Católicos foram tacanhos face aos nazistas
Historiadores suíços vasculharam a atitude da Igreja Católica do país durante o período nazista (1933-1945). Concluíram que ela não brilhou pela coragem, com algumas exceções...
Num estudo de quase 700 páginas, encomendado há 4 anos pela conferência dos bispos suíços, mais de 15 historiadores tentam explicar o porquê e o como da atitude dos católicos no período totalitário, instaurado por Hitler.
Uma novidade
É a primeira vez que se traça um panorama geral sobre a reação da Igreja Católica Suíça num período que vai de 1993 a 1945. “Um panorama nuançado e complexo”, assinala o Le Temps, de Genebra (edição de 31/10, p. 43). Segundo o jornal genebrino, a obra complementa o trabalho efetuado por uma comissão de historiadores (Comissão Bergier, presidida pelo suíço Jean-François Bergier) que apontou as falhas da Suíça oficial nas relações com a Alemanha de Hitler.
O espantalho era o comunismo
O estudo intitulado “Schweizer Katholizismus 1933-1945. Eine Konfessionskultur zwischen Abkapselung und Solidarität” (o catolicismo suíço entre 1933-1945: entre introspecção e elã solidário) mostra que os bispos do país seguiram sem reservas a política oficial do governo federal, numa atitude de medo ou pelo menos de falta de ousadia.
O objetivo da obra não é condenar ou desculpar, simplesmente explicar. Nesse sentido, lembra que o contexto político deixava pouca margem de manobra em um país mais preocupado com neutralidade e segurança. Em sintonia com o governo, as autoridades religiosas jamais condenaram oficialmente o totalitarismo nazista e as perseguições aos judeus.
Uma explicação adicional para a atitude da Igreja Católica é que o nazismo preocupava muito menos que o comunismo, um monstro de sete cabeças para o cristianismo.
Exceções
Como aconteceu com autoridades políticas que infringiram normas e salvaram muitos judeus perseguidos, pelo menos um bispo e vários padres não apenas condenaram o nazismo, e, privilegiando a solidariedade, salvaram muita gente, condenada ao extermínio.
A pesquisa tem o mérito de outros aspectos históricos que esclarecem, por exemplo, porque católicos e protestantes não formaram frente na condenação do totalitarismo nazista.
A obra em alemão, publicada pelo Neue Zürcher Zeitung, tem 696 páginas e foi coordenada por Victor Conzemius.
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