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Milhares de libaneses voltam para casa após cessar-fogo entre Israel e Hezbollah

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Dezenas de milhares de libaneses deslocados pelos confrontos entre o movimento islamista Hezbollah e Israel iniciaram, nesta quarta-feira (27), o retorno para suas casas, graças a um cessar-fogo estabelecido após dois meses de guerra aberta. 

A trégua, em vigor desde as 4h locais (23h de terça-feira pelo horário de Brasília), interrompe um conflito que deixou milhares de mortos e 900.000 deslocados no Líbano, além de dezenas de milhares de evacuados no norte de Israel.

O exército libanês anunciou, nesta quarta, que havia “começado a reforçar sua presença” no sul do país, reduto do Hezbollah, na região ao sul do rio Litani, a cerca de 30 km da fronteira com Israel. Um jornalista da AFP reportou tropas e veículos militares do exército em duas regiões do sul do Líbano.

O movimento islamista Hezbollah proclamou “vitória” sobre Israel e disse que seus milicianos continuam prontos para o combate. “A vitória de Deus, todo-poderoso, foi a aliada da causa justa”, manifestou-se o grupo pró-iraniano em um comunicado.

Sem esperar pela autorização dos militares, milhares de moradores do sul do Líbano, da periferia sul de Beirute e do vale de Bekaa, no leste, todos redutos do Hezbollah, iniciaram o caminho de volta para casa, observaram jornalistas da AFP.

“Apesar da magnitude das destruições e do nosso sofrimento, estamos felizes por voltar”, disse Um Mohamed, viúva de 44 anos da aldeia de Zabqin (sul), que tinha se refugiado em uma montanha perto de Beirute. “Sentimos que estamos renascendo”, acrescentou.

Poucas horas após a entrada em vigor da trégua, o exército israelense anunciou que restringirá os movimentos da população no sul do Líbano durante a noite.

Nos subúrbios do sul da capital, bombardeados até a madrugada de quarta-feira, apoiadores do Hezbollah circulavam de moto, empunhando as bandeiras amarelas do movimento e gritando slogans enaltecendo Hassan Nasrallah, seu líder emblemático, que foi morto em setembro em um ataque israelense.

A rodovia que liga Beirute ao sul do país ficou engarrafada com veículos e caminhonetes sobrecarregados, com motoristas que cantavam e buzinavam.

– “Nova página” –

As hostilidades começaram no dia seguinte ao ataque do Hamas que desencadeou a guerra em Gaza, em 7 de outubro de 2023, quando o Hezbollah abriu uma frente contra Israel em apoio ao seu aliado palestino. 

Depois de quase um ano de disparos transfronteiriços, Israel lançou uma campanha de bombardeios maciços contra o Hezbollah em 23 de setembro e enviou tropas terrestres para o sul do Líbano uma semana depois. 

Segundo as autoridades libanesas, pelo menos 3.823 pessoas morreram no país devido a este conflito, a maioria delas desde setembro. Do lado israelense, 82 soldados e 47 civis morreram em 13 meses, segundo as autoridades do país. 

O acordo forjado durante semanas entre os Estados Unidos e a França significa um “novo começo” para o Líbano, comemorou na terça-feira o presidente americano, Joe Biden. 

O primeiro-ministro libanês, Najib Mikati, disse esperar que este acordo abra “uma nova página” na história do país e que, no processo, seja eleito um presidente da República, cargo vago há mais de dois anos.

O plano acordado prevê uma retirada progressiva durante 60 dias dos combatentes do Hezbollah e das tropas israelenses do sul do Líbano, na fronteira com Israel, para permitir a mobilização do exército libanês, explicou o enviado americano Amos Hochstein. 

A Unifil, força de manutenção da paz da ONU no Líbano, assinalou que estava adaptando suas operações à “nova situação”.

– Hamas, “disposto” a uma trégua –

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, disse que a duração da trégua dependerá “do que acontecer no Líbano”. 

Na cidade israelense de Haifa, Yuri, um deslocado de 43 anos, disse que agora havia “maior sensação de segurança” e que seus filhos podiam “voltar para a escola”.

O Irã, principal apoiador militar e financeiro do Hezbollah e do Hamas e arqui-inimigo de Israel, comemorou o “fim da agressão” israelense. 

Um alto funcionário do Hamas também descreveu o acordo como “uma conquista importante” e disse à AFP que o movimento palestino “está pronto para um acordo de cessar-fogo e um acordo sério para a troca de prisioneiros”.

Pelo menos nove pessoas morreram em um bombardeio israelense na Cidade de Gaza nesta quarta-feira, informou o Ministério da Saúde do território palestino, governado pelo Hamas.

A guerra eclodiu após o ataque sem precedentes lançado pelo Hamas contra Israel que matou 1.207 pessoas, a maioria civis, segundo uma contagem da AFP baseada em dados oficiais, incluindo reféns mortos ou mantidos em cativeiro. 

A ofensiva israelense de retaliação em Gaza deixou pelo menos 44.282 mortos, a maioria civis, segundo dados do Ministério da Saúde do território, considerados confiáveis pela ONU.

bur-cab/feb/dbh/jvb/aa/fp/jb/mvv/jb

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