Pequenas e médias empresas sustentam a economia suíça
As pequenas e médias empresas, quase sempre com menos de 10 empregados, geram 70% dos empregos nacionais.
Em 2006, elas se queixam da burocracia que consideram complexa e excessiva. Elas estão prontas para o debate acerca da redução da carga tributária.
As mais conhecidas são as multinacionais suíças. Seis delas acabam ser listadas entre as 100 maiores empresas européias.
As outras são mais discretas, embora muito ativas. As pequenas e médias empresas (PME) constituem o eixo central da economia suíça e européia. Elas não são cobiçadas pelas agências de publicidade mas constituem 99,7% da produção do país.
As PME – com menos de 250 empregados – competem com as 1.100 grandes empresas da Suíça mas empregam duas vezes mais.
Por causa disso, facilitar a gestão e proporcionar possibilidades de multiplicar o número de pequenos empresários estão entre as prioridades econômicas há quinze anos.
Banco e futuro
Para crescer e funcionar, as empresas precisam de financiamento.
Em 2006, a relação entre as PME e os bancos suíços tem sido positiva, segundo dados da Divisão Federal de Estatística (OFS), entre outras razões porque o sistema financeiro está em expansão.
Mesmo assim, com freqüência os bancos exigem das empresas de pequeno porte métodos de avaliação de riscos complexos e sofisticados que nem sempre elas podem apresentar devido os custos financeiros.
Segundo pesquisa feita pela Secretaria Federal de Economia (SECO), em 2005 60% das PME suíças consideravam safistória sua relação com os bancos, 15% suficiente e 25% afirmaram que a qualidade do financiamento podia melhorar.
Os empréstimos médios para as PME vão de 50 mil a 2 milhões de francos suíços, no primeiro ano de atividade.
Microempresas femeninas
Na Suíça 9 em cada 10 empresas são PME e um terço são criadas e admnistradas por mulheres. Outro dado interessante é que metade das empresas criadas por mulheres são micro, ou seja, com menos de 20 empregados.
Quase sempre estão no setor de serviços. A microempresária geralmente tem de 25 a 41 anos, é mãe de dois filhos, precisa conciliar a vida profissional com a familiar e seu objetivo principal é a independência financeira.
Um dos aspectos que a Seco mais destaca é que 70% jamais haviam administrado um negócio e se baseiam na confiança que saberão fazê-lo pela experiência que adquiriram na gestão de seus próprios lares.
Contra ventos e marés
Na semana passada, a Secretaria Federal de Economia (SECO) divulgou uma pesquisa realizada junto a pequenas e médias empresas como parte de uma série de estudos de simplificação administrativa.
Os patrões de PME opinaram sobre a burocracia administrativa e os encargos a que são submetidos. A conclusão é que 60% deles acham que o tempo investido para cumprir os trâmites é razoável.
A pesquisa consultou 3 mil responsáveis de PME durante o primeiro semestre de 2006, grupo representativo do universo nacional de pequenas empresas.
As PME suíças afirma que dedicam, em média, 41,3 hs de trabalho por ano, por empregado, para atender as exigências administrativas impostas pelo Estado.
O resultado vai na direção de um relatório aprovado pelo governo federal (Conselho Federal) em janeiro passado, a fim de simplificar a vida das empresas, iniciativa lançada pelo então mininstro da Economia, Joseph Deiss.
Mesmo se 60% ainda consideram os encargos razoáveis, 40% acham que a carga administrativa é demasiada.
O mais difícil
Os 40% das empresas que mais se quixam são as menores (menos de 4 empregados) porque têm de dedicar 60 hs anuais por empregado para cumprir com suas obrigações com o governo helvético, apesar do faturamento ser inferior 100 mil francos suíços anuais.
Os ítens mais criticados são os seguros, aposentadoria e invalidez e as exigências em matéria de importação e exportação de produtos.
No entanto, dada a importância que elas têm para a economia, uma das últimas missões de Joseph Deiss como ministro da Economia foi promover uma reforma que deverá reduzir a carga tributária das PME mas que causa controvérsia entre distintos setores econômicos.
O debate atual
Neste mês de outubro (06./10), a Câmara dos Deputados aprovou uma iniciativa para dominuir a carga tributária das PME de 50% dos impostos que incidem sobre lucros, dividendos e excedentes ligados à fortuna comercial.
Em julho passado, o Senado havia tomado a mesma decisão. A idéia é eliminar a dupla imposição das empresas cujos lucros são registrados duas vezes, como pessoa física e como pessoa jurídica.
Porém, a dedução só será possível se os acionistas detém menos de 10% da empresa.
A reforma custará 70 milhões por ano aos cofres do governo federal,700 milhões aos cantões e por volta de 150 milhões ao sistema de aposentadoria mínima (AVS) e invalidez (AI).
Os partidos de direita são favoráveis à medida porque consideram que os recursos serão compensados pelo dinamismo econômico e a geração de empregos.
A esquerda e os sindicatos acham a decisão injutificada e preparam um referendo que será debatido em 2007.
Enquanto isso, milhares de PME continuarão a abrir suas portas diariamente, oferendo serviços e gerando empregos em uma uma economia que não poderia viver sem elas.
swissinfo/Andrea Ornelas
A lei federal para as sociedades de capital de risco – em vigor desde 1° de maio de 2000 – foi criada para estimular a criação de novas empresas, com simplificações administrativas e acesso a financiamento, especialmente para as PME.
Praticamente nos cinco continentes as pequenas e médias empresas são o eixo do sistema produtivo. Na Europa, concretamente, representam 80% da produção e dois terços dos empregos.
Na Suíça, o Fórum PME – constituído em dezembro de 1998 – é formado por especialistas que assessoram as PME examinando projetos e oferecendo fórmulas de crescimento à medida de suas necessidades administrativas e capacidades financeiras.
Na Suíça existem 364 mil pequenas e médias empresas em 2006.
Geram 70% dos empregos do país, ou seja, 2,8 milhões de postos de trabalho, entre tempo parcial e integral.
Das PME criadas por mulheres, 72% estão nos setor de serviços: comércio (27%), saúde e serviços sociais (23%), imobiliário (14%), hotelaria (10%), educação (6%), etre outros.
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