OCDE ainda não está satisfeita com a economia suíça
Apesar do sólido crescimento econômico registrado na Suíça desde 2004, a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) insiste na necessidade de acelerar as reformas.
Segundo a OCDE, o crescimento é limitado pela fraca concorrência no mercado interno e pelo índice de produtividade muito modesto.
Em seu relatório 2007 sobre a situação econômica da Suíça, publicado terça-feira (06), a OCDE afirma que o país deve prosseguir as reformas se quiser manter a fase atual de crescimento. Sem isso, o nível de vida da população poderia ser afetado a médio prazo.
Portanto, a economia suíça registra há alguns anos taxas de crescimento que ultrapassam a média dos últimos vinte anos. Em 2005, o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu 1,5% e no ano passado, 2,7%.
Essa evolução não foi ignorada pelos especialistas da OCDE, mas elas observam que certos fatores que estimularam o crescimento atual podem ser temporários.
como exemplo, a organização sediada em Paris cita a desvalorização do franco suíço, que beneficia as indústrias exportadoras e a fase atual do mercado de capitais, que favorece a intermediação financeira.
Desmantelar, liberalizar
Se comparamos as conclusões com o relatório precedente, de janeiro de 2006, a OCDE repete que os preços são altos na Suíça em relação aos de outros países com alto poder aquisitivo. Além disso, se a Suíça continua sendo um dos países da OCDE em que o PIB por habitante é dos mais altos, o nível de produtividade é “médio”.
Quanto à situação no mercado interno suíço, o relatório sublinha que a fraca concorrência reinante é debilitante. A OCDE deduz que o ritmo das reformas iniciadas pelo governo em 2004 é muito lento e que os entraves ao comércio ainda são muito numerosos.
Nos setores de rede – eletricidade, ferrovias, correios, telecomunicações – a OCDE constata que as condições atuais não oferecem as mesmas possibilidades entre as antigas e as novas operadoras.
Na agricultura, os progressos também são muito lentos para desmantelar os obstáculos à concorrência, nota a OCDE. A Suíça deve, por conseguinte, eliminar suas subvenções à produção e as barreiras à mudança do regime fundiário, julga a organizaçao.
Além da aceleração das reformas iniciadas, a OCDE preconiza aumentar os poderes e os recursos da Comissão da Concorrência (COMCO).
Mais rigor nas despesas
Outro ponto crítico para a Suíça é o aumento dos gastos sociais obrigatórios. O resultado é que as finanças públicas não são utilizadas da melhor maneira para estimular o crescimento potencial do país, julga a OCDE. Ela recomenda, portanto, um maior controle das despesas para melhor investir os recursos públicos.
No setor de financiamento hospitalar, a organização recomenda mudar o sistema atual de competência dividida entre as seguradoras e os cantões. Ela gostaria ainda que os aposentados por invalidez sejam incitados e voltar ao mercado de trabalho.
Na mesma área, o sistema de aposentadoria mínima (AVS) será deficitário a partir de 2015 devido fatores demográficos (envelhecimento da população), constata a OCDE. Para garantir a viabilidade, é essencial reforma fiscal, das cotizações e do número de tempo de cotização.
Maior abertura aos imigrantes
As recomendações não param por aí. A OCDE observa que o mercado de trabalho suíço deve se abri mais aos imigrantes. A Suíça poderia assim aproveitar melhor da contribuição potencial deles para a prosperidade nacional.
Apesar dos esforços de integração, disparidades sensíveis subsistem de salários e emprego entre suíços e estrangeiros. Outro problema é que os resultados escolares dos filhos dos imigrantes são geralmente inferiores.
Para solução, a OCDE recomenda facilitar o reconhecimento de diplomas estrangeiros e maior incitação para que os estrangeiros aprendam as línguas nacionais. É preciso ainda ampliar o acesso das crianças estrangeiras ao ensino pré-escolar e um sistema de ensino menos seletivo no secundário, segundo a OCDE.
swissinfo com agências
A OCDE é um organismo internacional criado em 1961. Ela substituiu a Organização Européia de Cooperação Econonômica, criada logo depois da Segunda Guerra Mundial para administrar a ajuda à reconstrução fornecida pelos Estados Unidos como parte do Plano Marshall.
Trinta países, inclusive a Suíça, são membros da OCDE. A organização, cujo secretariado está em Paris, visa reforçar a economia dos Estados-membros, promover a economia de mercado e contribuir para o crescimento dos países industrializados e em vias de desenvolvimento.
Uma das principais atividades da OCDEA é pesquisar temas econômicos, sociais e ambientais e proporcionar uma visão de conjunto a partir de dados de um único país.
KOF
2007: +2,8%
2008: +1,9%
SECO (Secretaria Federal de Economia)
2007: +2,3%
2008: +1,9%
UBS
2007: +2,6%
2008: +2,3%
BAK (Basel Economics)
2007: +2,7%
2008: +2,3%
Banco Central Suíço
2007: +2,5%
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