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Minigolfe, uma pista que vale a pena explorar

Foto em preto e branco exibindo pessoas jogando minigolfe.
O minigolfe conquistou rapidamente as multidões. Esta popularidade pode ser explicada pela normalização dos percursos a partir de 1954. Musée national suisse / ASL

O minigolfe não é uma invenção do século 20: na realidade, esse esporte percorreu um longo caminho até se tornar um esporte praticado hoje. Um caminho que até mesmo cruzou com o do arquiteto genebrino Paul Bongni.

swissinfo.ch publica regularmente artigos provenientes do blog do Museu Nacional da SuíçaLink externo, dedicados a assuntos históricos. Esses artigos estão sempre disponíveis em alemão e, geralmente, também em francês e inglês.

Em 1860, o golfe era um privilégio de uma elite masculina, uma vez que os costumes da época consideravam o manuseio de um taco de golfe inadequado para as mulheresLink externo. Vale lembrar que o mesmo acontecia com muitos outros esportes. Essa situação causava frustração em um grupo de jovens mulheres da cidade escocesa de Saint Andrews, que lamentavam só poder jogar badminton ou críquete. Era golfe, e nada além do golfe, que lhes interessava. O gerente do clube de golfe da cidade, Tom Morris, teve então a ideia de construir um pequeno campo de 9 buracos, longe de olhares indiscretos. O campo estava longe de ser ideal: era atravessado por uma trilha frequentemente inundada, utilizada pelos pescadores locais para chegar ao mar, que ficava nas proximidades. Uma primeira etapa, em suma.

Foto histórica em preto e branco exibindo pessoas jogando minigolfe.
Algumas jogadoras de putter sob o olhar atento de Tom Morris (segundo a contar da esquerda) em St Andrews, 1894. Wikimedia

Tom MorrisLink externo (1821-1908), um dos primeiros jogadores profissionais de golfe da história, já era uma lenda em vida. Dotado de um talento inigualável, ele também se dedicou a desenvolver esse esporte. Ele inaugurou novos campos de golfe, projetou tacos (conhecidos como putters) e bolas de golfe, e garantiu que os greens fossem cobertos com areia para melhorar a precisão do arremesso. Em 1867, sob a liderança desse respeitado e admirado jogador de golfe, foi fundado o primeiro clube de golfe para mulheres em Saint Andrews .

Voltemos à ideia do campo de golfe em miniatura, que também começava a ganhar força além da pequena cidade escocesa. Vale lembrar que os campos de 18 buracos geralmente ocupam uma área de 50 a 90 hectares, enquanto os de 9 buracos ainda podem ter apenas 5 hectares. A questão do espaço era um ponto importante, e os custos financeiros também: de fato, o caráter originalmente elitista do golfe devia-se, em grande parte, aos altos custos de manutenção.

Foto em preto e branco de idoso jogando golfe
Tom Morris no campo, cerca de 1905. Wikimedia

Apesar de todos os obstáculos, cada vez mais pessoas, incluindo aquelas com renda e status social mais baixos, desejava dedicar-se a essa nova disciplina esportiva. Foi assim que, em meados do século 20, se tentou pela primeira vez introduzir a prática do golfe em um espaço mais restrito. Campos foram instalados em pradarias e áreas verdes, onde simplesmente se cavavam buracos com a ajuda de pás. Seria um tanto presunçoso chamar isso de golfe nessa fase.

Atacar o gramado com pás e picaretas não resolveu a questão do espaço, então outras soluções tiveram que ser consideradas. Foi finalmente o inglês James Wells Barber quem primeiro projetou um campo de minigolfe semelhante ao que conhecemos hoje. Tendo partido para a América e ansioso para entreter seus convidados, ele construiu, em 1916, um pequeno campo de golfe em sua propriedade, em colaboração com um arquiteto amador e um paisagista. Jardins floridos exuberantes, trilhas para caminhadas e uma fonte: o local foi decorado com elementos que se assemelhavam mais a um jardim barroco do que a um campo de minigolfe.

Páginas de um antigo jornal
Em 1919, a Popular Science dedicou uma página dupla ao campo de golfe em miniatura de James Wells Barber. Google Books

Nas décadas que se seguiram, foram criados inúmeros campos na América e na Europa, mas todos distinguindo-se bastante entre si quanto ao formato, tipo de terreno ou estilo de prática. Às vezes, essas práticas combinavam disciplinas, como no caso do cobigolf, uma mistura engenhosa de golfe e críquete.

Minigolfe nos anos 1930 no YouTube:

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“Não vamos parar por aqui”, disse a si mesmo Paul Bongni, em meados do século 20. Em colaboração com um grupo de outros aficionados, o arquiteto-paisagista, estabelecido em Genebra após crescer no Ticino, concebeu um campo padronizado, resistente às intempéries e que não manchava roupas ou sapatos. Ele entrou com um pedido de patente em novembro de 1951, que foi concedido pelo órgão competente dois anos depois. A primeira instalação de minigolfe padronizado, composta por 17 pistas de concreto, cada uma medindo 12 metros de comprimento e 1,25 metro de largura, foi inaugurada em 19 de março de 1954 na comuna de Ascona, no Ticino.

Foto em preto e branco de pessoas jogando minigolfe
O campo de minigolfe de Ascona quando foi inaugurado em 1954. Minigolf Ascona / Miranda Graf

Não contente por ter desenvolvido o primeiro percurso desse tipo, Paul Bongni também se empenhou em proteger a denominação “minigolfe”, reservada exclusivamente para instalações construídas e utilizadas segundo medidas e critérios bem definidos. Em última análise, foi essa abordagem de padronização e uniformização das pistas que levou ao sucesso do esporte.

No final de 1954, já se contavam com 18 campos de minigolfe na Suíça, enquanto a onda de entusiasmo gerada pelo esporte estava prestes a se espalhar além das fronteiras nacionais. Apelidada de “nação do minigolfe”, a Suíça conquistou três dos quatro títulos distribuídos nos primeiros campeonatos mundiais, organizados em 1991 na Noruega, sendo derrotada apenas na categoria feminina.

Uma jovem segurando flores
Miranda Graf, da Suíça, que se tornou campeã mundial de minigolfe em 1991. Miranda Graf, arquivo privado

Katrin Brunner é uma jornalista independente, especializada em história e cronista de Niederweningen.

Link para o artigo original no site do Blog do Museu Nacional da SuíçaLink externo

Adaptação: Karleno Bocarro

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