Negociações agrícolas avançam na OMC
Na reunião ministerial na China houve progressos nas negociações agrícolas lançadas em Doha, no Catar, em 2001.
Mas, segundo o embaixador e negociador suíço, Luzius Wasescha, os suíços lamentam a estagnação nas negociações sobre os produtos industrializados.
Reunidos terça e quarta-feira na cidade chinesa de Dalian, 32 ministros do comércio (entre eles o ministro suíço da Economia, Joseph Deiss), adotaram uma proposta do G20, grupo dos países emergentes e exportadores de produtos agrícolas, incluindo o Brasil.
A proposta define normas para negociar uma baixa de tarifas alfandegárias para os proudutos agrícolas, um dos ítens mais litigiosos entre os países do Norte e do Sul.
O texto foi apoiado pelos Estados Unidos e pela União Européia e deverá permitir aos técnicos da Organização Mundial do Coméricio (OMC), em Genebra, definirem modalidades concretas para uma liberalização do setor.
No entanto, o secretário geral da OMC, Supachai Panitchpakdi considera o progresso insuficiente e pede um salto qualitativo para garantir o sucesso do ciclo de Doha, para acentuar e organizar a liberalização do comércio internacionl.
“Obtivemos avanços em certos setores mas, para cumprir o programa de trabalho prvisto até a conferência ministerial de dezembro, em Hong Kong, muito resta a fazer”, afirma o tailandês.
“A proposta do G20 é muito construtiva e provocou um certo dinamismo, embora não tenha permitido avançar em todos os setores”, acrescenta o porta-voz da OMC, Keith Rockwell.
Estagnação nos produtos industriais
Concretamente, o G20 propôs uma “fórmula” de redução de tarifas que teriam um teto máximo 100% para os países ricos e 150% para os países em desenvolvimento.
Os ministros presentes em Dalian ficaram geralmente satisfeitos com a proposta.
Contudo, os negociadores suíços soblinharam que o “estatus quo” nas questões industriais. “Houve progresso no setor agrícola mas nenhum nos produtos industriais”, afirmou o embaixador Luzius Wasecha, chefe da delegação suíça para os acordos comerciais.
Ele critica sobretudo o Brasil, a Índia e a Argentina que, segundo ele, querem uma fórmula ao mesmo tempo pouco impositiva e flexível.
De acordo Wasecha, duas correntes se opõem nessas negociações. “Os exportadores agrícolas creem que podem impor uma liberalização radical da agricultura, enquanto países como a Suíça, o Japão e da União Européia defendem um modelo multifuncional da agricultura e um processo progressivo de liberalização”.
Ele ressalta que a Suíça procura manter um equilíbrio entre seus compromissos assumidos na OMC e o processo de reforma interna da agricultura suíça.
“Se os exportadores agrícolas mantiverem exigências muito altas, não teremos, na Suíça, uma maioria favorável à reforma da agricultura; nesse caso, os exportadores agrícolas ganharão menos do que ganhariam se fosse mais flexíveis. Mas acho que eles, infelizmente, ainda não entenderam isso”, explica o chefe dos negociadores suíços.
Concessões de ambos os lados
Por sua vez, o ministro da Economia, Joseph Deiss, insiste sobre a importância dos outros setores. “Melhorar o acesso au mercado interessa a todos os países”, afirma. De fato, 90% dos produtos comercializados são industriais e de serviços e 10% de produtos agrícolas. Dos 90% em questão, metade das trocas ocorrem entre países em desenvolvimento.
“Estamos dispostos a fazer concessões no setor agrícola mas isso só terá sentido se obtivermos compensações em outros setores”, adverte o ministro.
swissinfo com agências.
Lançado em novembro de 2001, o ciclo de Doha deveria ter sido concluído em 2004.
Mas as negociações chegaram a um impasse na conferência ministerial de Cancun, em setembro de 2003.
Os membros da OMC esperam agora concluir as negociações até o final de 2006.
Joseph Deiss, acompanhado por um grupo de empresários, está em visita oficial na China desde 14 de julho.
Em Pequim, tem reuniões como o vice-primeiro ministro Zeng Peiyan, com o ministro do Comércio Bo Xilai, com o vice-ministro da Comissão Nacional do Desenvolvimento, Zhu Zhikin e com o prefeito Wang Qisham.
Em Shangai, o ministro da economia tem encontros com autoridades locais e visitará empresas.
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