Suíça é o quarto país mais globalizado do mundo
Aumento dos investimentos estrangeiros diretos melhora posição do país no ranking da globalização. Portugal fica em 14° lugar e Brasil em 52°, perdendo para a Rússia e a China.
Estudo da Universidade de Zurique sobre 122 países aponta que a integração econômica se intensifica enquanto a globalização social estagna.
Entre os países mais globalizados do mundo, a Suíça avançou do sexto para o quarto lugar, ficando atrás apenas da Bélgica, da Áustria e da Suécia.
É o que aponta o Índice de Globalização 2008 do Instituto de Pesquisa Conjuntural (KOF) da Escola Politécnica Federal de Zurique (ETHZ). O índice baseia-se em 24 critérios, aplicados a 122 países no período 1970-2005.
Na dimensão econômica, os pesquisadores analisaram os fluxos de mercadorias e investimentos, bem como o grau de abertura ou protecionismo dos mercados. Na dimensão social, mediram o grau de difusão de informações e idéias, enquanto na dimensão política avaliaram a intensidade da cooperação política entre os países.
“Com base na média dos índices, em todas as três dimensões a globalização aumentou mundialmente desde os anos de 1970, especialmente a partir de 1985. Mas a integração social estagna desde 2001”, conclui o estudo.
Globalização social
Nesse campo, a Suíça é líder mundial, o que o autor do estudo, Axel Dreher, atribui à abertura do país. “Procuramos medir o intercâmbio de idéias, o diálogo com pessoas de outros países, o uso da internet, a comunicação telefônica e a participação dos estrangeiros na população”, explicou à swissinfo.
Desde 1991, a Suíça tem uma das economias mais globalizadas. A melhora da posição do país no ranking geral do KOF é atribuída principalmente ao aumento de seus investimentos estrangeiros diretos.
No grupo dos líderes, encontra-se também Portugal, que ocupa o 14° lugar no índice geral de globalização (18° no campo econômico, 25° no social e 22° na globalização política).
Portugal supera o Canadá, última nação do grupo líder, e países como a Irlanda, a Noruega, a Itália, a Polônia e os Estados Unidos. Grandes países africanos, como Angola e Moçambique, não foram avaliados.
Globalização econômica
Na dimensão econômica, as primeiras posições no ranking são de pequenas economias abertas: Cingapura, seguida por Luxemburgo, Bélgica e Malta. Nesse campo, a Suíça ocupa a 19° posição (20° no ano anterior).
Esse resultado relativamente ruim para a Suíça se deve à forte “orientação de alguns setores para o mercado interno”, como, por exemplo, a produção agrícola, explicou Dreher à swissinfo.
O estudo mostra também que a globalização é mais forte nos ricos países industrializados do Ocidente, onde, porém, praticamente estagnou desde 2001. Enquanto isso, ela continuou aumentando na América Latina e no Caribe, na Ásia e no Leste Europeu.
Brasil: destaque na globalização política
O Brasil encontra-se em 52° lugar no ranking do KOF (65° em globalização econômica, 86° em globalização social e 16° em integração política com o mundo). No grupo dos quatro grandes emergentes, o país fica atrás da Rússia (33° lugar) e da China (43°) e só supera a Índia (81°).
Na globalização política, a Suíça ocupa o 24° lugar, ficando atrás de Portugal e do Brasil. “Aqui fica evidente que um país pequeno tem dificuldades para figurar entre os primeiros”, disse Dreher.
Nesse critério, a França lidera o ranking, seguida pelos EUA, a Rússia, a Itália e o Reino Unido. O Brasil se destaca por sua atuação em organismos internacionais (leia mais ao lado).
Os 15 países mais globalizados do mundo são, pela ordem: Bélgica, Áustria, Suécia, Suíça, Dinamarca, Holanda, Reino Unido, República Tcheca, França, Finlândia, Alemanha, Espanha, Hungria, Portugal e Canadá.
swissinfo, Isobel Leybold-Johnson / Geraldo Hoffmann
Em entrevista à swissinfo, o economista Axel Dreher, do Instituto de Pesquisa Conjuntural da Escola Politécnica Federal de Zurique, avalia o atual nível de globalização do Brasil e de Portugal.
Como o senhor explica as posições ocupadas pelo Brasil e por Portugal no ranking da globalização?
O Brasil tem um desempenho muito bom como membro de organizações internacionais, o que é em parte responsável pela boa colocação no ranking da globalização política. No que se refere à globalização econômica, o país se destaca nos investimentos de portfólio, mas fica abaixo da média no comércio exterior.
Na dimensão social, o Brasil ocupa uma boa posição no tocante ao número de usuários de internet, mas é fraco na comunicação postal e no comércio livreiro internacional (como parâmetro de integração cultural).
Portugal é forte em termos de investimentos estrangeiros diretos e de portfólio, bem como na renúncia a taxas alfandegárias, mas fraco no comércio. Na dimensão social, o país se destaca pela alta circulação de jornais, porém é mais fraco na comunicação telefônica internacional.
Pequenos países altamente desenvolvidos aparecem nas primeiras posições do ranking da globalização, superando as grandes nações emergentes. Um país precisa primeiro se desenvolver para então se globalizar, ou vice-versa?
Países pequenos dependem mais do comércio do que os grandes. Quanto ao desenvolvimento econômico, um dos nossos estudos mostra que, em média, a globalização fomenta o crescimento econômico. Em contrapartida, também aumenta a desigualdade e os sindicatos são enfraquecidos.
Por que grandes países africanos, como Angola e Moçambique, não aparecem no índice do KOF?
Faltam dados importantes, que precisamos para a avaliação. Mas estamos tentando incluir mais países no índice.
swissinfo, Geraldo Hoffmann
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