70 mil na missa do Papa
No ponto alto da sua visita de dois dias, Papa João Paulo II celebra missa ao ar livre para 70 mil pessoas.
Durante pregação, Papa defende o ecumenismo: – “Essa palavra é dirigida a todos”. Há cinqüenta anos católicos suíços não festejavam uma missa com participação tão considerável.
Depois de uma semana de chuvas, onde até o rio Aare chegou a transbordar, no domingo o céu abriu e o sol da primavera resolveu presentear um tempo radiante para os participantes na missa celebrada pessoalmente pelo Papa João Paulo II, no gramado próximo ao centro de exposições de Berna.
Mais de 70 mil pessoas estavam reunidas frente ao grande altar. Muitos, vindos até de países distantes como a Polônia, seguravam as bandeiras e saudaram com júbilo a chegada no papamóvel do chefe da Igreja Católica.
Apesar dos 84 anos de idade e abalado pela doença de Parkinson, o Papa João Paulo II abriu a missa ao ar livre com voz firme e lembrou os católicos presentes da celebração do segredo da Santíssima Trindade, no primeiro domingo depois do feriado de Pentecostes.
Ecumenismo
Todos os anos, os cristãos são conclamados nesse dia a atuar pela união da Igreja, explicou João Paulo II, aparamentado com a Mitra, o barrete alto e cônico, que o Papa põe na cabeça em solenidades pontificais.
“Não é necessário lembrar-se da questão ecumênica como algo urgente? Vamos aproveitar essa ocasião para mostrar claramente nossa determinação de avançar nesse caminho difícil, que nos enche de alegria e serve à sociedade”.
João Paulo II também saudou especialmente os jovens católicos, que participaram no sábado do encontro no ginásio do centro de exposições. “Jovens de todo o mundo, vocês devem saber que o Papa gosta de vocês e que os acompanha nas orações diárias”.
No momento de consagração da missa, centenas de padres espalharam-se por toda a área do gramado e distribuíram hóstias para os católicos que desejavam comungar.
Portugueses e brasileiros na missa
Dos participantes, muitos também eram originários de países de língua portuguesa. “Eu acho que o Papa está a fazer um grande esforço e considero isso um símbolo muito forte de vida e um exemplo para nós”, afirma Mária de Fátima, portuguesa da Serra da Estrela e vivendo há mais de treze anos na Suíça.
“Nesse momento de tanto sofrimento e guerra, ele é a única pessoa que levanta uma palavra contra o sofrimento e guerra, que vivemos atualmente”, ressalta Áurea do Prado, brasileira de São Paulo e vivendo há doze anos em Chur, na Suíça. Com relação a sua doença, ela se mostra resignada. “Essa é a lei da vida: ele é o representante de Cristo, mas é um mortal como nós”.
A polícia de Berna, que dispôs de centenas de policiais para garantir a segurança do evento, não indicou nenhum incidente. Porém 23 pessoas foram presas, depois de participar no sábado de um protesto não autorizado contra a visita do Papa.
Os organizadores também se mostravam satisfeitos no domingo, tanto em relação ao encontro de jovens, como quanto a missa. Nos últimos cinqüenta anos, nunca tantos católicos na Suíça participaram em conjunto de uma celebração religiosa. “Também o bom clima e o sol nos ajudou muito”, brica Pierre-Yves Maillard, responsável pelo comitê pastoral.
swissinfo, Alexander Thoele
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