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Montadoras começam a se preocupar com o meio ambiente

O eXasis da Rinspeed, linha futurista e movido a etanol. Keystone

Embora ainda em pequena proporção, a preocupação com o meio ambiente entrou pela porta da frente na 77a edição do Salão Internacional do Automóvel de Genebra.

Motores híbridos, etanol, gas, agora são expostos pelas grandes montadoras que, no entanto, também continuam a expor e vender bólidos que consomem muita gasolina.

Durante anos no Salão Internacional de Genebra – o único grande salão anual – os veículos movidos a combustíveis alternativos tinham um carácter exótico e eram confinados a um espaço reservado que só as raras pessoas interessadas eram capazes de encontrar.

Essa situação começou a mudar com o relativo sucesso comercial do Toyota Prius, um híbrido elétrico-gasolina. A novidade em 2007 é a “descoberta” do filão ecológico pelas outras grandes montadoras, sinal que elas estão investindo em desenvolver novas tecnologias, até porque não podem deixar o campo livre ao líder japonês.

Experiências no Brasil

“O Brasil tornou-se um terreno fértil de experiências também para a Peugeot”, afirmou a swissinfo o diretor geral da marca francesa, Frédéric Saint-Geours, presente no Salão de Genebra. “Nós também temos os motores flex e grandes expectativas no biodisel para o mercado brasileiro. Na Europa ainda não porque não é possível produzir biocombustível em grande escala por causa do clima e da falta de espaço”, acrescenta o diretor da Peugeot.

Para Rolf Studer, diretor do Salão de Genebra, o desenvolvimento de novas tecnologias é uma preocupação maior das montadadoras. Eles querem limitar as emissões de CO2 e assim lutar contra o aquecimento global.

Recentemente a Renault criou um departamento de luta contra o CO2 e o presidente do grupo, Carlos Ghosn, declarou que “está em preparação uma paleta completa de tecnologias alternativas”.

“Os carros híbridos têm uma presença importante este ano e já existem cerca de 40 modelos que funcionam com energias ou motores alternativos”, afirma Rolf Studer.

A sueca Saab apresenta o BioPoweer 100, que roda com etanol puro. Honda traz um esportivo híbrido e a Wolkswagen o Passat BlueMotion. Tem ainda o Hybrid X, protótipo da Toyota.

Os ecologistas são céticos

Os ecologistas não acreditam nos argumentos da indústria automobilística. A ala jovem do Partido Verde de Genebra pretende lançar uma iniciativa popular para probir o tráfego dos grandes SUV 4×4, muito presentes nas ruas e estradas suíças e também no Salão 2007.

Os ecologistas reconhecem que o consumo de veículo de uma tonelada caiu 25% entre 1990 e 2005 mas que o volume do tráfego cresceu 29% no mesmo período.

Jacques Grinevald, professor na Universidade de Genebra e defensor da teoria do decrescimento afirma que é preciso produzir “carros mais leves, consumindo menos, com menor aceleração e velocidade. Os veículos durariam mais e haveria menos acidentes; o problema é que isso não interessa à lógica do crescimento econômico”, afirma.

Lenta tomada de consciência

Fundador dos carros alternativos suíços Rinspeed, Frank Rinderknecht lembra que os primeiros carros “verdes” surgiram na Europa há apenas seis ou sete anos e que é preciso tempo para a indústria e o automobilista se adaptarem aos carros mais econômicos em combustível.

Para ilustra o que afirma, Rinspeed apresenta este ano oeXasis, um veículo leve, transparente e pouco poluente.

Mas parece que, de repente, há uma certa urgência, certamente por causa da maior sensibilidade do consumidor mas também da alta do petróleo. Um estudo britânico recente indicou que 83% dos automobilistas estão preocupados com o meio ambiente.

Além disso, as montadoras não detém todas as chaves do problema. Elas não controlam a distribuição de combustíveis e são obrigadas adaptarem-se às normas ditadas pelos Estados, que poderiam, por exemplo, tomar medidas fiscais para estimular o uso de tal ou tal combustível.

A Europa – e a Suíça – baniu há anos o chumbo da gasolina. A Comissão Européia ditou normas severas de redução de gases para os carros novos. O objetivo é reduzir as emissões dos novos veículos de um quinto, em cinco anos. Há ainda o caso da Califórnia, o mais ecológico dos Estados Unidos.

Muitos decidem no Salão

O diretor Rolf Studer acha difícil avaliar a que ponto as alterações climáticas e os salões influenciam as montadoras, mas acha provável que os motores híbridos, associando eletricidade e combustíveis tradicionais, atraiam muitos visitantes do São do Genebra.

Dos cerca de 700 mil que visitarão a exposição até 18 de março, uma média de 10% (70 mil compradores) decidirão ali o carro que comprarão nos meses seguintes.

swissinfo, Claudinê Gonçalves, Genebra

O 77° Salão de Genebra ocupa uma área de 77 km2 e 250 expositores.
Os organizadores esperam 700 mil visitantes do mundo inteiro.
Geralmente, 40% são estrangeiros de quase 80 países.
Este ano são anunciadas 80 novidades mundiais e européias.
O Salão de Genebra está aberto até 18 de março.

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