Presidente do UBS critica reguladores suíços sobre operação do Credit Suisse
O presidente-executivo do UBS, Sergio Ermotti, criticou as autoridades suíças por permitirem a falência do Credit Suisse, enquanto seu banco luta contra tentativas das autoridades suíças de aumentarem as exigências de capital do UBS.
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Ermotti, que foi trazido de volta ao UBS poucos dias após o resgate do Credit Suisse orquestrado pelo Estado, criticou a supervisão do banco falido em um discurso na Universidade de Zurique.
“É especialmente confuso, se não extraordinário, ver muitas das pessoas que estiveram no comando ao longo dos anos dizerem que fizeram tudo corretamente em relação à gestão e à supervisão do Credit Suisse”, declarou em 15 de maio.
“Todos os envolvidos precisam analisar criticamente o papel que desempenharam e assumir suas responsabilidades. É preciso coragem para admitir as falhas. Mas devemos aprender com os erros do passado.”
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O comentário de Ermotti veio um dia depois de o novo chefe da Autoridade Supervisora do Mercado Financeiro da Suíça (FINMA) ter dito que apoiava as novas regras propostas pelo Ministério das Finanças que poderiam aumentar significativamente os requisitos de capital do UBS. Analistas previram que a mudança nas regras poderiam resultar em um capital adicional de US$ 15 bilhões a US$ 25 bilhões para o UBS.
“Quatorze meses após o resgate do Credit Suisse, estamos no meio de um debate intenso e muitas vezes superficial que questiona se o UBS é grande demais para a Suíça”, disse Ermotti na quarta-feira.
“Para ser honesto, é bastante surpreendente a rapidez com que o UBS passou a ser visto como um potencial problema futuro para o país, depois de ser considerado um salvador”.
Animosidade crescente
Grande parte da animosidade é resultado de um relatório publicado pelo Ministério das Finanças no mês passado, que incluía uma proposta de que os bancos com negócios internacionais deveriam ser forçados a reter montantes mais elevados de capital.
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Ermotti disse aos analistas que o UBS não havia sido consultado sobre as propostas, embora, sendo o credor mais global do país, seja o mais atingido por possíveis mudanças.
Embora o relatório não contenha quaisquer detalhes sobre como seriam as condições que só deverão ser apresentadas ao parlamento suíço no próximo ano, a ministra das Finanças, Karin Keller-Sutter, indicou que analistas estimam que 15 mil milhões de dólares e 25 mil milhões de dólares de capital adicional seria uma proposta “plausível”.
Na terça-feira, Stefan Walter, o novo chefe da FINMA, disse numa conferência bancária que apoiava o aumento do capital do UBS em subsidiárias estrangeiras.
“Quanto mais difícil for resolver um banco, maiores deverão ser os buffers de capital preventivos”, disse. “Vamos ficar de olho nisso.”
Também comentando as regras de retenção de capital, a diretora-gerente do Fundo Monetário Internacional (FMI), Kristalina Georgieva, declarou ao meio de comunicação suíço SRF que a agência já tinha preocupações sobre a supervisão do mercado financeiro suíço desde 2019.
Ela acrescentou que espera que outros países sigam o exemplo da Suíça e proponham aumentar os requisitos de capital dos seus bancos em resposta à falência do Credit Suisse e de vários credores dos EUA no ano passado.
Copyright The Financial Times Limited 2024
(Adaptação: Clarissa Levy)
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