentados pela Associação Suíça de Futebol são tão modestos quanto o desempenho dos clubes suíços na Liga dos Campeões ou na Copa da Uefa.
Para se ter uma idéia: o faturamento total dos dez clubes da Axpo Super Liga na temporada passada (188 milhões de francos/€ 127,2 milhões) foi inferior ao do clube alemão Hamburgo: 140 milhões de euros (confira o faturamento dos 20 maiores clubes de futebol do mundo na coluna da direita).
Outro dado que mostra a diferença colossal entre os campeonatos alemão e suíço: na Alemanha, cada um dos 36 clubes da primeira divisão recebe 412 milhões de euros por ano da venda de direitos de transmissão dos jogos pela TV. Na Suíça, essa fonte rendeu apenas 841 mil euros para cada um dos dez clubes (6,6% da receita) na temporada passada.
swissinfo, Geraldo Hoffmann
Faturamento na temporada 2007/08 (em milhões de euros):
Real Madrid: 365,8
Manchester United: 324,8
Barcelona: 308,8
Bayern de Munique: 295,3
Chelsea: 268,9
Arsenal: 262,4
Liverpool: 210,9
Milan: 209,5
AS Roma: 175,4
Inter de Milão: 172,9
Juventus Turin: 167,5
Olympique Lyon: 155,7
Schalke: 148,4
Tottenham Hotspur: 145,0
Hamburgo: 140,0
Olypimpique Marselle: 126,8
Newcastle United: 125,6
VfB Stuttgart: 111,5
Fenerbace Istambul: 111,3
Manchester City: 104,0
Fonte: Deloitte-Analyse
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