Idosos cada vez mais presentes na internet
Cada vez mais aposentados se "digitalizam". Em meio à crise do coronavírus, muitos idosos escaparam da solidão graças às redes sociais ou conversas no WhatsApp. Um estudo recente mostra que o uso da internet na Suíça quase dobrou na última década, uma tendência também observada em outros países.
“As ofertas digitais são muito populares entre os maiores de 65 anos”, escreve a organização suíça de apoio ao idoso Pro SenectuteLink externo. Ela acrescenta: “Quando se trata de utilizar tecnologias de comunicação, os jovens aposentados conseguem competir com as gerações mais jovens”. Já nas idades mais avançadas a situação difere: a verdadeiro fosso digital é sentido mais pelo grupo com mais de 80 anos de idade.
Os resultados do estudo “Digital Sênior 2020Link externo” da Pro Senectute revelam que 74% das pessoas com 65 anos ou mais usam a Internet, um verdadeiro salto em relação aos 38% em 2009, o ano quando foi realizada a primeira pesquisa. Eles também mostram que, desde a segunda pesquisa em 2014, o uso da Internet por meios móveis (celulares ou tablets) aumentou de 31% para 68%.
Além de enviar e-mails e buscar informações na internet (que, segundo o estudo, ocupa o primeiro lugar nas preferências dos usuários), os idosos aproveitam uma ampla gama de possibilidades. Elas vão das compras on-line até a comunicação com familiares e amigos por videoconferência, opções que se mostraram muito práticas durante o confinamento.
“A pandemia de coronavírus revelou a importância dos canais digitais de comunicação para a inteiração social. Muitas famílias começaram a usar aplicações como FaceTime, Zoom ou WhatsApp com seus avós para manter contato visual apesar da distância física”, explica Tatjana Kistler, porta-voz do Pro Senectute.
Kistler enfatiza a importância do contato social, especialmente para adultos com mobilidade reduzida, e seu impacto positivo em seu bem-estar físico e psicológico.
Pro Senectute e várias outras organizações de apoio oferecem cursos para permitir que as pessoas na terceira idade possam explorar as modernas tecnologias. A UNITRE, a única universidade de língua italiana fora da Itália, está presente em oito cidades germanófonas do país oferecendo diversos cursos, inclusive de informática.
“Não podemos esquecer que ainda há 400 mil idosos na Suíça que não utilizam a Internet. É nossa responsabilidade apoiar essas pessoas com conselhos e serviços para que possam participar de uma sociedade cada vez mais digital e não sejam excluídas”, diz Tatjana Kistler.
Evitar a marginalização
Enquanto muitos aposentados hoje usam a Internet, há muitos outros que continuam “offline”. Eles não têm acesso às ofertas na rede e, em meio à pandemia, não podem fazer compras on-line ou usar o aplicativo de rastreamento de casos. Segundo especialistas, essa exclusão deve ser evitada.
Este é um fenômeno que não se limita à Suíça. Em muitos países a burocracia oficial funciona hoje exclusivamente através de formulários eletrônicos dispostos na rede. Algumas empresas de táxi trabalham exclusivamente através de aplicativos. Muitas lojas só funcionam hoje virtualmente, com um mostruário em páginas da internet.
“A opção de alguns idosos de não utilizar tecnologias digitais ou inovações tecnológicas deve ser respeitada”, ressaltam, porém, os autores do estudo. Eles recomendam que outras possibilidades de acesso às informações e serviços (por exemplo, guichês em bancos e pontos de venda e informação nas estações ferroviárias) continuem existindo para grupos especiais da população.
Por outro lado, enfatizam a importância de oferecer cursos sobre novas tecnologias para a terceira idade. Os pesquisadores recomendam explicar os benefícios do uso dessas ferramentas, que melhoram a qualidade de vida, especialmente no lar.
Na pesquisa realizada em 2019, 26% dos entrevistados declararam não utilizar a Internet. Destes, 5% deles viviam em asilos.
Logicamente quanto mais a idade avança, menor o uso das novas tecnologias de comunicação. No entanto, há usuários com mais de 80 anos na Suíça e em outros países. swissinfo.ch entrevistou uma japonesa de 82 anos de idade. Ela desenvolveu um aplicativo para smartphones que promove o uso de novas tecnologias com objetivo de preservar a independência das pessoas mais idosas.
>> Leia o artigo: Masako Wakamya, a programadora mais idosa do mundo (em francês)
Esta terceira pesquisa de opinião também analisou o uso de serviços digitais hoje comuns no cotidiana: caixas de autoatendimento em supermercados, pulseiras que medem as condições físicas e transmitem os dados a computadores, pagamento de impostos e taxas através da internet e outros serviços públicos.
Os pesquisadores descobriram que as preferências de utilização dos diferentes serviços coincidem com os resultados da primeira pesquisa: a maioria dos usuários busca por informações gerais e o envio e recebimento de e-mails (ambos 100%). Em terceiro lugar, os entrevistados declararam utilizara os aplicativos de conversação, chamadas telefônicas, navegação e consultas de horários de trem e informações de viagem.
Entre 50 e 65% dos entrevistados também buscam informações sobre a saúde, leem jornais e fazem serviços bancários on-line. Menos de 50% utilizam serviços administrativos, compra de mercadorias e aplicações de transmissão ao vivo.
Além de estudar quantitativamente o uso (ou falta dele) da Internet entre a população com 65 anos ou mais, o estudo Digital Sênior 2020 explorou o impacto de vários outros fatores.
Por exemplo, 57% dos entrevistados sentiram que “o progresso tecnológico deve continuar” e que “eles não podem mais imaginar suas vidas sem a tecnologia”. 39% disseram que têm dificuldade em lidar com a tecnologia. 37% concordaram com a afirmação de que “o aumento da digitalização tem mais vantagens do que desvantagens para a sociedade”.
Curiosamente, 61% dos entrevistados rejeitam a utilização de robôs para cuidar dos idosos.
Pesquisas também mostraram que entre as pessoas que utiliza a internet, seu nível educacional e de renda são mais elevados. Os que não utilizam a Internet citaram diferentes razões: complexidade de uso (77%), preocupações com a segurança (74%) e dificuldade de aprendizagem (65%).
Traduzione dallo spagnolo: Sonia Fenazzi
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