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Israel bombardeia a Faixa de Gaza após novas ordens de evacuação no sul do território

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Israel bombardeou, nesta terça-feira (2), a Faixa de Gaza, depois de emitir ordens de evacuação que obrigaram centenas de milhares de moradores a fugir de diversas áreas do sul do território palestino, devastado por quase nove meses guerra entre o Exército israelense e o movimento islamista Hamas.

Testemunhas e um correspondente da AFP relataram vários bombardeios durante a manhã em Khan Yunis e suas imediações, sul do território.

Oito pessoas morreram e mais de 30 ficaram feridas nos ataques israelenses em Khan Yunis e Rafah, segundo uma fonte médica e o Crescente Vermelho.

De acordo com a coordenadora humanitária da ONU para Gaza, Sigrid Kaag, há 1,9 milhão de pessoas deslocadas na Faixa neste momento.

O Exército israelense anunciou que prossegue com as operações em um bairro da Cidade de Gaza, ao norte, em Rafah, e no centro do território, depois de ordenar na segunda-feira uma nova retirada de áreas do sul, de onde centenas de milhares de palestinos já fugiram dos combates há várias semanas.

A medida no sul da Faixa afeta quase 250 mil pessoas, afirmou a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina (UNRWA).

– Combate difícil –

Famílias de deslocados fugiram em meio às ruínas de Khan Yunis, a pé ou amontoadas em veículos, segundo correspondentes da AFP.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, reconheceu no domingo que o Exército trava um “combate difícil” na Faixa de Gaza, quase nove meses após o início da guerra desencadeada por um ataque sem precedentes do Hamas contra Israel em 7 de outubro.

Na data, milicianos islamistas mataram 1.195 pessoas, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelenses. 

O Exército israelense calcula que 116 pessoas permanecem em cativeiro em Gaza, 42 das quais teriam morrido.

Em resposta, Israel iniciou uma ofensiva que já deixou pelo menos 37.925 mortos, a maioria civis, em Gaza, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas, que está no poder neste território desde 2007.

“Nos aproximamos do final da fase de eliminação do exército terrorista do Hamas”, declarou Netanyahu na segunda-feira, depois de afirmar, há mais de uma semana, que a fase “intensa” da guerra estava prestes a terminar.

“Ouvimos Israel falar de uma redução significativa de suas operações na Faixa de Gaza. Isso ainda deve ser visto”, reagiu o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Antony Blinken.

As negociações para obter um cessar-fogo, no entanto, seguem paralisadas. 

– Sem lugar para ficar –

As tropas israelenses iniciaram uma operação terrestre no dia 7 de maio em Rafah, na fronteira com o Egito, com o objetivo de combater o que classificaram como o último grande reduto do Hamas, uma ofensiva que provocou a fuga de milhão de palestinos, segundo a ONU.

Os combates, no entanto, se tornaram ainda mais intensos nas últimas semanas em várias regiões que o Exército afirmava controlar, em particular no norte, à medida que a ofensiva continua em Rafah.

As novas ordens de evacuação em vários pontos do sul da Faixa de Gaza foram anunciadas horas depois do lançamento de uma série de foguetes contra Israel, reivindicado pela Jihad Islâmica, outro grupo armado palestino aliado do Hamas.

Na localidade de Bani Suhaila, Ahmed Al-Najjar, de 26 anos, e seus familiares, haviam fugido na segunda-feira, mas decidiram voltar para casa, apesar das ordens de evacuação.

“Não sabíamos para onde ir e não temos dinheiro para comprar uma tenda nova”, disse Najjar. “Nesta manhã decidimos volta para casa, não há outro lugar (…) não emos nada a perder.”

No norte da Faixa, o Exército continuou nesta terça-feira com suas operações iniciadas em 27 de julho em Shujaiya, um bairro do leste da Cidade de Gaza onde disse ter eliminado “vários terroristas.”

Um correspondente da AFP observou novos bombardeios na área, assim como em Zeitoun, igualmente na Cidade de Gaza.

Entre 60.000 e 80.000 pessoas fugiram nos últimos dias do leste e nordeste da cidade, segundo a ONU.

A guerra provocou um deslocamento em larga escala da população e uma catástrofe humanitária no território palestino, onde água e alimentos são escassos. Milhares de crianças sofrem de desnutrição, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS). 

Na segunda-feira, Israel libertou dezenas de prisioneiros palestinos, incluindo o diretor do hospital Al Shifa da Cidade de Gaza, Mohamed Abu Salmiya, e eles foram levados para centros médicos da Faixa de Gaza. 

bur/ila/feb/bc/zm/fp/aa/jb/aa

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