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UBS registra perdas recordes em 2008

Dados sombrios para o UBS em 2008. Keystone

O UBS declara um prejuízo de 8,1 bilhões de francos suíços (7 bilhões de dólares) no quarto trimestre de 2008. No total, as perdas somaram-se no ano passado 19,7 bilhões (US$ 16,9 bi). O resultado era esperado pelos analistas.

Apesar do déficit recorde e da ajuda governamental, o maior banco suíço continua a pagar bilhões em bonificações para os seus funcionários. Mais 10 mil empregos serão cortados.

Os resultados obtidos pelo UBS no ano passado já eram objeto de especulação há várias semanas. Finalmente reveladas hoje (10.02), as contas confirmam que 2008 verdadeiramente constituiu-se no “annus horribilis” para o maior banco do país.

O UBS fica pela segunda vez em pouco mais de dez anos de história no vermelho. O prejuízo líquido foi de 8,1 bilhões de francos suíços (7 bilhões de dólares) no quarto trimestre, acima da média de previsões de analistas ouvidos pelas agências de notícias, que era de 7,1 bilhões de francos suíços. No ano de 2008, as perdas somam 19,7 bilhões de francos suíços, também acima da expectativa dos analistas, de 18,7 bilhões de francos.

O prejuízo deve-se aos resultados catastróficos no setor de banco de investimento e aos números vermelhos da administração de fortunas nos Estados Unidos. O banco também foi onerado em 4,2 bilhões de francos de encargos nas suas transações com o Banco Central Suíço (SNB, na sigla em alemão). O SNB assumiu apenas 39,1 bilhões de francos ao invés de 60 bilhões de ativos podres do UBS desde o seu resgate pelo Estado em outubro.

O UBS continuou a sofrer grandes saídas de capital, traduzindo uma forte perda de confiança dos clientes. Nos três primeiros trimestres de 2008 elas chegaram a 140,2 bilhões de francos. No quarto trimestre foram mais 85,8 bilhões de francos – 58,2 bilhões no setor de gestão de fortuna e 27,6 bilhões na gestão institucional. Dessa forma, em 2008 as perdas líquidas de capital chegaram a 226 bilhões de francos. Mas o banco suíço informou que o fluxo líquido de recursos tornou-se positivo em janeiro tanto nessa divisão quando na unidade de gestão de ativos. Foi a primeira vez que isso ocorreu depois de uma série de trimestres negativos. O banco não deu detalhes.

“Em seu comunicado sobre perspectivas, o UBS indica um forte início de 2009 e uma reversão nos fluxos de dinheiro. Continuamos céticos uma vez que a limpeza da desodem vai demorar vários trimestres”, disse Dirk Becker, analista da Kepler Capital Markets à agência Reuters.

Mudanças de organização

A direção do banco anunciou também mudanças estruturais. A primeira delas é a criação de duas novas divisões: Wealth Management & Swiss Bank e Wealth Management Americas, sob o comando de Franco Morra e Juerg Zeltner, e Wealth Management Americas, liderada por Marten Hoekstra. Todos são membros do conselho de administração do banco.

“A criação delas nos ajudará a restabelecer a reputação e a imagem do banco”, declarou o executivo-chefe do banco, Marcel Rohner. “As atividades de gestão de fortuna estarão mais fortemente representadas na direção do grupo e nossas atividades na Suíça, bastante rentáveis e previsíveis, ganharão em importância”, acrescentou.

Quanto às perspectivas de futuro, o UBS se mostra prudente. O banco assinala ter conseguido reverter a tendência de perdas em janeiro, com afluxo líquido de capital na gestão de fortuna e de ativos sem, porém, declarar montantes precisos.

Apesar do “início de ano encorajador”, a direção do banco informou ainda que continuará os cortes na sua problemática unidade de banco de investimento, reduzindo a equipe dos atuais 17.171 funcionários para 15 mil. Rohner, que afirmou que o quarto trimestre foi “o pior cenário da história para o banco de investimento”, acrescentou que o UBS tem como meta reduzir sua folha total dos atuais 77 mil para 75 mil empregados em meados deste ano. Na Suíça, 26.406 pessoas trabalhavam para o UBS no final do ano passado.

Pagamento de bonificações

Depois dos bilhões em prejuízos, o UBS promove mudanças para garantir sua sobrevivência. Porém em um ponto o banco demonstra continuidade: as bonificações continuarão a ser pagas, mesmo na casa dos bilhões.

O total ficou menor do que nos anos de bonança do passado. Pelo ano de 2008, o UBS irá pagar 2,15 bilhões de francos em bonificações. Em comparação com o ano anterior, esse número corresponde a um corte de 78%.

Do valor, 994 milhões de francos estavam fixados em contrato e 1,16 bilhões são de salários variáveis. Deste, 60% vai para os funcionários da lucrativa área de administração de fortuna. O resto será distribuido entre o banco de investimento, asset management e a casa matriz. No altamente deficitário setor de banco de investimento as bonificações caíram em 95%.

swissinfo com agências

2008: – 19,7 bi

2007: – 4,4 bi

2006: + 12,3 bi

2005: + 14 bi

2004: + 8 bi

2003: + 6,4 bi

2002: + 3,5 bi

2001: + 5 bi

2000: + 7,8 bi

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