Candidata muçulmana defende o uso do véu
Candidata às eleições de domingo para o Parlamento cantonal da Basiléia, uma jovem muçulmana relança o debate sobre o véu islâmico.
Vivendo na Suíça desde os 15 anos de idade, Kadriye Koca considera o véu um símbolo da sua crença. Mesmo se eleita, a jovem candidata gostaria de continuar o utilizando.
Na Basiléia, muitos pessoas perguntam se uma mulher que sai todo os dias às ruas portando o véu islâmico pode ser considerada bem integrada na Suíça.
No caso de Kadriye Koca, essa questão fica mais polêmica, pois a jovem de origem turca está inscrita na lista de candidatos do Partido Democrata Cristão (PDC), agremiação marcada por suas raízes católicas.
Perfeitamente integrada
No secretariado do PDC da Basiléia, Rita Schill admite que a escolha de Kadriye Koca poderá causar a perda de votos para os democratas-cristãos. Porém ela ressalta que a candidata é membro ativo na comunidade e que poderá ter uma boa atuação no Parlamento cantonal.
“Kadriye Koca é um bom exemplo de mulher turca perfeitamente integrada na Suíça”, lembra Schill. “Porém ela é também uma muçulmana praticante, que faz utiliza o véu por uma questão religiosa e cultura”.
“Eu sei que algumas pessoas não aceitam o véu islâmico na Suíça, porém não é nosso papel ditar regras de comportamento para os novos habitantes da cidade. Essa jovem e inteligente mulher aceita nosso programa partidário e, por essa razão, estou convencida que ela será uma boa deputada”.
Contatada pela swissinfo, Kadriye Koca se recusou a alimentar a polêmica e afirmou que ela deixa aberta questão do uso do véu. Em outras ocasiões, ela declarou à imprensa local que não mudaria seus hábitos, mesmo sendo eleita.
Ao mesmo tempo, um deputado cantonal de direita entregou uma proposta de mudança nos regulamentos, que prevê a proibição no uso de símbolos religiosos no Parlamento.
Polêmica na Basiléia
As eleições cantonais na Basiléia ocorrem num momento, onde a questão do uso do véu islâmico é muito debatida pela população suíça.
Um dos exemplos mais polêmicos ocorreu no Migros, a maior rede de supermercados do país. Sua direção solicitou, há pouco tempo, que seus funcionários renunciassem ao uso do véu quando eles tiverem contato direto com os clientes.
Coop, a empresa rival na Suíça, afirma autorizar o uso. Porém grandes bancos como o Credit Suisse e o UBS lembram que o véu não faz parte da vestimenta comum.
Moritz Leuenberger, ministro suíço do Meio-ambiente, Transportes, Energia e Comunicação, entrou na polêmica através das declarações feitas durante uma entrevista publicada recentemente no jornal semana NZZ. Na sua opinião, a Suíça não deve proibir o uso do véu islâmico como ocorreu na França. “Essa decisão poderia dificultar ainda mais a integração dessas pessoas na sociedade”.
Para Kadriye Koca, religião não deve impedir que uma pessoa se sinta em casa na Suíça. “Tenho vontade de contribuir para a edificação da sociedade desse país, pois me sinto completamente integrada aqui”, afirma.
Se não for eleita no domingo, ela declarou que tentará mais uma vez em quatro anos.
swissinfo, Morven McLean
tradução de Alexander Thoele
Religiões na Suíça de acordo com as estatísticas de 2000:
42% de católicos
35% de protestantes
11% de ateus
4% de muçulmanos
1,8% de ortodoxos
0,2% de judeus
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