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Musical ‘Emilia Pérez’ tropeça em sua corrida para o Oscar

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Nuvens escuras pairam sobre o musical francês “Emilia Pérez” em sua corrida pelo Oscar. O filme rodado em espanhol causou sensação em sua estreia no Festival de Cannes, mas agora enfrenta polêmicas devido a tuítes de sua estrela Karla Sofía Gascón. 

A atriz trans espanhola era uma séria candidata ao prêmio de melhor atuação feminina, até que mensagens que ela postou anos atrás no então Twitter (hoje X) sobre a presença muçulmana na Espanha e outras questões sociais ou políticas vieram à tona. 

A Netflix, que organiza a campanha promocional nos Estados Unidos, excluiu a atriz, que interpreta uma traficante que quer mudar de gênero, dos próximos eventos de “Emilia Pérez”, de acordo com a imprensa americana.

Uma página de promoção do filme mantém em destaque a imagem de Zoe Saldana, indicada ao Oscar de melhor atriz coadjuvante. Contactada pela AFP, a Netflix não quis fazer comentários. 

Seu diretor, Jacques Audiard, também se distanciou nesta quarta-feira de sua protagonista, classificando as publicações de Gascón como “imperdoáveis” e “cheias de ódio”. 

Em declarações ao meio especializado Deadline, Audiard disse que ao continuar atacando seus críticos, a “abordagem autodestrutiva” de Gascón agora “prejudicava pessoas muito próximas a ela”, como ele e suas colegas de elenco Saldana e Selena Gómez. 

O filme, rodado na França e ambientado no México, foi indicado em 13 categorias do Oscar, bem como a 11 prêmios Bafta (Reino Unido) e 12 prêmios César (França). 

Conquistou quatro Globos de Ouro em janeiro, incluindo o cobiçado prêmio de melhor comédia ou musical.

Ganhou ainda o Prêmio do Júri em Cannes e Gascón, Gómez, Saldana e a mexicana Adriana Paz levaram o prêmio conjunto de melhor interpretação feminina.

– O impacto no México –

A polêmica não se resume à atriz principal, mas também se estende à maneira como “Emilia Pérez” retrata questões tão delicadas no México, como tráfico de drogas, migração e corrupção. 

O longa teve boas bilheterias na França e em outros países, mas no México a avalanche de críticas foi considerável. 

O órgão federal de proteção ao consumidor anunciou em 24 de janeiro que entrou em contato com a rede de cinemas Cinépolis para garantir que os usuários insatisfeitos com o filme pudessem ser reembolsados. 

“Emilia Pérez” foi rodado inteiramente em estúdios na França, e as músicas, embora tocadas em espanhol, foram criadas por uma dupla de músicos franceses. 

“O filme banaliza o problema dos desaparecidos no México”, criticou Artemisa Belmonte, autora de uma petição no change.org para se opor ao lançamento nos cinemas. 

“Minhas intenções me parecem virtuosas, mas noto um problema [no México] na aceitação do longa-metragem”, disse Audiard à AFP após suas indicações ao Oscar. 

“Tráfico de drogas: não podíamos falar sobre isso! Mas era importante para mim, talvez eu tenha feito isso de forma desajeitada!”, declarou.

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