Casos de corrupção no Brasil chamam a atenção da Suíça
O caso do desvio de joias pelo ex-presidente Jair Bolsonaro e o escândalo envolvendo a venda de submarinos ao Brasil pela empresa de defesa francesa Thales fizeram manchetes nos jornais suíços esta semana.
De 29 de junho a 5 de julho de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes que tiveram Brasil, Portugal ou África lusófona como tema.
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Desvio de joias: Bolsonaro é acusado de lavagem de dinheiro
A Polícia Federal do Brasil recomendou que o ex-presidente Jair Bolsonaro seja acusado de lavagem de dinheiro e outros delitos como parte de uma investigação sobre a suposta apropriação indébita de joias com diamantes doadas pela Arábia Saudita, informou a mídia na quinta-feira.
O ex-chefe de Estado de extrema-direita Jair Bolsonaro (2019-2022), que foi interrogado pela polícia em relação ao caso, pode ser acusado de associação criminosa, lavagem de dinheiro e peculato, de acordo com a agência de notícias suíça ATS, que cita o site brasileiro G1. Bolsonaro nega ter cometido qualquer delito.
Além do ex-presidente, outras 11 pessoas podem ser processadas, incluindo seu advogado Fabio Wajngarten, que disse na rede social X: “não há provas contra mim”.
O senador Flávio Bolsonaro, filho do ex-presidente, também denunciou na rede social X uma “perseguição descarada” ao seu pai. Ele afirmou que os bens foram devolvidos ao Estado e que, portanto, não houve “prejuízo ao erário público”.
Fonte: ATS, 05.07.2024 (em francês)
Trafigura e sócia ProMarks concorrem para construir uma rede elétrica em Angola
O grupo suíço de commodities Trafigura e a empresa de engenharia ProMarks, especializada no setor de energia, querem construir uma grande rede de transmissão e fornecimento de eletricidade em Angola, informou o site suíço de notícias econômicas Cash.ch na quinta-feira. Os dois sócios assinaram uma carta de intenções com o governo angolano para a realização de um estudo de viabilidade.
O projeto prevê a construção e operação de uma linha de transmissão de alta tensão de 2.000 megawatts para transferir eletricidade das usinas hidrelétricas no norte do país para os estados vizinhos da República Democrática do Congo e Zâmbia, bem como para a rede de distribuição do Southern Africa Power Pool (SAPP). A eletricidade gerada pelas usinas hidrelétricas também será comprada por empresas de mineração no cinturão de cobre no norte da Zâmbia e pela Lobito Atlantic Railway, entre outras.
A ProMarks e a Trafigura planejarão, construirão, operarão e também financiarão as linhas de alta tensão por meio de uma empresa de joint venture ainda a ser estabelecida. Uma vez que a decisão de investimento tenha sido tomada, espera-se que leve cerca de quatro anos desde o planejamento até a conclusão da construção.
Fonte: Cash.chLink externo, 04.07.2024 (em alemão)
Incêndios florestais: pior primeiro semestre para a Amazônia em 20 anos
O Brasil registrou 13.489 focos de incêndio no primeiro semestre do ano na Amazônia, o pior número em vinte anos, de acordo com dados de satélite disponíveis na segunda-feira.
Isso representa um aumento de 61% em relação ao ano passado, um aumento que os especialistas atribuem especialmente à seca histórica que atingiu a maior floresta tropical do planeta no ano passado, noticiou a principal agência de notícias da Suíça, a SDA/ATS.
Desde que esses dados começaram a ser compilados pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), em 1998, somente em dois anos foram identificadas mais queimadas na Amazônia no primeiro semestre: 2003 (17.143) e 2004 (17.340).
E o total observado de 1º de janeiro a 30 de junho é significativamente maior do que o registrado no mesmo período do ano passado (8.344).
Essa é uma má notícia para o governo do presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva, que tem visto o número de incêndios aumentar enquanto o desmatamento continua a cair na Amazônia.
Os incêndios florestais também atingiram níveis recordes no primeiro semestre do ano em dois outros ecossistemas ricos em biodiversidade ao sul da Amazônia: o Pantanal, a maior área úmida do mundo, e o Cerrado.
No Pantanal, foram registrados 3.538 incêndios, um aumento de 2.018% em comparação com o primeiro semestre de 2023. O Cerrado registrou quase o mesmo número de queimadas que a Amazônia no primeiro semestre do ano (13.229).
Fonte: SDA/ATS, 01.07.2024 (em francês)
Venda de armas: Thales é investigada em três países europeus
O grupo francês de defesa Thales, um dos maiores do mundo, que já foi acusado de corrupção, foi alvo de buscas esta semana em vários países europeus como parte de duas investigações sobre a venda de equipamentos militares no exterior. As buscas foram realizadas de quarta a sexta-feira nas sedes de várias empresas da companhia na França, Holanda e Espanha, disse uma fonte judicial à AFP, confirmando uma reportagem do canal de TV francês BFMTV.
De acordo com essa fonte, essas operações “fazem parte de duas investigações preliminares sobre corrupção e tráfico de influência por parte de funcionários públicos estrangeiros”. “A primeira, que foi aberta no final de 2016 sob acusações que incluem suborno de um funcionário público estrangeiro, corrupção privada, conspiração criminosa e lavagem desses delitos, diz respeito à venda de submarinos e à construção de uma base naval no Brasil”, acrescentou a fonte judicial.
Segundo a reportagem, publicada pelo jornal suíço de língua francesa “Tribune de Genève”, durante uma visita oficial do presidente francês Nicolas Sarkozy ao Rio de Janeiro em 2008, a França e o Brasil assinaram um contrato para a venda de quatro submarinos de propulsão convencional da classe Scorpene, avaliados na época em 5,2 bilhões de euros. Os submarinos deveriam incorporar componentes da Thales, um dos principais grupos de defesa do mundo, especializado em equipamentos para a indústria aeroespacial, segurança, defesa e transporte terrestre. Três deles já foram entregues.
Uma segunda parte da parceria visava à construção de uma nova base naval e de um estaleiro de construção de submarinos em Itaguaí, inaugurado em 2018. De acordo com a fonte judicial, a segunda investigação, que não havia sido revelada até então, foi aberta em junho de 2023. Ela se refere, em particular, a suspeitas de corrupção e tráfico de influência por parte de funcionários públicos estrangeiros, corrupção privada, conspiração criminosa, lavagem de dinheiro e ocultação desses delitos, no contexto de “várias operações de venda de equipamentos militares e civis no exterior”.
Fonte: TdGLink externo, 29.06.2024 (em francês)
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