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Ticino: um cantão diferente dos outros

Vista do Monte Bre à Lugano e o lago com o mesmo nome. Keystone

O cantão Ticino (Tessin, em francês) seduz os italianos com propostas irrecusáveis de lazer, shopping e cultura. Começa neste fim de verão a estratégia de marketing para capturar os novos visitantes e mimar os velhos conhecidos.

Emoção Ticino è a nova campanha promocional do Cantão suíço mais italiano da Confederação. A idéia é a de atrair o maior número possível de visitantes pegando carona na visibilidade oferecida pelo Mundial de Ciclismo, em Mendrisio, e transformando a crise econômica numa oportunidade para conquistar novos mercados. O tema “Colora o seu tempo livre” usa a estação do outono, com os todos os seus tons de amarelo e vermelho, como moldura do cartão de visitas do Cantão Ticino.

A campanha foi apresentada aos jornalistas presentes na sede do Consulado da Suíça em Milão. Afinal, serão eles os principais porta-vozes das belezas localizadas no quintal de casa. O alvo principal são os habitantes do norte do país, italianos ou não. “Milão e a região da Lombardia se transformaram muito nas últimas décadas. São mais cosmopolitas, internacionais”, lembrou o cônsul David Vogelsander à swissinfo.

Não por acaso, a estratégia promocional concentra 70% das atividades de propaganda nas áreas de Como, Varese, Novara, Milão e Bergamo. Nestas últimas três cidades estão previstos eventos de marketing nas principais praças públicas durante os fins de semana, ao longo do mês de outubro. Os leitores de jornais, revistas, navegadores de sites de informação vão receber através de folders, banners, anúncios em páginas e suplementos semanais um vasto material publicitário para não terem dúvidas quanto às opções e propostas de destinos no Cantão Ticino.

A grande isca para pescar o turista é um livrinho chamado Più Buono di Così!, Melhor do que Isto…Ele traz 31 promoções alternadas com fotos e indicações sobre o quê fazer e aonde. Os vouchers contêm descontos de até 50% para quem utilizar o canhoto, por exemplo, na compra de um passe CulturaPass, um ingresso para entrar nos castelos de Bellinzona, Patrimônio da Humanidade pela UNESCO. Ali a economia é de dez euros…e assim por diante.

A iniciativa se multiplica no campo da gastronomia, da hotelaria, das despesas de shopping, da ferrovia para os deslocamentos internos, incluindo funiculares e barcos. Existe até a possibilidade de fazer as despesas do mês na Coop City de Lugano com pagando 10% a menos na boca do caixa. Do hotel cinco estrelas na cidade à pensão da “dona Maria” perdida no meio do vale a questão passa a ser mais de gosto do que de bolso.

Trilhas e Rumos

A campanha do Cantão Ticino aproveita a natureza ao redor para dar um passo a mais. “O que estamos propondo é simplesmente dar ao cliente um pouco mais do que ele precisa”, resume um dos idealizadores da Emoção Ticino, Patrick Lardi, vice-diretor do Ticino Turismo. Os passaportes com descontos irão ser distribuídos numa missão de corpo a corpo com os potenciais visitantes. E para começar os livrinhos com as ofertas vão ser de meio milhão de unidades.

Lagos, montanhas, vales, campos, bosques, rios, trilhas, enfim, uma variedade enorme de atrações num território pequeno e muito próximo podem ser mais do que suficientes para convencer o visitante a permanecer mais de um dia.

Sim, pois muitos italianos que atravessam a fronteira voltam no mesmo dia. Aproveitando do câmbio favorável, o euro forte, eles fazem compras, enchem o tanque de gasolina e retornam para a Itália. “Em linha reta, a distância de Milão para a Suíça é de apenas 40 quilômetros. Sempre tivemos uma relação muito forte de amizade e podemos estreitar ainda mais estes laços culturais e econômicos”, lembrou o cônsul David Vogelsander.

Os italianos são antigos visitantes da Suíça de longa data, mas sempre são menos do que poderiam ser. Uma pesquisa encomendada pela Suíça Turismo revela que 30% dos italianos estiveram no país nos últimos três anos. “Isto significa que 14 milhões de turistas visitaram o país por diferentes razões, da despesas no supermercado, ao puro lazer, passando pelos esportes como o ciclismo, o esqui e o trekking, em Lugano os italianos são já o primeiro em número de freqüentadores”, disse Tiziano Pelli, diretor para Itália da Suíça Turismo.

Mas no Cantão Ticino os alemães ainda superam os vizinhos italianos. Amantes das belas paisagens e da cultura, os italianos quando viajam para alguns lugares da Suíça podem se sentir em casa. A começar pelo idioma. No ano passado, a rede de hotelaria registrou 1.800.000 pernoites de italianos. Mas as ofertas são válidas para os moradores do próprio Cantão Ticino que também podem sair de casa e passar um fim de semana num hotel…e para todos, locais ou não, estão previstos descontos maiores nas diárias se o lazer for programado entre o domingo e a quinta-feira.

Dolce Vita suíça

A lista de lugares e de eventos culturais para “viver” é extensa. E é possível visitá-los e tomar conhecimento virtualmente antes de colocar os pés na estrada ou de subir no trem. Nos folhetos publicitários e, principalmente, no passaporte dos descontos, o livrinho Più Buono di Così!, os programas para os mais diferentes pontos de interesse estão apresentados de forma clara e transparente.

O calendário de eventos começa em outubro, no Cantar di Pietre à festa de fim de ano na praça de Lugano. No meio estão a colheita da Uva, as datas dos mercados populares, os domingos com as lojas abertas, os dias sagras, as tardes de relax, os dias dos concertos musicais. Ticino, Ascona, Mendrisio, Locarno, Lugano, Bellinzona, Monte Tamaro, Lago Maggiore, Ambrì, Caneggio, Chiasso, Rivera, Vale Verzasca, Airolo, Tenero, Vale de Muggio são alguns dos principais portões de entrada ou pontos de partida para viver e dividir as emoções propostas pelo Cantão Ticino.

Algumas pérolas turísticas da região merecem destaque: as excursões ao monte Gambarogno, as escaladas na geleira do Basodino, a caminhada no jardim do Éden das ilhas de Brissago ou em meios aos vilarejos de pescadores no lago de Lugano, vôos de as pedaladas em dos 40 percursos cronometrados pelas trilhas nas montanhas e margens dos grandes espelhos d’água e a volta no tempo do passado na grandeza dos castelos são uma boa desculpa para terminar o dia numa das termas, saunas e banhos turcos seguidos de massagens no corpo. O risco maior é do visitante não querer voltar a desejar adquirir uma residência fixa… vai ser muito bem-vindo, com certeza.

Guilherme Aquino, Milão, swissinfo.ch

Em 2008 os italianos foram responsáveis por 1.800.00 pernoites.

Os italianos lideram como visitantes a cidade de Lugano, mas perdem para os alemães em todo o Cantão Ticino.

30% da população italiana visitaram a Suíça nos últimos 3 anos
130 lagos estão no Cantão Ticino

O Monte Giorgio e os castelos de Bellinzona são Patrimônio da Unesco
3.600 km de trilhas demarcadas fazem parte do Cantão Ticino

O Cantão Ticino possui um dos maiores percentuais de dias ensolarados da Europa

O Slow Food ajuda quatro projetos gastronômicos no Cantão Ticino

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