Sistema fiscal é atraente
Porém o grande trunfo na manga dos suíços é seu sistema fiscal.
Os cantões têm o poder de determinar quando cada empresa e cidadão têm de pagar em impostos. Essa enorme liberdade cria grandes disparidades.
Uma empresa ou pessoa que esteja sediada em cantões de baixa tributação como Schwyz ou Zug, paga muito menos imposto do que se estivesse em Berna ou Genebra.
Ao mesmo tempo, a Suíça é um país de baixa tributação para assalariados e empresas, em comparação com os vizinhos europeus.
Levando-se em conta o imposto sobre o lucro das empresas, a Suíça é considerada um dos países mais baratos na Europa, com uma taxa de 9% em média. A lista seguinte mostra como seus vizinhos europeus são mais caros: Grã-Bretanha (30%), Holanda (35%), Franca (37%) e Alemanha (40%).
Não só os impostos são reduzidos, mais ainda existem fortes subsídios para holdings que queiram se instalar em cantões vantajosos na Suíça. Essas sociedades representam muitas vezes grandes multinacionais, mas ocupam apenas pequenos escritórios com um número reduzido de funcionários. Na Suíça elas são liberadas do imposto sobre o lucro, mas pagam taxas degressivas sobre o capital.
Uma delas é a Ebay, a famosa empresa americana dos leiloes eletrônicos na Internet. Apesar do grosso do faturamento das atividades européias ocorrer em países como a Alemanha ou Franca, a sede geral européia da holding – Ebay International AG – está localizada numa pequena sala em Berna. “A tributação atrativa e a qualidade de vida é a razão pelo fato de termos vindo para a Suíça”, explica Michael van Swaaij, diretor da Ebay.
Segundo o jornal NZZ, somente no cantão de Zug, as condições fiscais atraentes trouxeram mais de 3500 empresas estrangeiras, holdings e firmas de caixa postal.
Na questão do imposto sobre salários, a Suíça faz bonito papel
Um estudo do Centro para Pesquisas Econômicas Européias em Mannheim na Alemanha, mostra as vantagens fiscais da Suíça.
Comparando-se a tributação fiscal do trabalhador na Alemanha, EUA, Grã-Bretanha, Irlanda, Franca, Itália, Áustria e onze cantões suíços, descobre-se um fenômeno interessante.
Se empregador pagar 130 mil Euros brutos para um funcionário altamente qualificado, que more nos cantões de baixos impostos como Schwyz e Zug, no final do mês, depois de todos os descontos de impostos e taxas, lhe sobram 100 mil Euros líquidos no bolso.
Na Alemanha, Itália e Franca a situação já é diferente. Nesses países a empresa têm de pagar 200 mil Euros, para que no final do mês o salário liquido seja o mesmo. Nos Estados Unidos a situação também não é melhor do que em Schwyz e Zug: lá o empregador tem de pagar 153 mil Euros.
Devido a sua vantajosa política fiscal de subsídios e incentivos fiscais, diferenciada entre os cantões, a Suíça não é vista com bons olhos pelos seus vizinhos.
OCDE é um porta-voz dessas críticas
Sua comissão de assuntos fiscais “Forum on Harmful Tax Practice”, reunida pela última vez em abril, decidiu deixa a Suíça como o último país na lista negra de países com práticas fiscais “danosas” e “desleais”. Em 2000, a lista continha 47 países, sendo que a Suíça ainda não estava incluída.
A comissão reúne-se mais uma vez entre 18 e 20 de junho. Logo depois a posição ingrata da Suíça poderá ser oficializada. Apesar de ter apenas a posição de observadora na OCDE, a Suíça tem o poder de veto. Caso ele seja exercido, a imagem do país ficará seriamente abalada.
Para contrapor ao perigo, o governo federal e os cantões suíços começam a discutir quais incentivos fiscais poderão ser abandonados, para apaziguar a ira dos países vizinhos.
Porém a polêmica é grande. Muitos setores da sociedade suíça vêem na pressão externa contra seu sistema de imposto e o segredo bancário apenas o dedo de países como a Itália, Franca e Grã-Bretanha, que vêem no pequeno país das montanhas um concorrente desagradável e bem sucedido.
swissinfo, Alexander Thoele
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