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“Os moradores da Vila Autódromo são heróis”

O combate dos moradores de uma comunidade contra a sua destruição para dar espaço a um parque esportivo. No documentário "Favela Olímpica", o cineasta suíço Samuel Chalard mostra um lado desconhecido dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro em 2016.

O momento em que o Rio de Janeiro foi escolhido pelo Comitê Olímpico Internacional (COILink externo) para sediar os Jogos Olímpicos de Verão de 2016, em um congresso organizado na Dinamarca em 2 de outubro de 2009, coroou uma aspiração do governo brasileiro de projetar uma imagem diferente do país: a de uma nação emergente, integrante dos BRICS e sexta economia mundial.

O presidente na época, Luiz Inácio Lula da Silva, agradeceu e declarouLink externo que o Rio de Janeiro “mereceria sediar as Olimpíadas, pois é uma cidade sofrida, que durante muito tempo aparecia nos jornais nas páginas policiais e nós queremos que ela apareça, sim, nas páginas desportivas…”

Na época, o cineasta suíço Samuel Chalard já trabalhava em um projeto sobre as infraestruturas olímpicas. Por isso viajou a Atenas, Sarajevo e Barcelona, onde documentou com sua câmara exemplos de boas e más gestões dos estádios logo após a realização dos megaeventos.

Ao acompanhar na televisão as notícias dos protestos ocorridos no Brasil um ano antes da realização da Copa do Mundo da FIFA de 2014, Chalard foi atraído pelas exigências de muitos participantes. “Queremos hospitais no mesmo padrão da FIFA”. Ao fazer a primeira viagem ao Rio de Janeiro, descobriu a “Vila Autódromo”, uma comunidade urbana localizada no bairro de Jacarepaguá, onde as pessoas já viviam a mais de quarenta anos e que deveriam ser despejadas para dar espaçoLink externo à infraestrutura da Vila Olímpica.

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Após ter conquistado a confiança dos moradores, Chalard realizou cem dias de filmagens no local, espaçadas ao longo de vários meses. Ao apresentar o documentárioLink externo, intitulado como “Favela Olímpica”, no Festival de Cinema de LocarnoLink externo em agosto de 2017, ele já havia apresentado antes aos próprios moradores. Apesar da grande maioria deles ter sido finalmente removidos do local, muitos consideram o filme como um registro histórico da sua batalha. “Eles ficaram bastante emocionados e não se sentiram traídos, apesar da decepção inicial, pois esperavam que o meu trabalho tivesse dado um apoio no momento da destruição da comunidade”, contou Chalard ao apresentar o documentário em um cinema de Berna.

Em entrevista à swissinfo.ch em seu atelier em La Chaux-de-FondsLink externo, cidade ao norte da Suíça, Chalard explica como foi o trabalho de realização do documentário e sua visão dos grandes eventos esportivos e suas consequências para as populações onde são realizadas.

Parque Olímpico do Rio de Janeiro

Segundo um artigo publicadoLink externo pela Agência Brasil um ano após a realização dos Jogos Olímpicos de Verão de 2016 no Rio de Janeiro, as arenas estavam subutilizadas e havia problemas de abandono, incêndios, busca de financiamento e até de regularização das habitações construídas para moradores que haviam sido deslocados. 

No total foram investidos poucos mais de 41 bilhõesLink externo de reais para construir a infraestrutura dos Jogos Olímpicos, que ocorreram entre 3 a 21 de agosto de 2016. As Paraolimpíadas aproveitaram da mesma infraestrutura e ocorreram pouco depois, entre 7 e 18 de setembro. 

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