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Serono é vendida à multinacional alemã

O empresário e velejador Ernesto Bertarelli passa o timão da empresa familiar. Keystone

A família Bertarelli vende a sua empresa de biotecnologia Serono à multinacional alemã Merck. Merck compra 64,5% da Serono.

Como a holding familiar Bertarelli Biotech declarou, a sede da empresa permanece em Genebra. Ela foi rebatizada para “Merck-Serono Biopharmaceuticals”.

A Merck KgaA, multinacional alemã do setor de medicamentos, comprou a empresa suíça Serono SA por 16,6 bilhões de francos suíços (US$ 13,3 bilhões), para se tornar a maior empresa européia de biotecnologia.

A família suíça Bertarelli, que controla a Serono, venderá sua participação de 64,5% na empresa por 1.100 francos suíços (US$ 890) por cada ação e a Merck oferecerá a outros investidores o mesmo preço, informou a empresa alemã, sediada em Darmstadt. A oferta tem valor 20% superior ao fechamento do preço das ações da Serono na Bolsa de Zurique, onde cada papel fechou ontem a 915 francos (US$ 740).

“A Serono nunca foi uma empresa barata e acredito que a Merck pagou um bom preço”, diz Dieter Winet, corretor na Swisscanto Asset Management, em Zurique.

Com a aquisição, a Merck ganha o controle da droga Rebif da Serono, uma das mais eficazes para combater a esclerose múltipla, além de drogas experimentais contra o câncer. A empresa alemã precisa de novos produtos, após ter abandonado um tratamento para o Mal de Parkinson e depois de ter perdido a batalha pela Schering AG para a Bayer AG.

Movimento no mercado

A Serono virou um alvo ainda mais atraente para aquisição depois que outros laboratórios europeus, como a britânica GlaxoSmithKline Plc e a suíça Novartis AG demonstraram interesse pela empresa. Para executar a aquisição, a empresa alemã pretende vender 2,5 milhões de euros em novas ações, dinheiro e empréstimos. A família Merck, que controla 73% da farmacêutica alemã, contribuirá na aquisição com mais de 1 bilhão de euros.

As operações conjuntas da Merck e da Serono formarão um dos maiores grupos farmacêuticos do mundo, com valor de mercado em torno de US$ 32 bilhões e vendas anuais de US$ 10 bilhões de dólares.

A Merck, em março, informou que não desistiria de novas aquisições, depois de perder a compra da Schering AG para a Bayer AG. “Os alvos são empresas com presença global e que invistam 1 bilhão de euros por ano em pesquisa”, disse o chefe financeiro da Merck, Michael Becker, em abril. Em junho, a necessidade de fazer aquisição ficou mais forte, quando a Merck abandonou a pesquisa do seu novo medicamento contra o Mal de Parkinson, o Sarizotan.
Competição

A Merck, que vende seu medicamento Erbitux, contra o câncer, fora dos Estados Unidos, julga que sua divisão de remédios é pequena demais para competir em um mercado que já soma US$ 550 bilhões. “A Serono tem uma forte presença nos Estados Unidos, o que é bom para a Merck”, diz Markus Manns, corretor da Union Investment, em Frankfurt.

Atitude calculada

Ao comprar a Serono, a Merk acrescentará dois bilhões de euros por ano com a venda de produtos farmacêuticos, e se aproximará da Boehringer Ingelheim, a segunda maior indústria farmacêutica da Alemanha. “Não é um ato desesperado da Merck. É uma atitude muito bem pensada das duas empresas”, diz Karl Heinz Scheunemann, corretor na Bankhaus Metzler, em Frankfurt. O valor que a Merck oferece é 22,6 vezes maior que o lucro líquido da Serono no ano passado.

As empresas de biotecnologia são, freqüentemente, mais caras que as indústrias farmacêuticas nas aquisições. “Nós estamos muito contentes com o preço”, disse ontem o chefe executivo da Serono, Ernesto Bertarelli. “A venda é boa para a família Bertarelli, a venda é boa para os acionistas”, disse.

Bertarelli, de 40 anos, se dedica ao iatismo, mas diz que continuará na Serono enquanto a Merck precisar dele. Bertarelli é classificado como o 72º maior bilionário do mundo pela revista Forbes, com uma fortuna pessoal de US$ 7,1 bilhões.

swissinfo com agências

Merck compra 64,5% da Serono.
Merck paga 1.100 francos suíços (US$ 890) por cada ação da Serono
Dessa forma Merck irá deter 75,5% dos votos no conselho administrativo.
Merck pagou 16,6 bilhões de francos suíços (US$ 13,3 bilhões) pela Serono. Seu objetivo é se tornar a maior empresa européia de biotecnologia.

Sediada em Genebra, a Serono é considerada a terceira maior empresa de biotecnologia do mundo. Na Europa ela é a primeira.

O grupo é líder nas pesquisas de tratamento da infertilidade e tem fortes posições em neurologia, metabolismo e crescimento.

Serono produz e comercializa oito produtos biotecnológicos em 90 países.

Ela emprega 4.900 funcionários.

Desde o ano passado a imprensa econômica especulava a possível venda do grupo pelo seu acionista majoritário, Ernesto Bertarelli.

Bertarelli também é o presidente da Serono e mais conhecido na Suíça como chefe da equipe de vela Alinghi, que ganhou em 2003 a Copa da América.

A Serono foi fundada em 1906, para extrair proteína de ovos e combater a anemia. Ela foi uma das pioneiras em tratamentos contra a infertilidade, na década de 1960.

Em 1974, Fabio Bertarelli comprou uma participação majoritária na empresa, que antes era controlada pelo Vaticano. Três anos depois, Bertarelli mudou a sede da empresa para Genebra, na Suíça, e mudou seu nome para Ares-Serono.

Em 1987, a Serono abriu capital em bolsa e passou a trabalhar com engenharia genética. A Ares-Serono iniciou a venda do seu primeiro produto feito com biotecnologia, o hormônio Saizen, para crianças com crescimento deficiente, em 1989.

Ernesto Bertarelli virou chefe executivo da Serono em 1996, quando seu pai morreu com 73 anos de idade. Em julho de 2000, a Serono abriu capital na Bolsa de Nova York e levantou US$ 1,8 bilhão para a companhia. A nova empresa economizará 100 milhões de euros em custos.

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