Indianos procuram clientes na Suíça
A Índia está se tornando uma meca da informática. Uma empresa indiana abriu um escritório em Zurique para convencer empresas suíças a mudarem a maneira de fazer negócios.
O intuito é demonstrar como é rentável terceirizar pelo menos parte de suas atividades para a Índia.
Krishna Nagashwaran dirige o escritório em Zurique da “Cognizant” desde sua abertura há um ano e meio. Sua missão é convencer os patrões das grandes empresas suíças a deslocalizar os departamentos de informática para a sede da “Cognizant”, na Índia.
“Essa prática aqui não é tão freqüente como nos Estados Unidos e na Grã-Bretanha mas a tendência é de alta”, explica Krishna Nagashwaran.
Bancos, seguradoras e indústria química
Quase 9 mil pessoas trabalham na sede da “Cognizant” em Chennai (novo nome de Madras, capital do estado de Tamil Nadu), na Índia. A empresa já assinou um contrato de milhões de francos suíços com o Crédito Suíço (segundo maior banco suíço) para projetar um novo banco na Internet.
Por enquanto, a empresa não quer divulgar o nome dos outros clientes suíços mas afirma alguns dos maiores bancos e seguradoras estão interessados.
Kim Rajah, vice presidente da Cognizant para a Europe acrescenta que a empresa também está em contato com a indústria farmacêutica suíça. “Algumas já trabalham conosco e esse é um setor onde a Suíça é muito forte”, afirma, sem citar nomes.
Ferrovias e correios
Segundo um relatório publicado em março pelo UBS (maior banco suíço), mais da metade das 300 maiores indústrias suíças já transferiram parte da produção para o estrangeiro.
No entanto, outro estudo da Universidade de St-Gallen demonstrou que muitas dessas empresas subestimaram as desvantagens dessas terceirizações. Os autores afirmam que não foram bem avaliados os custos de transporte e a dificuldade em manter o controle de qualidade.
Mesmo assim, especialistas estimam que as deslocalizações crescem de 30 a 40%. Recentemente, «Kassensturz», programa de defesa dos consumidores na tv suíça de língua alemã, afirmou que Novartis, Swisscom, CFF (ferrovias federais) e os correios suíços – só para citar algumas empresas – já transferiram pelo menos parte de seus departamentos de informática para a Índia.
Kim Rajah explica o fenômeno pela rigidez do mercado de trabalho na Suíça. “Existem aqui muitas empresas de dimensão muncial e faltam profissionais competentes em certos setores”, afirma o vice presidente da Cognizant.
Concorrência constante
Mesmo sendo lucrativa, a deslocalização não é vista por todo mundo com entusiasmo. Os sindicatos advertem que, se a tendência continua, muitos especialistas suíços em informática ficarão desempregados.
Citam os exemplos dos Estados Unidos e da Grã-Bretanha, onde milhares de empregos foram perdidos quanto as empresas de telefonia transferiram suas centrais para a Índia.
Esse exemplo parece pouco pertinente a Stefan Buess, da associação de centrais telefônicas suíças (Callnet) porque os serviços na Suíça são em alemão, francês e italiano.
“Na índia, é difícil encontrar pessoas que falam fluentemente nossas línguas nacionais. Existe, portanto, pouco interesse em terceirizar esses serviços”.
Mesmo se Cognizant não procura clientes no setor da telefonia, Kim Rajah acha que barreira da língua não conterá a busca pela redução de custos.
“Já existem pessoas que falam francês ou alemão em outros países e que respondem chamadas telefônicas para empresas francesas e alemãs. Isso também poderá ocorrer com empresas suíças”, adverte o empresária indiano.
swissinfo, Ramsey Zarifeh à Zurich
Tradução: Claudinê Gonçalves
– ‘Cognizant Technology Solutions’ foi fundada em 1994. Tem mais de 200 empresas clientes com faturamento de de 600 milhões de francos suíços, estimado para este ano.
– Mais da metade dos negócios da Cognizant são no setor de serviços financeiros.
– A empresa tem funcionários em três cidades indianas: Chennai, Bangalore e Hyderabad.
– Segundo estudo do UBS, 46% das 300 maiores empresas suíças deslocalizaram parte de suas atividades para o estrangeiro.
– Novartis, Swissicom, Ferrovia Federal e Correios transferiram parte de seus serviços em informática para a Índia.
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