Mais problemas para Champagne
Os habitantes de uma pacata cidadezinha suíça vivem tendo problemas devido o registro da marca "champagne", pelos franceses.
Agora é uma padaria local que é atacada em justiça pour causa de um salgadinho comercializado com o nome “receita de Champagne”.
Depois dos vinhos, agora é a “flauta de Champagne” que causa dor-de-cabeça aos habitantes de Champagne, uma pacata cidadezinha do Cantão de Vaud, oeste da Suíça. A “flauta” é um salgadinho comprido, feito de massa folhada e muito apreciado como aperitivo em vários países europeus.
Acontece que os defensores franceses da bebida com o mesmo nome da cidade suíça atacam a padaria suíça para impedí-la de comercializar o salgadinho com o nome Receita de Champagne.
“Somos acusados de morar num vilarejo que se chama Champagne e de utilisar o nome”, afirma Marc-André Cornu, dono da padaria em questão que tem uma filial na cidade francesa de Besançon. Ele acrescenta que as “flautas” são comercializadas com a indicação da proveniência desde 1934.
“Isso pode confundir a marca “Champagne”, protegida em toda a Europa”, afirma Michel Gutknecht, do Centro de Informação Suíço do vinho de Champagne.
Um caso franco-suíço
O padeiro suíço argumenta que não há qualquer confusão possível entre seu produto e a famosa bebida francesa. “Nesse caso, não vejo como podem nos acusar de enganar o consumidor”. Aliás, ele acha que vai ganhar o processo na justiça francesa.
Para o Comitê Interprofissional do vinho de Champagne, que entrou com o processo na justiça, em Paris, o caso é franco-francês porque as “flautas” também são produzidas na cidade francesa de Besançon e não podem ter a denominação “de Champagne”.
Marc-André Cornu considera esse argumento como pretexto. “Já fomos atacados em justiça uma vez, em 1991, e, naquela época, não tínhamos a filial francesa; tudo era fabricado aqui”.
Contextos diferentes
Na época, a padaria ganhou a causa com apoio do Ministério suíço da Justiça, que considerava justamente que não havia confusão possível. “Hoje vamos sózinhos ao combate”, lamenta o padeiro Marc-André Cornu.
De lá para cá, o contexto mudou com a assinatura dos acordos bilaterais entre a Suíça e a União Européia. O tratado contém uma cláusula que proíbe desde 1° de junho de 2004 a denominação vinhos de Champagne para os vinhos produzidos no vilarejo suíço.
Durante as negociações desses acordos, assinados em 1999, houve pressões até do presidente francês Jacques Chirac, para proibir a denominação dos vinhos suíços.
Os viticultores suíços recorreram contra essa cláusula na Corte Européia de Justiça, em Luxemburgo, mas o processo ainda não houve julgamento. Enquanto isso, o vinho do vilarejo está sendo vendido com denominação “Livre-Champ”.
swissinfo com agências.
A padaria Cornu SA tem faturamento de 20 milhões de francos suíços por ano (10 milhões na Suíça e 10 milhões na França).
Em comparação, cerca de 280 milhões de garrafas de champagne são vendidas por ano, com faturamento de vários bilhões de francos.
– As “flautas de Champagne” são comercializadas com essa denominação desde 1934.
– Para o Comitê Interprofissional francês do vinho de Champagne, o problema é a produção da filial francesa da padaria suíça, em Besançon, que usa “abusivamente”, o nome champagne. Daí a queixa na justiça francesa.
– Desde a ratificação dos primeiros acordos bilaterais entre a Suíça e a União Européia, uma cláusula proíbe de junho de 2004 a denominação “vinhos de Champagne” para os vinhos produzidos no vilarejo suíço.
– Os viticultores recorreram contra essa cláusula na Corte Européia de Justiça, em Luxemburgo mas o recurso ainda não foi julgado. Enquanto isso, os vinhos estão sendo vendidos com a denominação “Livre-Champ”.
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