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Pedido de prisão de González é preocupante e há escalada autoritária na Venezuela, diz Amorim

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Por Lisandra Paraguassu

BRASÍLIA (Reuters) -O assessor internacional da Presidência, embaixador Celso Amorim, disse à Reuters que o governo brasileiro considera muito preocupante o pedido de prisão do candidato presidencial de oposição na Venezuela, Edmundo González, e vê uma escalada autoritária no país vizinho.

“É algo muito preocupante”, disse Amorim em entrevista à Reuters nesta terça-feira. “É uma coisa errada ao nosso ver. O Brasil tomou parte do acordo de Barbados, fizemos parte do processo de negociação, nos sentimos autorizados a criticar.”

O acordo de Barbados, entre a oposição e o governo venezuelano, negociado por Brasil, EUA, Noruega e Barbados, visava garantir que a eleição presidencial fosse justa e transparente.

“Não há como se negar que há uma escalada autoritária na Venezuela. Não sentimos abertura para o diálogo, há uma reação muito forte a qualquer comentário, temos notícias de várias prisões — o próprio governo anunciou mais de 2 mil prisões, não sei se para intimidar. Não há dúvida que há um autoritarismo”, .

Amorim acrescentou que uma prisão de González poderia ser classificada como uma prisão política, já que ele é candidato presidencial em uma eleição que ainda não se resolveu.

“A situação da eleição na Venezuela não está resolvida, nós não vemos a vitória de um lado ou de outro. Seria uma prisão política, e não aceitamos presos políticos.”

O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, reagiu mal por diversas vezes a críticas feitas pelo Brasil e pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva a sua postura nas eleições no país, o que terminou provocando um distanciamento entre os dois mandatários.

Logo depois das eleições, Maduro chegou a pedir um telefonema a Lula, que até hoje não aconteceu e continua sem previsão. Fontes disseram à Reuters que o presidente brasileiro só pretende falar com o venezuelano quando Maduro der sinais de estar disposto ao diálogo.

O governo brasileiro ainda pretende divulgar uma nota sobre a prisão de González.

De acordo com Amorim, o governo brasileiro ainda tenta manter uma abertura para buscar uma solução pacífica para a crise venezuelana.

“Alguns dizem que pode ser ingenuidade, talvez até seja mesmo, mas temos ainda esperança de uma solução negociada para a Venezuela”, disse, acrescentando: “Nós não queremos salvar o Maduro, queremos salvar a Venezuela. A Venezuela pegar fogo não é bom para ninguém.”

O governo brasileiro também mantém ainda uma coordenação com a Colômbia para tentar avançar em uma solução para a crise, mas diplomatas brasileiros admitem que a situação está cada vez mais difícil.

Um tribunal venezuelano emitiu na segunda-feira um mandado de prisão contra González, alegando que o candidato oposicionista foi chamado diversas vezes para depor e não compareceu. O candidato é acusado sem provas pelo governo de incitamento a violência e conspiração.

Desde pouco depois das eleições, González está em local incerto, protegido por oposicionistas, por temor de prisão.

Vários países da região condenaram a ordem de prisão contra González. Na Venezuela, é esperada uma declaração do candidato em algum momento no dia.

(Reportagem de Lisandra ParaguassuEdição de Alexandre Caverni)

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