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O “panteão genebrino” de Vieira de Mello

Keystone

O prestigioso cemitério que serve de última morada ao ex-alto comissário da ONU, Sérgio Vieira de Mello, era no início uma área destinada às vítimas da peste, em Genebra.

Nas últimas décadas tornou-se um local reservado a personalidades suíças e estrangeiras, passando a ser chamado de “Panteão Genebrino”.

Esse local do cemitério de Plainpalais, que se estende por uma superfície de 28.000 m2, em pleno centro de Genebra, transformou-se muito desde o século XV. Hoje é chamado até de “Cemitério dos Reis”. Indevidamente. Os “reis”, no caso, não passavam de pessoas coroadas por um dia, por ocasião de um concurso anual de tiros. O rei era, obviamente, o melhor no gatilho.

Área de passeios e piqueniques

Sérgio Viera de Mello será mesmo assim em companhia de gente famosa, como Jorge Luis Borges, Sofia Dostoievski e o reformador protestante, Calvino. Daí a sua denominação de “Panteão Genebrino”.

Um panteão em que os mortos ilustres tem seus túmulos espalhados por um parque tranqüilo, onde os genebrinos buscam calma e sombra, debaixo de árvores centenárias. O local é também muito apreciado para passeios e piqueniques, esquecidos de que se encontrem em um cemitério que tem toda a aparência de um simples parque.

Esse oásis de paz para vivos e mortos não tem nada a ver com seu aspecto precedente. No século XV, as autoridades de Genebra construíram nessa desprezada área “extra-muros” – e o mais longe possível das zonas habitadas – um hospital para vítimas da peste. E ao lado do hospital eram enterrados os que sucumbiam à temível enfermidade.

“Vaidade das vaidades…”

Depois da Reforma, foram fechados, em Genebra, os cemitérios em volta das igrejas paroquiais, e o de Plainpalais passou a ser o único utilizado pelos genebrinos. No século XIX passa a ser propriedade da cidade. Mas desde 1883, exige-se uma concessão, mais cara que nos outros cemitérios, para enterro no local.

E nas últimas décadas, como lembra o site oficial da cidade de Genebra, “aí só podem ser enterrados magistrados e personalidades marcantes, que contribuíram pela própria vida e atividade à irradiação de Genebra”.

Sendo este o critério, o ex-alto comissário dos Direitos Humanos merece seu espaço nesse panteão, em que uma lápide de um túmulo vem lembrar, porém, a célebre frase do Eclesiastes: “vaidade das vaidades, tudo é vaidade”.

swissinfo, J.Gabriel Barbosa

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