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Suíça e Brasil discutem OMC e biocombustível

O ministro Roberto Rodrigues (à direita) em preleção aos membros da Câmara de Comércio Latino-Americana na Suíça. swissinfo.ch

O ministro da Agricultura do Brasil, Roberto Rodrigues, e o ministro suíço da Economia, Joseph Deiss, estiveram reunidos, terça-feira, em Zurique.

Eles falaram da próxima reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC), em dezembro, em Hong Kong, mas também da possibilidade da Suíça importar biocombustível do Brasil.

O ministro da Agricultura do Brasil esteve na Suíça para reunião na OMC, em Genebra, e fez uma conferência em Zurique, aos membros da Câmara Latino-Americana de Comércio na Suíça.

Essa foi a parte oficial, mas talvez a mais importante tenha sido a reunião de mais de duas horas e meia com o ministro suíço da Economia, Joseph Deiss, que foi especialmente a Zurique para o encontro com Roberto Rodrigues.

As divergências na agricultura

Ambos falaram das negociações agrícolas na OMC, antes da reunião de Hong Kong, em dezembro, que deveria concluir as negociações sobre a liberalização do comércio mundial iniciadas em 2001 em Doha, no Catar. No entanto, as previsões são pessimistas justamente por causa da agricultura.

Os países do G20 – grupo de países em desenvolvimento e exportadores agrícolas como Brasil, China e Índia – querem que o limite máximo de barreiras tarifárias nos países importadores e mais desenvolvidos do chamado G10 não ultrapasse 100% do valor do produto agrícola.

Os países do G10 defendem abrir seus mercados de maneira progressiva e aceitável para seus agricultores, antes de fazerem mais concessões. Querem ainda que sejam consideradas a auto-suficiência e o papel da agricultura na proteção da paisagem.

A Suíça tem uma participação pequena no comércio agrícola e exporta muito pouco mas defende as mesmas posições do G10, em que os pesos pesados são União européia e Estados Unidos.

No encontro de Zurique, Deiss pediu maior flexibilidade nas reinvindicações do G20 quanto ao acesso a mercados, alegando que a agricultura suíça não resistiria às restrições tarifárias e à abertura exigidas pelo G20.

Ao final da reunião, o ministro brasileiro Roberto Rodrigues disse a swissinfo que « acha perfeitamente possível discutir esse tema com países como a Suíça, que não têm uma participação relevante no comércio agrícola”.

Algodão e açucar na OMC

Rodrigues disse que também pediu o apoio da Suíça na OMC para a implementação das decisões tomadas em favor do Brasil e outros produtores nos painéis do algodão (contra os Estados Unidos) e do açucar (contra a União Européia).

“Se essas decisões não forem implementadas rapidamente, a OMC chegará desmoralizada à reunião de Hong Kong, em dezembro”, afirmou o ministro da Agricultura.
Os dois ministros falaram ainda de biocombustível. A Suíça começa a misturar álcool na gasolina mas não pode ser auto-suficiente em etanol.

O projeto chamado Etha+ prevê até 5% de etanol na gasolina e a construção de uma usina na Suíça ocidental para transformar o excende agrícola em biocombustível. A construção ainda não foi iniciada mas poderá suprir apenas 25% da demanda.

Etanol e biodiesel

“O restante terá de ser importado e poderia ser do Brasil, por exemplo”, afirmou a swissinfo Pierre Schaller, diretor da Alcosuisse, uma autarquia ligada à administração federal, autora do projeto Etha+. O etanol produzido na Suíça, mesmo para atender a apenas um-quarto da demada, seria muito mais caro que o brasileiro mas daria um alento aos agricultores suíços.

“Coloquei ao ministro Deiss a visão brasileira do etanol. Pensamos que ele terá uma posição relevante por causa dos preços e da diminuição de estoques de petróleo e da questão ambiental”, afirmou Roberto Rodrigues.

O assunto já fora abordado entre ambos em Brasília, em 2003. Joseph Deiss respondeu que a questão está em estudo na Suíça e que possivelmente terá uma boa posição como consumidora, no futuro.

“De qualquer forma, nas negociações em curso entre a União Européia e o Mercosul, está prevista uma quota para etanol que promete ser interessante. Mas a Suíça é um país que forma opinião perante o mundo, que tem grande precupação com a questão ambiental, e eu penso que importanto biodiesel ou etanol do Brasil daria uma importância para o produto a nível mundial”, precisou o ministro da Agricultura.

Em relação às conversas iniciadas em Brasília com o ministro Deiss, Roberto Rodrigues constatou uma “receptividade melhor, como em outros países”, devido a questão ambiental e aos preços do petróleo. “Acho que a Suíça também vai caminhando para o biocombustível com mais firmeza”, conclui o ministro brasileiro.

swissinfo, Claudinê Gonçalves

– Os ministros da Agriculta do Brasil e da Economia da Suíça estiveram reunidos em Zurique. Falaram das divergências entre o G10 (países desenvolvidos e importadores de produtos agrícolas) e o G20 (países em desenvolvimento e exportadores de produtos agrícolas).

– As posições divergem muito e bloqueiam as negociações da OMC iniciadas em 2001, em Doha, Catar, sobre a liberalização do comércio mundial. A Suíça tem a defende a mesma posição do G10. O G20 quer maior acesso aos mercados do G10, com baixa de tarifas e fim das subvenções às exportações por parte da UE e dos Estados Unidos, principalmente.

– o Brasil pediu apoio da Suíça na implenntação de dois painéis que venceu na OMC, sobre o algodão e o açucar.

– Os ministros falaram também da possibilidade da Suíça importar biocombustível do Brasil. A Suíça está iniciando um projeto de adição de etanol na gasolina e o Brasil procura exportar o produto.

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