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No topo da Europa

Um turista japonês tira fotos do monte Jungfrau. swissinfo.ch

O "Jungfraujoch" é uma das atrações turísticas mais conhecidas da Suíça. Localizada a 3.454 metros acima do mar, a estação de trem é também uma maravilha da engenharia moderna.

swissinfo mostra porque milhares de turistas asiáticos escolhem esta destinação durante suas férias no país dos Alpes.

O céu em Interlaken, cidade turística localizada nos pés dos Alpes suíços a 567 metros acima do mar, começa a abrir às sete da manhã durante o outono. Na estação de trem, dezenas de turistas chineses e japoneses já estão mais do que despertos e prontos com suas câmaras nas mãos.

Eles aguardam ansiosos a chegada do trem que os irá levar para o Jungfraujoch, a atração turística também conhecida como “Top of Europe” (Topo da Europa), a estação de trem mais elevada da Europa, localizada a 3.454 metros acima do nível do entre duas das mais imponentes montanhas dos Alpes: Mönch (4.107 metros) e Jungfrau (4.158 metros). A beleza da região fez com que a própria Unesco a declarasse patrimônio natural da humanidade.

Quando o trem chega, a excitação é grande no grupo. Muitos turistas pagaram caro para fazer o passeio, porém ele promete dar aos seus participantes a chance de se sentir como alpinistas. Em apenas algumas horas, eles estarão no cume das grandes montanhas sem passar o risco de despencar por um desfiladeiro ou enfrentar tempestades de neve.

Cenas do paraíso

Os turistas trocam de trem no pequeno povoado de Lauterbrunnen. Durante a viagem, o cenário visto pelas janelas é de sonhos: chalés típicos, pastos verdejantes, vacas com os típicos sinos dourados e, cobrindo todo o horizonte, a presença imponente das montanhas cobertas de neves eternas.

Para muitos asiáticos, esse é um pedaço do paraíso. Suas máquinas fotográficas são acionadas a cada segundo sem pausas. Ninguém quer perder as melhores imagens. Os guias, já acostumados com essas situações, contam em japonês, chinês ou inglês histórias da Suíça e dos Alpes.

O penúltimo ponto chama-se “Kleine Scheidegg”, na realidade uma bonita estação de esqui que, por estar a 2.320 metros acima do nível do mar, quase sempre está coberta de neve. Nesse local os turistas saltam e têm o primeiro choque ao vislumbrar o contraste do céu azul com o sol batendo na montanha Jungfrau.

A viagem continua através de uma linha especial de trem que os levará até o cume. Para subir a imensa parede, a locomotiva e as composições são do tipo “cremalheira”, uma linha ferroviária com trilhos dentados, no qual engrenam as rodas motrizes, também dentadas, das locomotivas, e utilizados em rampas muito fortes.

Atração internacional

Essa linha especial de trem, gerida pela companhia “Jungfraubahn”, foi inaugurada em 1912. A obra necessitou dezesseis anos de contrução. Os operários e engenheiros, suíços e imigrantes, trabalharam nas mais adversas condições climáticas, com temperaturas médias de 8 graus negativos e correndo risco provocados pelos raios, avalanches de neves e ventos com até 250km/h de velocidade, para criar um caminho de 12 quilômetros, abrir o túnel de sete quilômetros e montar a estação.

Hoje em dia, o Jungfraujoch é um complexo moderno, que inclui não apenas as duas paradas panorâmicas cravadas na pedra da montanha, mas também a estação com restaurantes, lojas, correio, museu e também instalações científicas como observatório, estações meteorológicas e de pesquisa.

Anualmente, meio milhão de turistas, mais da metade originários de países asiáticos, pagam até 172 francos suíços (US$ 131) para o trajeto entre Interlaken e o Jungfraujoch. Diariamente, os trens carregam até quatro mil passageiros diariamente para o cume da montanha.

“Palácio de Gelo”

Ao chegar na estação final, os turistas recebem o ar frio dos Alpes. Diversas placas mostram os caminhos a seguir. O Jungfraujoch é, na realidade, um complexo cravado dentro da rocha e do gelo.

Uma das primeiras paradas é o “Palácio de Gelo”, uma galeria de túneis e câmaras escavadas diretamente na geleira do Aletschgletscher que, nos seus 24 quilômetros de comprimento, é a maior dos Alpes. Passear por ela é como estar num congelador. Porém mesmo as temperaturas abaixo de zero não tiram o ânimo dos turistas, sobretudo pelas estátuas esculpidas no gelo.

O passeio dura uma média de cinco horas. Como pontos de observação, o complexo alpino oferece uma plataforma, onde o cume das montanhas pode ser mais bem observado, e o “Sphinx”, um prédio localizado a 3.571 metros acima do mar, o ponto mais alto do Jungfraujoch. Ele abriga não apenas a plataforma utilizada pelos turistas para tirar fotos, mas também um observatório especializado em astronomia, astrofísica e observação das radiações cósmicas.

Falta de ar

Quando bate a fome, os turistas asiáticos visitam um dos restaurantes do complexo. Um deles é especializado em comida indiana. Batizado de “Bollywood”, o local homenagea as estrelas de cinema do país, que já utilizaram muitas vezes as montanhas suíças como fundo para as cenas românticas e musicais.

Depois, a grande pedida é ver a neve. Para uma grande maioria dos estrangeiros, essa é a primeira experiência de tocar os flocos brancos com os dedos.

Ao descer de elevador da estação “Sphinx”, os turistas atravessam um túnel que os leva para fora da montanha. Lá eles podem caminhar durante 45 minutos por cima da geleira até alcançar um abrigo de montanhas, também o mais alto da Suíça.

O passeio parece fácil, porém em poucos minutos a maior parte desiste. O ar rarefeito cansa o corpo. Para muitos, cada passo se transforma num martírio. Cansados, indianos, chineses e japoneses preferem fazer guerras de bolas de neve ou sentar-se para bronzear no sol.

Os poucos que alcançam o abrigo, descobrem um lado mais folclórico da Suíça, sem a “high-tech” do Jungfraujoch. No seu interior, o pequeno restaurante lembra um chalé alpino e serve de descanso para alguns guias de montanha, que depois das caminhadas, sentam-se para comer um bom prato de sopa.

Depois de cinco horas de passeio, o trem volta a descer a montanhas. Devido à mudança de altura, surge um outre efeito: o sono. A maior parte acaba cochilando até chegar à primeira parada.

swissinfo, Alexander Thoele

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