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Eles dariam a vida pelo Papa

Um guarda suíço saúda o Papa durante um sínodo no Vaticano, em 22 de maio de 2001. Keystone

A Guarda Suíça Pontifícia é o pequeno exército de 110 soldados que protege o Papa desde 1506.

Por trás de um uniforme, que é a alegria dos turistas no Vaticano, se escondem verdadeiros guarda-costas, encarregados de proteger até com a vida o Santo Pontífice do terrorismo, ameaças e extremistas religiosos.

Seis de maio no Vaticano. No Pátio de São Damaso, distante poucos metros da Basílica de São Pedro, centenas de fiéis e turistas observam os movimentos cadenciados de um pequeno grupo colorido.

Não se trata de uma procissão. Armados de lanças, espadas e capacetes militares, vestidos com armaduras medievais e uniformes de listras amarelas e azuis, esse grupo é o menor, o mais antigo e o mais fotografado exército do mundo: a Guarda Suíça Pontifical.

Esse é o dia do juramento. Cada um dos novos soldados marcha até o centro da praça e segura, com o braço esquerdo, a bandeira oficial. Ao mesmo tempo, a mão direita se abre em três dedos. Eles simbolizam os três primeiros cantões suíços que se reuniram em confederação: Schwyz, Uri e Unterwalden.

Cada um dos “Hellebardieri”, como são conhecidos os soldados suíços devido suas lanças, pronuncia as palavras do juramento.

“Juro servir fielmente, lealmente e honorificamente ao Papa em exercício…e seus sucessores e, com todas as minhas forças, dedicar-me a ele, podendo sacrificar mesmo minha vida em sua defesa…”

A partir desse momento, cada um desses jovens suíços transforma-se em membro do exército de 110 homens, cinco deles oficiais, encarregado de defender até com a própria vida o “Sumo Pontífice”, o Papa, o chefe da Igreja Católica e do Estado do Vaticano.

147 mortos para defender Clemente VII

O juramento da Guarda Suíça ocorre num dia histórico para ela e a Igreja Católica. Há quase cinco séculos, em 6 de maio de 1527, tropas protestantes de Carlos V, imperador da Alemanha e rei de Aragão e Castela, invadiram e saquearam como bárbaros Roma, a “Cidade Eterna”.

Nas lutas, que chegaram até ao altar da Basílica de São Pedro, a Guarda Suíça perdeu não só seu comandante, mas também 147 soldados. Os quarenta e dois suíços que sobreviveram, conseguiram no meio da confusão esconder o Papa Clemente VII. Eles criaram à espada uma via de escape e colocaram o pobre Papa a salvo no castelo de Santo Ângelo.

Com segurança, o então chefe da Igreja católica deve ter agradecido aos céus pela sábia decisão de um dos seus predecessores, de criar uma verdadeira “Guarda Suíça” para proteger o Papa. Detalhe: na época, os suíços eram temidos guerreiros que lutavam por todos os campos da Europa como mercenários, ou seja, por quem oferecesse mais dinheiro.

Assim nasceu a verdadeira Guarda Suíça

Depois de duras negociações – pois os ancestrais dos suíços eram tão duros negociadores como são os de hoje em dia – o Papa Júlio II (1503-1513) pôde finalmente abençoar a chegada da primeira tropa particular do Vaticano.

Isso ocorreu em 21 de janeiro de 1506, quando o capitão Kaspar von Silenen, um nobre do cantão de Uri, atravessou os portais do Vaticano conduzindo um grupo de 150 mercenários suíços.

Reportagem continua no segundo capítulo. Clique AQUILink externo para lê-la.

swissinfo, Alexander Thoele

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