Brasil entra na briga para coibir a desinformação no espaço virtual

Apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro durante uma passeata no Rio de Janeiro, em 21 de abril de 2024. Partidos e grupos de extrema-direita são os maiores responsáveis pela disseminação de 'fake news' no país. Keystone-EPA-EFE/Antonio Lacerda

Assim como a prisão do fundador do Telegram na França, a queda-de-braço entre Elon Musk e o juiz Alexandre Moraes também repercutiu na imprensa suíça. O Brasil também foi destaque numa reportagem sobre as rotas de migrantes latinos rumo aos EUA, e num estudo comparativo das bolsas de valores mundiais, as brasileiras ficaram na lanterninha.

De 24 a 30 de agosto de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

‘Briga séria’ entre Elon Musk e o Supremo Tribunal Federal

A Plataforma X, do bilionário norte-americano Elon Musk, poderá em breve entrar para a história no maior país da América do Sul. O motivo é a disseminação de desinformação e conteúdo extremo.

Um juiz do Supremo Tribunal Federal proibiu a X de operar no Brasil se o proprietário da plataforma, Elon Musk, não nomear um novo representante legal para o país em 24 horas. A ordem do juiz Alexandre de Moraes segue uma disputa com Musk sobre liberdade de expressão, contas com ligações com a extrema direita no Brasil e desinformação na rede social.

No início deste mês, a X anunciou que estava retirando todos os funcionários restantes no Brasil “com efeito imediato” porque Moraes havia ameaçado o representante legal da empresa no país com prisão. Em abril, Moraes iniciou uma investigação contra Musk por divulgar notícias falsas, obstrução da justiça, sedição e organização criminosa.

A direita política no Brasil há muito tempo acusa Moraes de extrapolar sua autoridade, agindo contra a liberdade de expressão e se envolvendo em perseguição política. Seus apoiadores acreditam que as ações de Moraes estão cobertas pela lei e pela maioria do colegiado de juízes.

Fonte: Basler Zeitung (BaZ)Link externo, em 29.08.2024 (em alemão)

Panamá fecha cerco a migrantes rumo aos EUA, e Brasil vira alternativa

Mais de 520.000 migrantes entraram ilegalmente no Panamá a caminho dos EUA em 2023. Agora o governo está tomando providências. O Brasil também está tomando medidas contra o trânsito de migrantes.

Na terça-feira da semana passada, uma aeronave com 29 cidadãos colombianos decolou da Cidade do Panamá com destino a Medellín, na Colômbia. Os passageiros eram pessoas procuradas por mandados de prisão, incluindo um membro da organização criminosa Clan del Golfo. Os colombianos foram presos quando cruzavam ilegalmente a fronteira com o Panamá na selva de Darién.

Com a conclusão dos primeiros voos de deportação, o novo presidente do Panamá, José Raúl Mulino, começou a cumprir a promessa que fez durante sua campanha eleitoral. “O Panamá não será mais usado como um país de trânsito para a imigração ilegal”, anunciou ele. Os migrantes que viajam para os EUA usam a passagem pela selva de Darién, a única conexão terrestre entre a América do Sul e a América Central. A rota através de florestas e montanhas é considerada particularmente perigosa, e os migrantes morrem repetidamente nesse local.

Enquanto isso, há cada vez mais relatos de que as quadrilhas de contrabandistas também estão usando cada vez mais o Brasil como país de trânsito para os migrantes que viajam para os EUA.

Os viajantes, principalmente da Ásia, fazem uma escala nos aeroportos internacionais do Brasil para solicitar asilo. Uma vez no Brasil, eles seguem por terra em direção aos EUA. De acordo com as autoridades, uma rota popular envolve cruzar a fronteira ilegalmente para o Peru, de onde seguem para a Colômbia. 8.300 viajantes solicitaram asilo somente no Aeroporto Internacional de São Paulo, o maior centro internacional do Brasil, desde janeiro de 2023, de acordo com a Polícia Federal brasileira. No entanto, apenas 3% deles coletaram posteriormente seus documentos de identidade brasileiros ou deram prosseguimento ao procedimento de asilo. As autoridades acreditam que a grande maioria apenas usou o pedido de asilo como pretexto para entrar no Brasil.

Essa brecha deve agora ser fechada com o endurecimento das regras para solicitação de asilo nos aeroportos. Qualquer pessoa que venha de um país classificado como seguro ou que tenha um voo com destino a um país classificado como seguro não terá mais o direito de solicitar asilo às autoridades brasileiras no aeroporto. As pessoas em questão agora serão forçadas a continuar sua viagem ou retornar ao país de onde viajaram para o Brasil.

Fonte: Neue Zürcher Zeitung (NZZ)Link externo, em 26.08.2024 (em alemão)

Entre as bolsas mais baratas do mundo

Os últimos 15 anos e a era associada de dinheiro barato foram fundamentalmente favoráveis para os principais mercados acionários do mundo. Embora os mercados acionários suíços e ocidentais tenham claramente superado as altas de 2000 e 2007 e nem a Covid nem o ciclo mais rápido de aumento da taxa de juros dos últimos 40 anos tenham sido capazes de deter os índices de ações, nem todos os mercados acionários estão encarecidos.

A complexidade econômica do Brasil é maior do que a do México. O país é dependente de matérias-primas e da agricultura. O Brasil também registrou uma inflação relativamente alta, de 6,4% em média, nos últimos 20 anos.
As taxas de inflação se refletem nos preços das ações e nos lucros. O principal índice do Brasil, a Bovespa, multiplicou-se durante esse período. Ao mesmo tempo, o real brasileiro perdeu valor novamente devido ao aumento da inflação. Em francos suíços, o principal índice passou de 9.400 para apenas 20.800 pontos.

Os ganhos das ações da Bovespa foram multiplicados por seis nos últimos doze anos. Para os próximos dois anos, os analistas estão prevendo um novo crescimento anual dos lucros de 11%. No entanto, devido à composição cíclica do mercado (setor financeiro, energia e materiais básicos), as margens de lucro flutuam consideravelmente e a tendência é de queda para 10%.

Fonte: Blick, em 26.08.2024Link externo (em alemão)

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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 30 de agosto. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!

Até a próxima semana!