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Suíça entra no resgate mundial do sistema financeiro

Os bancos centrais são obrigados a interferir para acalmar o mercado financeiro. Keystone

Os seis bancos centrais mais importantes do mundo, dentre eles o da Suíça, Estados Unidos e da União Européia, pactuam uma estratégia conjunta para prover o sistema financeira de liquidez.

O objetivo é facilitar ao sistema financeiro internacional dos dólares que necessita para suas operações cotidianas, com que buscam restabelecer a confianças dos poupadores.

O sistema financeiro internacional está em estado de choque. Nos cinco continentes, correntistas questionam-se cada vez mais sobre o futuro, sua poupança e dinheiro na conta corrente. Para eles ainda não existe uma resposta única.

Aqueles investidores que destinaram uma parte do seu patrimônio na aquisição dos produtos emitidos e garantidos pelo banco de investimento Lehman Brothers – nos Estados Unidos ou em qualquer outro país – devem perder uma grande parte do seu patrimônio.

No entanto, ainda que se trata de uma desafortunada minoria, a intranqüilidade espalha-se entre todos os investidores do mundo. E como a combinação do medo e dos mercados financeiros sempre se mostrou ser explosiva, os bancos centrais se prontificaram a “blindar” o sistema bancário internacional.

Há apenas três dias, dez bancos privados no mundo, incluindo os suíços UBS e Credit Suisse, constituíram um fundo de emergência de 70 bilhões de dólares para apoiar-se mutuamente em caso de risco de quebra.

Na quinta-feira (18.09), os seis bancos centrais mais importantes do planeta somaram esforços para colocar de pé um ambicioso mecanismo que garanta liquidez em dólares ao sistema bancário privado.

“Swap” multilateral

O Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos), o Banco Central Europeu (BCE), o Banco Nacional da Suíça (BNS, o banco central do país), o Banco do Japão, o Banco Central do Canadá e o Banco da Inglaterra concordaram desde ontem (18.09) e até 30 de janeiro de 2009 a injetar no mercado financeiro a liquidez que necessitar enquanto dura a volatilidade atual.

Expressando-se em palavras simples, isto significa abastecer os bancos privados com os dólares que necessitam para cumprir todos os compromissos que têm com seus clientes particulares e empresariais.

Quando há pânico, os investidores tendem a retirar fundos de forma massiva, uma dinâmica que pode quebrar um banco mesmo que suas finanças sejam sólidas.

O acordo se materializará através de um “swap” (acordo para troca de rentabilidade dos ativos financeiros) que permitirá aos bancos centrais emprestar-se reciprocamente em curto prazo, de modo a que cada um seja capaz de estabilizar seu próprio sistema financeiro quando for necessário.

Mais e mais dólares

O acordo entre bancos centrais inclui várias medidas de caráter técnico:

1) Os seis institutos monetários concordarão aumentar até 180 bilhões de dólares a injeção total de dólares que estão dispostos a oferecer ao sistema financeiro mundial para evitar uma crise sistêmica.

2) Adicionalmente serão aumentados os “swaps” bilaterais que existem entre o Fed e outros bancos centrais. Concretamente, com o Banco do Japão foi fixado em 60 bilhões de dólares.

3) O “swap” bilateral entre o Fed e o Banco da Inglaterra ficou em US$ 40 bilhões.

4) A linha de intercâmbio de dólares entre o Fed e os bancos centrais do Canadá e Suíça foi fixado em US$ 10 bilhões, respectivamente.

“Esse é um compromisso que responde à necessidade de adotar medidas rápidas que atenuem a tensão que existe nos mercados financeiros internacionais”, declarou Masaaki Shirakawa, presidente do Banco do Japão.

Uma situação que se agrava paulatinamente desde agosto de 2007, mês em que se desencadeou a crise dos chamados “subprime” (créditos hipotecários de má qualidade).

A missão do BNS

No acordo entre os bancos centrais, o BNS teve um papel fundamental. A cada 24 horas, a instituição emitirá ofertas para pensões de títulos contra dólares americanos e aumentará o tamanho dos leilões públicos (28 a 84 dias) que realiza cotidianamente.

Isso significa que o BNS está disposto a oferecer 10 bilhões de dólares – limite máximo diário – aos bancos privados para financiar-se em dólares.

Com respeito às operações de 28 dias, o banco central helvético decidiu aumentar de 6 a 8 bilhões de dólares sua oferta da divisa americana para as operações acordadas neste prazo.

E no caso das operações com vencimento de 84 dias, o banco incrementou sua oferta de 6 a 9 bilhões de dólares.

Um fluxo da moeda americana que, na opinião dos bancos centrais, devolverá a confiança aos investidores e dará escora a um sistema financeiro completamente debilitado.

As primeiras reações das bolsas de valores não foram tão positivas como esperavam as autoridades monetárias. As quedas nas bolsas dos EUA e na Europa acusam temores de um risco ainda maior.

Contudo, em meio à confusão, cada protagonista tentar sobreviver com rapidez e inteligência o que se converteu na pior crise financeira do último século.

swissinfo, Andrea Ornelas

O Credit Suisse foi condenado na quinta-feira (18.09) pela justiça em Nova Iorque a indenizar um grupo de clientes no equivalente de 620 milhões de francos suíços.

O segundo banco mais importante da Suíça investiu recursos da sua clientela nos chamados “Auction Rate Securities” (ARS), instrumentos que implicavam em um risco elevado de perda, sem explicar-lhes com antecedência.

Ademais, o Credit Suisse deverá pagar uma multa de 16,5 milhões de francos suíços.

Cabe recordar que em 8 de agosto, o UBS enfrentou o mesmo problema, porém em uma escala maior.

O banco teve de devolver 11 bilhões de dólares a 40 mil clientes, que haviam investido em bônus com juros definidos por leilão (os chamados ‘ARS’ na sigla em inglês).

Um banco central é a instituição encarregada de conduzir a política monetária de uma nação. Ele se ocupa não apenas da emissão de moeda, mas também de garantir a estabilidade dos preços através de ferramentas como as taxas de juros ou da injeção de dinheiro no sistema financeiro.

O Banco Nacional da Suíça (BNS) conta com uma estrutura pouco convencional, pois é uma instituição pertencente aos cantões e bancos cantonais.

O Fed americano é o banco central mais poderoso do mundo. Trata-se de um consórcio público-privado que se encarrega de supervisionar e regular as instituições bancárias para proteger o sistema financeiro.

O Banco Central Europeu (BCE) é o banco central que dirige a chamada “zona euro”, integrada por 15 países da União Européia (UE): Alemanha, Áustria, Bélgica, Chipre, Eslovênia, Espanha, Finlândia, França, Grécia, Irlanda, Itália, Luxemburgo, Malta, Holanda e Portugal.

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