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O erotismo estético da arte moderna está exposto em Basiléia

"Carícias" (1896) do pintor belga Fernand Khnopff. Speltdoorn

O erotismo sempre foi tema das artes plásticas. A exposição Eros in Modern Art, na Fundação Beyeler, em Basiléia, comprova isso.

Parte desse acervo, do Impressionismo à Pop-Art, estará em exibição até dia 18 de fevereiro. São cerca de 200 obras, entre pinturas, esculturas, vídeos e instalações.

Trabalhos de Pierre Bonnard, Francis Bacon, Paul Cézanne, Salvador Dali, Edgar Degas, Alberto Giacometti, Paul Klee, Pablo Picasso, Henri de Toulouse-Lautrec, Nobuyoshi Araki, dentre outros, mostram o erotismo ao longo do tempo.

O museu tem grupos de visita regulares – em inglês e em alemão – e pode ser uma boa alternativa para quem quer ter mais informações dos diferentes movimentos artísticos. Dos traços detalhados do impressionismo, passando pela exploração do inconsciente do surrealismo às instalações dos contemporâneos.

De impressionistas a surrealistas

A tela L´Homme et la Femme, de Pierre Bonnard, de 1900, é uma das mais representativas do movimento impressionista na mostra. Cedida pelo Museu d´Orsay de Paris, retrata um homem e uma mulher em um quarto. Os impressionistas buscavam pintar com fidelidade o objeto retratado e as formas físicas são exaltadas, com detalhes valorizados.

Alguns críticos afirmam que a cena seria do autor e sua musa, Marthe de Méligny, depois de uma relação sexual. Ela tinha 16 anos quando a conheceu, em 1893. Tornou-se não só a modelo, mas também musa e amante.

Em outra sua tela, Le Cabinet de Toilete aux Canapé Rose, de 1908, Marthe perfuma-se nua em um quarto. Bonnard usa um espelho sobre a cômoda para mostrar a nudez frontal de sua amada.

As telas do austríaco Egon Schiele dão um impacto real à mostra. A corrente expressionista mostrava com seus traços e cores a realidade. Em Two Girls, de 1915, por exemplo, o artista pinta duas mulheres na cama: foi a primeira obra a retratar o homossexualismo de maneira explícita.

El Gran Masturbador, de Salvador Dali, é uma das grandes obras do grupo surrealista na exposição. A tela, cedida pelo Museu Nacional da Rainha Sofia de Madri, é de 1929 e tem 1,10 por 1,50 metro. Mostra vários símbolos eróticos, numa composição nada racional. O rosto sensual de uma mulher, parte do corpo de um homem, um lírio são alguns deles.

Fotografia sempre foi expressão

O surrealismo pretendia explorar a força do subconsciente, com a livre associação de pensamentos e sonhos, norteado pelas teorias psicanalíticas de Freud. A mostra exibe outros expoentes da escola, como Max Ernst, Joan Miro, entre outros.

A fotografia também tem seu destaque na exposição. Trabalhos de Bill Brandt, um dos maiores talentos do século 20, com cenas dos anos 50. Grande parte de sua carreira dedicou-se a fotografar a nudez e muitos de seus trabalhos estão expostos na Biblioteca Nacional de Paris e no Museu de Arte Moderna de Nova York – Moma. Nos anos 20 foi assistente de Man Ray, com trabalhos na mesma mostra de Basiléia, cedidos pelo museu George Pompidou.

A instalação da artista alemã contemporânea Rebecca Horn transformou uma antiga cama de hospital num leito romântico, em Bett der Liebhaber, 1990. Várias borboletas azuis batem as asas alternadamente. Ao lado, um vídeo mostra uma paciente sendo medicada num hospital, que sorri em êxtase.

Uma mulher numa banheira é uma imagem cotidiana do erotismo. Para os seguidores da pop art, as cenas populares ou de consumo devem ser modificadas e transformadas em arte. Foi o que fez o artista pop americano Jeff Koon. A cena virou uma escultura de porcelana: Woman in Tub, de 1988. O erotismo deve mesmo fazer parte da vida do artista. Afinal, foi casado por cinco anos com a atriz húngara e naturalizada italiana Ilona Staller, a Cicciolina.

swissinfo, Lourdes Sola, Basiléia

A Fundação Beyeler foi criada em 1997, em Riehen, Basiléia, por iniciativa do galerista e colecionador Ernst Beyeler.

O centro cultural, realizado pelo arquiteto italiano Renzo Piano, e o museu de arte atraem o maior número de visitantes da Suíça: 300 mil pessoas, em média, por ano.

Além de um exposição permanente, com mais de 200 obras das mais representativas da arte moderna e contemporânea, a Fundação apresenta de 4 a 6 exposições temporárias por ano.

A exposição “Eros na arte moderna”, realizada em colaboração com o BACA Kunstforum de Viena, fica em Basiléia até 29 de fevereiro de 2007. São mais de 200 obras dos maiores representantes da arte moderna e contemporânea, produzidas de 1870 até agora.
A pedido dos responsáveis do museu, os menores de 16 anos devem ser acompanhados por uma pessoa adulta na visita à exposição.

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