Linhas férreas marcam Olten há 150 anos
O trem não traz apenas passageiros, mas também riqueza e reconhecimento político. Graças aos trilhos, Olten se transformou no centro da Suíça.
Para homenagear os 150 anos da primeira linha férrea, o Museu Histórico de Olten apresenta uma exposição muito especial.
Os mochileiros que estão viajando de trem pela Suíça logo descobrem uma curiosa realidade: todos os caminhos levam à Olten.
Provavelmente eles se perguntam por que a grande parte dos trens que cruzam o país dos Alpes têm de fazer uma parada nessa cidade de apenas 17.190 habitantes, localizada numa planície da região central da Suíça. Muitos passageiros são até obrigado a saltar nela para pegar outra conexões.
A resposta está numa discreta placa comemorativa pregada numa das paredes da estação, na realidade um bloco de pedra enigmático, em cuja superfície foi marcada em relevo uma cruz helvética sob um zero. Seu nome é “Quilômetro Zero” e foi pregada no local no século XIX, lembrando que a contagem de quilômetros começa para os condutores de trem a partir de Olten.
Olten é um dos mais importantes centros de conexão dentro da malha da Rede Ferroviária Suíça. Nesse pequeno ponto no mapa helvético, se cruzam os eixos norte-sul “Basiléia-Milão”, leste-oeste “Genebra-St. Gallen” e várias outras linhas regionais da Rede Ferroviária Suíça (SBB, na sigla em alemão).
Sua bela estação recebe a cada meia-hora locomotivas e vagões, de onde saltam apressados passageiros à procura das suas conexões. Porém a maior parte não chega nem a saltar para dar uma olhada na pequena cidade.
Começo em 1856
A falta de interesse de alguns passageiros não é problema para Olten. A maior parte dos seus habitantes sabe que a cidade é importante para a SBB e isso não apenas pelo fato de ser um centro de conexão, mas também por abrigar o centro de controle e também de reparo de todos os trens e vagões da empresa.
E para lembrar suas tradições ferroviárias, os curadores do Museu Histórico de Olten decidiram destacar uma história iniciada em 9 de junho de 1856. Nessa data, a antiga “Companhia Central de Trens” havia inaugurado sua primeira linha, que ia de Aarau, passando por Olten e terminando em Emmenbrücke, povoado nas proximidades de Lucerna. O objetivo era diminuir o tempo gasto entre Basiléia e o desfiladeiro do Gotardo, o portal em direção à Itália.
Aberta em 23 de março, a exposição é dedicada aos 150 anos da linha férrea em Olten. Ela ocupa algumas das salas do pequeno Museu Histórico e apresenta muitos objetos curiosos.
No primeiro andar o visitante vê modelos em escala reduzida de trens, incluindo uma rede ferroviária em miniatura, com estações, locomotivas e vagões em funcionamento. Ela mostra como é possível administrar o funcionamento das máquinas, sem que elas se colidam, através de relés e outros sistemas especiais.
Estrangeiros
A exposição também mostra fotos e outros objetos históricos, que mostram como a construção das linhas e túneis trouxe centenas de estrangeiros para Olten. A grande maioria deles foi morar em locais construídos especialmente para eles como “Tripolis”, em Trimbach. Lá os habitantes dispunham até de correio próprio. Mais tarde, os estrangeiros iriam se estabelecer na Suíça e se integrar no país.
Os diversos instrumentos expostos mostram que Olten era o centro para um grande número de operários especializados, como os que instalavam os trilhos ou consertavam trens. A cidade também era sede de firmas conhecidas como a “Schweizerische Speisewagengesellschaft” (Sociedade Suíça de Vagões-Restaurantes), que dentre outras, também preparava os cardápios para trens da legendária linha “Trans Europ Express” (TEE), trens-expresso que viajavam pelos países da antiga Comunidade Econômica Européia e a Suíça apenas com vagões de primeira classe.
E finalmente, para marcar também o aspecto social do tema, os expositores exibem também uma série de objetos das diferentes associações profissionais dos trabalhadores ferroviários. Dessa forma é possível descobrir que essa unida classe também era capaz de se organizar não apenas para defender seus direitos, mas para manter seus próprios clubes de esqui, hockey, cinema, fotografia e até arte. Afinal, nada melhor do que aproveitar a solidão das cabine de comando ou nas estações para se inspirar.
swissinfo, Alexander Thoele
Desde 1999, a Rede Ferroviária Suíça (SBB, na sigla em alemão) deixou de ser uma estatal para se transformar numa sociedade anônima. Porém o governo continua proprietário de 100% das ações.
Em 2005, a SBB transportou 275,9 milhões de passageiros e 58 milhões de toneladas de mercadoria.
A SBB tem 28 mil funcionários. Cerca de 200 devem ser demitidos nos próximos anos.
Olten é considerada um dos mais importantes centros de conexão para passageiros dentro da malha ferroviária suíça.
Endereço da exposição:
Museu Histórico de Olten
Konradstrasse 7, 4600 Olten
Telefone: 0041 – 62 – 212 89 89
Em 2005, o faturamento da SBB foi de 7,088 bilhões de francos, o que corresponde a um aumento de 1,1%.
Apesar do aumento do número de passageiros, a empresa teve no mesmo ano um prejuízo de 166,3 milhões de francos.
O governo subvencionou a SBB com 1,2 bilhões de francos (-132,2 milhões em relação a 2004).
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