Por que a Suíça é tão cara?
O chocolate Snickers custa na Alemanha 0,45 US$. Na Suíça o consumidor precisa pagar um quase o dobro: 0,87 US$.
Uma câmara digital Sony custa na Alemanha 337 dólares à menos do que na Suíça e o perfume Hugo Woman da Hugo Boss 17 dólares mais barato.
Mesmo um produto tipicamente suíço como o relógio “Skin Chrono” da Swatch, produzido localmente, custa na Suíça 10 dolares a mais do que no país vizinho.
Suíços gostam de comprar nos países vizinhos
A grande diferença de preços entre a Suíça e seus países vizinhos é conhecida. Normalmente, aos sábados e dias livres, os suíços costumam pegar suas sacolas e ir para a França ou a Alemanha fazer as compras da semana.
Segundo uma pesquisa da rede de supermercados Coop, segunda maior do país, os suíços gastaram 933 milhões de dólares em 2001 comprando gêneros alimentícios nos países fronteiriços.
Esse esforço do suíço em comprar fora pode ser facilmente compreendido. Analisando os resultados de uma outra pesquisa, publicada no final de setembro pela OECD (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico).
Nela a Suíça surge como o terceiro país mais caro no setor de alimentos, bebidas e tabaco de toda a Europa, depois da Noruega e da Islândia. Os suíços pagam 38% mais caro que a média européia.
Altos salários, custos altos
A explicação para essa disparidade está na situação particular da economia Suíça. O país tem um dos maiores PIBs (Produto Interno Bruto) per capita do mundo.
O nível salarial é também considerado um dos mais elevados: segundo a agência de pesquisas estratégicas Avenir Suisse, de Zurique, a renda média do suíço é de 3.472 US$. Por isso, é compreensível que esses valores acabem também refletindo nos preços.
Porém, essa não é a única explicação. Ao mesmo tempo que os custos aumentam os preços na Suíça, a atuação de cartéis públicos e privados também ajudam a tornar o país um dos mais caros para se viver no mundo.
Acordos verticais são comuns
Acordos verticais entre fabricantes, distribuidores e vendedores, muito comuns na Suíça, fazem com que monopólios em diversos setores, como o dos automóveis, determinem os preços dos produtos a serem vendidos no país.
Por exemplo, se um pequeno revendedor de carros tenta comprar modelos da Mercedes ou BMW na Alemanha ou França, onde os preços são menores, ele acaba recebendo uma recusa dos fabricantes nesses países, que delegaram a uma só empresa of monop’olio de importação para a Suíça.
Segundo um estudo da Universidade de Zurique, publicado no inicio de setembro, o consumidor suíço tem de pagar até 20% a mais nos produtos importados, do que se eles fossem comprá-los diretamente no exterior.
Isso significa que se, no ano passado, os suíços compraram 26 bilhões de dólares de mercadorias no exterior, eles acabaram gastando 5,3 bilhões de dólares a mais.
“Monopólios estatais”
Outra explicação para os altos preços é a existência de monopólios estatais, em setores que ainda não foram privatizados ou pouco. Gás na Suíça custa, em média, 77% maiores do que na Holanda ou na Inglaterra, países onde esse setor já vive uma mais forte concorrência.
No setor de telecomunicação, a Suíça foi um dos últimos países da Europa a privatizá-lo (em 1998). Apesar dos preços para ligações de celulares terem diminuído fortemente, a Suíça é um dos países que tem a assinatura básica mensal mais cara de telefone fixo na Europa: 16 dólares por mês é o preço mínimo (13 dólares na Alemanha e na França).
Também os Correios Suíços ainda dispõe de um monopólio para cartas até dois quilos.
Avenir Suisse também identificou no seu estudo que o consumidor suíço paga 16% a mais no preço da energia do que na média européia. A
As pequenas e médias empresas são as mais prejudicadas: para elas, a energia na Suíça custa 39% a mais do que a fornecida às suas concorrentes no resto da Europa.
swissinfo/Alexander Thoele
– Até produtos suíços são mais baratos fora
– Em alimentos, bebidas e tabaco, Suíça é o 3° mais caro da Europa, depois de Noroega e Islândia
– Suíços gastam quase US 1 bilhão por ano em compras nos países vizinhos
– Monopólios estatais (gás, correio) e setores parcialmente privatizados (telecomunicações e energia) também encarecem preços
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