Girassol descontamina solos
Plantas de crescimento rápido e farta folhagem, como girassol e tabaco, absorvem facilmente metais pesados. Pesquisadores na Suíça gostariam de empregá-las para despoluir terrenos.
O processo é simples: na busca subterrânea de nutrientes, os vegetais apropriam-se, através das raízes, também certos metais pesados. Bastaria então, plantar as espécies que os absorvem mais que outras, como girassol e tabaco, para despoluir os terrenos contaminados.
Esta é a conclusão a que chegaram pesquisadores de vários países, entre os quais Enrico Martinoia, professor da Universidade de Neuchâtel, oeste suíço.
No âmbito do projeto “Sobrevivência das plantas em ambientes naturais e agrícolas” – financiado pelo Centro de Pesquisa Nacional – ele estuda meio de fazer com que subam ao tronco e às folhas os metais pesados armazenados nas raízes.
“Desse modo seria possível efetuar o corte, ‘compostagem’ (fermentação natural) e depois à incineração de tais plantas”, destaca Martinoia.
Aumentar secreção de ácidos orgânicos …
Propõe-se também dissolver os metais pesados que se aderem às partículas do solo, de modo que as plantas possam absorvê-los melhor. E ao mesmo tempo, “torná-las mais resistentes aos metais pesados, que normalmente são tóxicos tanto para as plantas quanto para o homem”.
A equipe de Enrico Martinoia investiga em particular maneira de conseguir aumentar a secreção de ácidos orgânicos pelas plantas “como o ácido málico e o ácido cítrico, que favorecem a dissolução dos metais pesados”.
“Assim se poderia reduzir bastante a duração da operação de descontaminação, que hoje em dia, com as plantas normais, duraria de 40 a 50 anos”. “Um período demasiado longo, também do ponto de vista econômico, para deixar um terreno sem lavoura”, diz Martinoia.
…Desfrutando o patrimônio genético das plantas…
Trata-se portanto para os pesquisadores da Universidade de Neuchâtel de intervir no patrimônio genético das plantas para que possam eliminar rapidamente os metais pesados. “Mas não pretendemos introduzir genes estranhos, e sim, desejamos utilizar o potencial da própria planta”.
Analisando o Lupino branco, planta que secreta muitos ácidos, a equipe do professor Martinoia pôde identificar os genes responsáveis por esse processo. “E agora desejaríamos modificar a expressão dos mesmos genes igualmente em outras plantas, mais adaptadas à absorção dos metais pesados”.
…e evitando riscos ambientais
Em conseqüência, também o risco de contaminação com OGM (organismo geneticamente modificado) seria muito reduzido, “até porque as plantas, que absorvem os metais pesados principalmente na fase de crescimento e até que desenvolvem as folhas, seriam cortadas antes da maturação. Portanto, não teriam tempo de produzir sementes e disseminá-las na natureza”.
Outra medida de segurança, segundo Martinoia: “Poder-se-ia ainda inserir genes que tornam as plantas mais sensíveis a certos herbicidas, geralmente bem tolerados por outras”.
Esses agentes contra contaminação poderiam facilmente absorver, no período de um ano, os metais pesados presentes em dejetos industriais, como cádmio, zinco e chumbo. Metais que não de descompõem e, por conseguinte, se acumulam no solo, com o risco, a longo prazo, de contaminar os lençóis freáticos.
“Na Suíça há relativamente poucos terrenos contaminados com esses metais. Mas em compensação, seria possível despoluir os vinhedos do cobre resultante do combate a pragas”, explica o biólogo.
Antes porém que os resultados das várias pesquisas internacionais possam dar vida a uma superplanta que nos livre dos indesejáveis depósitos de metais pesados no solo, deve-se esperar alguns anos…
Fabio Mariani
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