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Má fama da carne importada do Brasil causa furor em rede de supermercados suíço

Aviário suíço
KEYSTONE/ALEXANDRA WEY

A rede de supermercados suíça Migros causou um furor ao admitir não seguir os padrões de qualidade suíços para a carne importada, especialmente do Brasil. Mais de 60 associações ambientalistas e de defesa dos animais reagiram indignadas.

De 1 a 7 de fevereiro de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Carne importada: suíços se perguntam o que os supermercados vendem de fato

A rede de supermercados suíça Migros tem se recusado a garantir os padrões suíços para a carne importada, para indignação de 68 associações. Quais são as consequências para o bem-estar animal? O diário Blick investiga a polêmica e faz um balanço da origem e das condições de produção da carne.

Em novembro passado, o CEO da Migros falou sobre a “estratégia fracassada” da marca. “A Migros desistiu de garantir os mesmos padrões mínimos para a carne importada e para a carne suíça.”
Associações de proteção animal reagiram, dizendo que a decisão da Migros incentiva a crueldade contra os animais.

A empresa ressalta que sua prioridade é vender a produção suíça. Se for necessário importar, o princípio é o da fonte mais próxima em qualidade e quantidade suficientes.

Quase 100% da carne suína fresca é suíça”, assim como 95% da carne bovina, e 85% do frango. A maior parte da carne importada vem da Europa. Embora em pequenas quantidades, algumas aves vêm de muito mais longe. Nesse caso, do Brasil”, diz Barbara Wegmann, especialista em consumo do Greenpeace Suíça.

Thaina Landim De Barros, especialista em avicultura internacional da fundação Quatre Pattes, explica que a maior parte da produção brasileira é intensiva. “O problema não é só no Brasil, mas na produção em massa em todo o mundo”, diz a especialista. Ela acrescenta que, no Brasil, a demanda por condições de produção favoráveis ao bem-estar ainda não existe.

“A maioria das pessoas quer apenas poder alimentar suas famílias”, diz ela. A reflexão moral sobre a agricultura orgânica e o bem-estar animal ainda não é uma prioridade. Mas, na Suíça, é, e as lojas ainda optam por comprar carne produzida em massa.”

Além disso, “no Brasil, o desafio está na ausência de uma legislação harmonizada sobre o bem-estar animal. Os principais exportadores (BRF e JBS) cumprem as exigências dos países importadores. Portanto, é a Suíça que estabelece seus próprios critérios. Trata-se de uma negociação comercial, e não conhecemos os termos.

O Greenpeace identificou no ano passado carne seca e bresaola da marca popular M-budget contendo carne bovina brasileira. Mas o porta-voz da Migros garantiu, na época, que esses produtos de charcutaria não eram provenientes de regiões afetadas pelo desmatamento.

Ele agora acrescenta: “Para os dois últimos produtos que ainda continham carne do Brasil em 2024, a conversão está em andamento, de modo que, em um futuro próximo, esses produtos não serão mais oferecidos com carne bovina do Brasil”.

Fonte: BlickLink externo, em 02.02.2025 (em francês) 

China lidera exportação de tecnologia verde para países em desenvolvimento 

Enquanto a União Europeia dificulta cada vez mais o acesso de carros elétricos, painéis solares e turbinas eólicas da China aos seus mercados, cada vez mais esses produtos estão encontrando compradores no Sul Global, incluindo o Brasil.

O desenvolvimento das exportações apóia uma narrativa central
da política climática da China no cenário mundial. “A China está disponibilizando muito mais recursos aos países em desenvolvimento reduzindo enormemente o preço dos painéis solares e o custo da energia elétrica”, disse o diplomata brasileiro André Aranha Corrêa do Lago a jornalistas internacionais.

Do Lago presidirá a próxima conferência climática no Brasil.
Suas palavras já indicam que a questão do apoio financeiro para a transição energética global será o centro das atenções. E a China tem uma vantagem sobre o Ocidente nessa questão. Esses investimentos para países mais pobres seriam muito mais significativos do que se a China fizesse “apenas uma contribuição simbólica”, disse ele.

Isso é um claro golpe contra os países industrializados, que, aos olhos da maioria dos países em desenvolvimento exigem muito, mas fornecem pouco apoio financeiro.

A China vê o comércio de tecnologias limpas com o Sul Global como parte de sua diplomacia climática”, diz Byford Tsang, do Conselho Europeu de Relações Internacionais. “A China quer ser vista como defensora da proteção climática internacional e como fornecedora de bens públicos globais, incluindo tecnologias limpas”.

África do Sul, Egito, Chile, Brasil e Uzbequistão foram os cinco maiores importadores de energia eólica da China no ano passado. Arábia Saudita, Paquistão, Uzbequistão, Indonésia e Índia foram os que importaram a maior parte dos painéis solares. Brasil e Tailândia estiveram entre os cinco maiores importadores de carros elétricos.

Fonte: NZZLink externo, em 07.02.2025 (em alemão) 

Justiça em curso para as partes lesadas pelo Credit Suisse em Moçambique

As multas pagas pelo antigo grande banco Credit Suisse (CS) em conexão com o escândalo de Moçambique serão pagas a um fundo instituído pela Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC, na sigla em inglês). Os valores, que totalizam cerca de 105,5 milhões de dólares, serão distribuídos às partes prejudicadas.

O fundo especialmente criado sob o nome de “Credit Suisse Fair Fund” compreende o dinheiro arrecadado pelo Credit Suisse (CS) e pelo banco russo VTB Capital, incluindo juros e multas civis. Um plano para a distribuição dos fundos aos investidores prejudicados deverá ser determinado até o final de julho de 2025.

O CS, que desde então foi adquirido pelo UBS, chegou a um acordo com várias autoridades de supervisão nos EUA, no Reino Unido e na Suíça em outubro de 2021 no escândalo de corrupção em torno dos empréstimos em Moçambique. Teve de pagar multas no total de quase 550 milhões de dólares e também perdoar dívidas de 200 milhões ao Estado de Moçambique.

O escândalo envolveu empréstimos e títulos intermediados pelo CS para o país africano, totalizando mais de US$ 2 bilhões. Esses empréstimos foram feitos sem o conhecimento do parlamento local e do Fundo Monetário Internacional (FMI). O dinheiro foi supostamente destinado à construção de uma frota de pesca de atum. Grandes quantias de suborno teriam sido pagas a funcionários corruptos. O escândalo mergulhou Moçambique em uma profunda crise financeira.

Fonte: Bluewin,Link externo em 01.02.2025 (em alemão)

Antonio Costa, ou a arte da negociação à la União Europeia

O ex-primeiro-ministro português de origem indiana ganhou um perfil extenso por parte do diário genebrino Le Temps. Segundo o jornal, Costa pretende romper com o estilo de seu antecessor, o belga Charles Michel, para presidir o Conselho Europeu.

Antonio Costa tem raízes indianas por meio de seu pai, que vem de uma grande família de Goa, um antigo entreposto comercial português na Índia. Sorridente, mas capaz de ser feroz, ele às vezes é apelidado de “o tigre da Malásia”, e luta para garantir que a UE não seja excluída da mesa de negociações sobre a Ucrânia.

Costa iniciou seu mandato quase ao mesmo tempo que Donald Trump, e se orgulha de sua arte da negociação. Como novo presidente do Conselho Europeu, o órgão que reúne os 27 chefes de Estado e de governo da UE, ele agora terá que encarnar o “despertar europeu” em um clima geopolítico tenso, junto com Kaja Kallas, chefe da diplomacia da UE, e Ursula von der Leyen, presidente da Comissão Europeia.

Formado como advogado, o socialista português tem uma vasta experiência política. Antes de se mudar para Bruxelas, ele foi ministro da Justiça, deputado (e até vice-presidente do Parlamento Europeu), ministro do Interior, prefeito de Lisboa e, em seguida, primeiro-ministro a partir de 2015, graças a uma aliança sem precedentes com o Partido Comunista e a extrema esquerda, uma aliança que seus detratores foram rápidos em descrever como “geringonça”.

Depois de anos de austeridade e de uma grave crise financeira, atribui-se a ele a realização do “milagre português” ao aumentar o salário mínimo em 24%, indexar as pensões à inflação e reduzir a taxa de desemprego.

Mas há outro “milagre”: em junho de 2024, ele foi escolhido pelos líderes dos 27 estados membros para presidir o Conselho Europeu, apesar de oito meses antes ter sido forçado a renunciar ao cargo de primeiro-ministro porque sua popularidade havia despencado e ele havia sido envolvido em escândalos.

Esses escândalos incluíam um caso de corrupção ligado à concessão de licenças para exploração de lítio e produção de hidrogênio. No entanto, o Ministério Público finalmente admitiu que ele havia sido confundido com seu Ministro da Economia, Antonio Costa Silva, durante a transcrição de uma escuta telefônica.

Fonte: Le TempsLink externo, em 03.02.2025 (em francês).

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Debate
Moderador: Katy Romy

Qual é a importância dos acordos bilaterais entre a Suíça e a União Europeia (UE) para os suíços que vivem no exterior?

Após meses de negociações, Suíça e UE concluem novo pacote de acordos bilaterais. Direitos de 466 mil suíços na UE estão em jogo, mas aprovação no Parlamento e referendo ainda são desafios. O que está em risco?

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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 14 de fevereiro. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!

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