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Israel segue bombardeando Gaza, apesar de críticas dos EUA por alto número de vítimas civis

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As autoridades da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, afirmaram que dezenas de palestinos morreram nesta terça-feira (16) em vários bombardeios israelenses, horas depois de Washington criticar o governo de Israel pelo alto número de vítimas civis em sua guerra contra os islamistas.

O porta-voz da Defesa Civil em Gaza, Mahmud Basal, disse que três bombardeios aéreos israelenses mataram pelo menos 44 pessoas e feriram dezenas no intervalo de uma hora em todo o território palestino. Israel admitiu ter realizado dois desses ataques.

Segundo o Ministério da Saúde de Gaza, um desses bombardeios, realizado em um posto de gasolina em Al Mawasi, no sul da Faixa, deixou 17 mortos.

O Crescente Vermelho Palestino, por sua vez, indicou que cinco pessoas morreram em um bombardeio quase simultâneo na escola Al Razi, administrada pela ONU, no campo de refugiados de Nuseirat, no centro da Faixa de Gaza.

Por fim, a Defesa Civil de Gaza informou sobre outro bombardeio realizado perto de uma rotatória no norte da Faixa, mas não forneceu nenhum balanço de vítimas.

O Exército israelense afirmou que seus aviões bombardearam “aproximadamente 40 alvos terroristas” em Gaza.

Horas antes, o porta-voz do Departamento de Estado americano, Matthew Miller, afirmou que o número de vítimas civis no conflito “ainda é inaceitavelmente elevado”.

Desencadeada em 7 de outubro de 2023, após o ataque do Hamas em solo israelense, a guerra não cessa e as esperanças de uma trégua diminuem, apesar dos esforços dos países mediadores – Catar, Egito e Estados Unidos.

Um dirigente do Hamas, que denunciou os “massacres” cometidos por Israel “contra civis desarmados” em Gaza, anunciou no domingo que seu movimento suspendia sua participação nas negociações de paz indiretas, embora tenha afirmado que está “disposto” a retomá-las quando o governo israelense “mostrar seriedade para concluir um acordo”.

– Aumentar a pressão sobre o Hamas –

Nesta terça-feira, o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, defendeu que seria necessário redobrar a pressão sobre o Hamas.

O Hamas “sofre pressão constante porque estamos lhe causando danos, eliminamos seus principais comandantes e milhares de seus terroristas. […] É o momento exato de aumentar ainda mais a pressão”, declarou Netanyahu durante uma cerimônia oficial no Monte Herzl, em Jerusalém.

Netanyahu sempre sustentou que continuaria com a guerra até destruir o Hamas – considerado uma organização terrorista por Israel, Estados Unidos e União Europeia – e conseguir a libertação de todos os reféns.

O conflito eclodiu quando comandos islamistas mataram 1.195 pessoas em outubro de 2023, a maioria civis, e sequestraram 251 no sul de Israel, segundo um levantamento baseado em dados oficiais israelenses.

O Exército de Israel estima que 116 pessoas permaneçam em cativeiro em Gaza, 42 das quais teriam morrido.

Em resposta, Israel lançou uma ofensiva que já matou 38.713 pessoas em Gaza, também civis em sua maioria, segundo o Ministério da Saúde do governo do Hamas.

Para responder ao “aumento das necessidades operacionais”, o Exército israelense anunciou nesta terça-feira que vai começar a emitir avisos de recrutamento para estudantes judeus ultraortodoxos em escolas talmúdicas, que até agora estavam isentos de obrigações militares.

Horas depois, milhares de manifestantes ultraortodoxos entraram em confronto com a polícia em Bnei Brak, uma cidade predominantemente ortodoxa perto de Tel Aviv, segundo um porta-voz das forças de segurança.

O governo israelense também enfrenta uma pressão crescente por parte dos familiares dos reféns.

As famílias de cinco mulheres militares mantidas em Gaza desde 7 de outubro imploraram para que Netanyahu chegue a um acordo com o Hamas.

“Senhor primeiro-ministro, lhe imploramos, lhe pedimos, por favor, que torne este acordo uma realidade”, declarou Sasha Ariev, irmã de Karina Ariev, uma das militares em cativeiro, durante uma coletiva de imprensa em Tel Aviv. 

– ‘Catástrofe sanitária’ –

A guerra obrigou 90% dos 2,4 milhões de habitantes de Gaza a abandonarem suas casas, além do sofrimento provocado pela escassez de mantimentos, água, remédios e eletricidade resultante do cerco total de Israel.

Nesta terça-feira, as estações de bombeamento de esgoto de Deir al Balah, no centro da Faixa de Gaza, deixaram de operar “devido ao esgotamento do combustível necessário para o seu funcionamento”, diz um comunicado da prefeitura.

A situação gera temores de “uma catástrofe sanitária e ambiental para mais de 700.000 pessoas”, aponta o documento.

O conflito também intensificou as tensões na fronteira entre Israel e Líbano, onde há troca de fogo entre as forças israelenses e o movimento xiita libanês Hezbollah – aliado do Hamas – quase todos os dias.

Cinco pessoas, entre elas três crianças sírias, morreram nesta terça-feira em bombardeios no sul do Líbano, e o Hezbollah anunciou que lançou foguetes contra Israel em resposta a um desses ataques, segundo informações da agência oficial de notícias libanesa NNA (na sigla em inglês). 

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