Papa Francisco se mantém ‘estável’ e celebra início da Quaresma no hospital

O papa Francisco, que não sofreu novos episódios de crise respiratória e “tem se mantido estável”, celebrou nesta quarta-feira (5) o início da Quaresma católica de seu quarto de hospital, onde está internado há 20 dias devido a uma pneumonia bilateral.
O pontífice, de 88 anos, “participou do rito da bênção das cinzas”, informou o Vaticano em seu último boletim de saúde.
A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma, o período de 40 dias que antecede a Páscoa, a festa mais importante do calendário católico.
Os cardeais celebraram a missa da Imposição de Cinzas na ausência do papa na basílica de Santa Sabina, na colina do Aventino, em Roma.
“Nos sentimos profundamente unidos a ele neste momento e lhe agradecemos a oferta de suas orações e sofrimentos pelo bem de toda a Igreja e do mundo inteiro”, declarou o cardeal italiano Angelo De Donaris, que leu a homilia escrita por Francisco.
O papa “alternou repouso e trabalho”, e ligou para a paróquia de Gaza, como faz habitualmente desde o início do conflito entre Israel e Hamas, informou o Vaticano.
O pontífice continua recebendo oxigênio “de alto fluxo” e esta noite voltará a usar uma máscara, como fez nas últimas duas noites.
“Devido à complexidade de seu quadro clínico, o prognóstico continua reservado”, acrescenta o boletim de saúde.
Em sua homilia, cujo tom ressoa com sua própria situação, Francisco escreveu: “Tocamos a fragilidade na experiência da doença, da pobreza e do sofrimento que, às vezes, irrompe de forma repentina sobre nós e sobre nossas famílias.”
Entre os fiéis presentes na missa estava Sachin Kuppa, um turista indiano católico de 30 anos. “Espero que o Santo Padre esteja bem e recupere sua saúde”, disse ele à AFP.
O líder da Igreja Católica já havia perdido as celebrações da Quarta-feira de Cinzas em 2022 devido a uma dor aguda no joelho.
Francisco não fez nenhuma aparição pública desde sua hospitalização em 14 de fevereiro, e o Vaticano também não divulgou fotos dele. O papa também faltou à oração semanal do Angelus nos últimos três domingos, algo inédito desde a sua eleição em 2013.
Ele também não poderá participar dos tradicionais “exercícios espirituais”, um retiro que ocorre todos os anos no início da Quaresma com a Cúria, o pessoal e a administração da Santa Sé.
– Repouso e orações –
No hospital Gemelli em Roma, que o papa João Paulo II chamava de “Vaticano III”, o jesuíta argentino alterna descanso, orações e fisioterapia para se recuperar de uma pneumonia bilateral que provocou vários episódios de insuficiência respiratória.
O papa sofreu na segunda-feira dois episódios de insuficiência respiratória aguda, que evidenciaram a fragilidade de seu estado de saúde.
A equipe médica ainda não se pronunciou sobre quanto tempo ele continuará internado nem quanto tempo precisará para se recuperar, caso consiga superar a doença, o que tem gerado preocupação entre os católicos.
Fiéis argentinos rezaram nesta quarta-feira no bairro de Buenos Aires onde Francisco cresceu.
Religiosos e fiéis continuam se reunindo em frente ao hospital com flores e velas. “Neste momento em particular, precisamos realmente de seu apoio e proximidade”, disse Domenica Patania, uma italiana de 63 anos. “Queremos que ele tenha boa saúde por muitos anos mais”, declarou à AFPTV.
Segundo o cardeal venezuelano e número 3 do Vaticano, Edgar Peña Parra, que visitou Francisco no domingo, ele “carrega em seu corpo os sinais da fragilidade e da doença, como qualquer ser humano”.
A internação, a quarta desde 2021, provoca grande preocupação devido aos problemas que afetaram a saúde do papa nos últimos anos: operações no cólon e no abdome, além de dificuldades para caminhar.
Também provocou a retomada dos questionamentos no Vaticano sobre a capacidade de Francisco desempenhar as funções papais. O pontífice descartou recentemente a ideia de renunciar.
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