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Ticino volta a produzir azeite de oliva

Luciano Turcati, oliveicultor em Ponte Capriasca. swissinfo.ch

Reiniciada no início dos anos 90 depois de dois séculos de abandono, a cultura de oliveiras está em rápida expansão no Ticino, sul da Suíça.

O azeite de oliva “Lago de Lugano”, por exemplo, já é vendido em toda a Suíça. Visita guiada por um especialista desse fruto mediterrâneo.

Luciano Turcati, 58 anos, cozinheiro de formação e atualmente viticultor, é apaixanado por oliveiras desde menino. Originário da Valsolda italiana, há alguns kms da fronteira Lugano, sul da Suíça, ajudava o pai, proprietário de oliveiras seculares, na colheita das azeitonas.

Turcati é considerado como um dos principais especialistas da região e foi graças aos seus conhecimentos que, nos anos 90, a cultura das oliveiras foi redescoberta no Ticino (cantão suíço de língua italiana), única região da Suíça onde cresce essa árvore tipicamente mediterrânea.

A «colina das oliveiras»

«Ao contrário da região fronteiriça de Cuomo, onde a cultura das oliveiras nunca cessou, no Ticino as oliverias haviam sido totalmente abandonadas”, explica Luciano Turcati. “Em meados do século XIX, um inverno rigoroso matou a maioria das árvores, encerrando uma tradição secular.”

Juntamente com o enólogo ticinense Claudio Tamborini, empresário vitícola em Lemone, perto de Lugano, e o viticultor Bernardino Coversazio, de Coldrerio (região do Mendrisioto), Luciano Turcati retomou a tradição em 1991.

Começou plantanto 21 novas oliveiras em Coldrerio, num terreno de Bernardino Conversazio. Nessa ocasião, essa zona de viticultura exposta ao Sul foi rebatizada de “colina das oliveiras”.

Produção decuplicada e exportada

A «colina das oliverias» tem hoje 350 árvores. “Passamos de uma produção inicial de 100 garrafas para cerca de 1.100 garrafas de meio litro” conta
Claudio Tamborini.

O enólogo, conhecido sobretudo pela qualidade de seus vinhos, também cultiva oliveiras em outras regiões do Ticino. Em Castelrotto (oeste de Lugano) ele tem uma centena de árvores. E em Gândria, (periferia de Lugano) tem outras 200.

A empresa Tamborini, que contrata Luciano Turcati na época da colheira – entre novembro e dezembro – administra também o “Parque das Oliveiras”, propridade da prefeitura de Lugano.

Localizado em Castagnola, aos pés do Monte Bré, o parque tem 20 km2 com trinta oliveiras mas também ciprestes, loureiros e alecrineiros.

Azeite vendido em toda a Suíça

As azeitonas colhidas pela firma “Tamborini Vinhos” são prensadas a frio no mais antigo lagar da Suíça conhecido do Sabo de Manno, perto de Lugano, aberto em 1846. Dali sai o azeite extra-virgem comercializado com a marca «Olio del Ceresio extravergine di oliva, Lago di Lugano».

Nos primeiros anos de produção, esse azeite era vendido somente no Ticino, em pequenas quantidades. Atualmente está à venda em quase toda a Suíça, mas apenas em lojas especializadas. “Não vendemos para os grandes supermercados”, sublinha Claudio Tamborini.

O azeite é relativamente caro mas é um produto original, explica Tamborini.

“Em 2003, explica Stefania Bordoni, responsável da produção do lagar Sabo, prensamos duas toneladas de azeitonas do Ticino, enquanto 8 anos atrás, tíhamos apenas uma tonelada. 2004 foi uma safra inferior mas esperamos uma colheita excelente em 2005”.

Prensagem na Itália

Luciano Turcati, optou por outra alternativa. “Prefiro prensar minha colheita na Itália, em Lenno, perto de Cuomo, onde existe o único lagar da região com prensas de pedra. É a melhor garantia de prensagem a frio”, explica.

O azeite desse pequeno produtor é vendido como Óleo de oliva Lago de Lugano. Luciano Turcati deixa boa parte da colheita com o lagar e comercializa apenas 20% da produção, a 24 francos suíços a garrafa de 7 dl.

“Tenho que pelo menos pagar os custos”, explica, porque prensar na Itália lhe custa caro. “Exporto as azeitonas sem problemas mas quando volto com o azeite a alfândelga suíça me cobra 2 francos por litro”, acrescenta.

Mesmo assim Luciano Turcati diz nada o faria mudar de método. Ele é orgulhoso do produto final obtido de suas olivas colhidas à mão ou varejadas. “Meu azeite é leve, natural e saboroso”, afirma.

O antigo cozinheiro, alpinista nas horas vagas, dedica quase todo seu tempo de lazer às oliveiras. Ele doou duas belas árvores à sua comuna de Ponte Capriasca, que as plantou na entrada do cemitério.

Ele importa oliveiras de todas as regiões da Itália, visita os lagares e trabalha como conselheiro. “Certa vez foi até o Levantino (norte do Ticino) para tratar de uma oliveira doente que consegui salvar”, explica Luciano Turcati. “Mas é claro que essa árvore nunca dará frutos. O clima de lá é rude demais”!

swissinfo, Gemma d’Urso, à Lugano-Castagnola et Gandria
Adaptação: Claudinê Gonçalves

O “Parque das Oliveiras” da prefeitura de Lugano, em Castagnola, é aberto ao público de 1° de março a 30 de setembro, das 6h às 23h30, e de 1° de outubro a 28 de fevereiro das 7h às 21 h.

– A cultura das oliveiras no Ticino vem da Idade Média. Foi perdendo vigor e foi abandonada depois de 1870, quando um inverno rigoroso matou quase todas as árvores.

– No início dos anos 90, um grupo de ticinenses retomou a tradição das oliveiras. Começaram em Coldrerio (sul do cantão), na chamada “colina das oliveiras”. Hoje há 350 oliveiras nessa região.

– Em Gandria (perto de Lugano), foram plantas outras 200 oliveiras pela Associação dos Amigos do Óleo de Oliva, formada em 2001.

– Outra plantação (100 árvores) existe em Castelrotto (região do Malcantonoe)-

– No total, la região de Lugano tem hoje mais mil oliveiras.

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