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Mortes do Ourapouche alertam a Suíça

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Transmitida por insetos e mosquitos, a febre do Oropouche foi detectada pela primeira vez no Brasil em 1960 KEYSTONE/ANDRE BORGES

Febre, fome e petróleo chamaram a atenção da imprensa suíça esta semana.  

De 20 a 26 de julho de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes que tiveram Brasil, Portugal ou África lusófona como tema.

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Febre do Ourapouche causa primeiras mortes já registradas no mundo

A febre do Oropouche causou a morte de duas pessoas no Brasil, as primeiras mortes já registradas no mundo devido a essa doença, anunciou o Ministério da Saúde brasileiro na quinta-feira. 

Segundo a notícia da agência suíça SDA, publicada pelo site Bluewin.ch, as vítimas são duas mulheres do estado da Bahia (nordeste) “com menos de 30 anos, sem comorbidades, mas que apresentaram sintomas semelhantes a uma forma grave de dengue”, disse o ministério em um comunicado à imprensa, acrescentando que “até o momento, nenhuma morte ligada à doença foi relatada na literatura científica mundial”. As autoridades também disseram que estão investigando outra morte, também suspeita de ser causada pela febre do Oropouche, no estado de Santa Catarina, no sul do país. 

Transmitida por insetos e mosquitos, a febre do Oropouche foi detectada pela primeira vez no Brasil em 1960, no sangue de um bicho-preguiça. Desde então, foram registrados casos, principalmente na Amazônia e em outros países da América Latina. De acordo com o governo brasileiro, pelo menos 7.236 casos foram registrados no país. 

Os sintomas da doença são semelhantes aos da dengue, embora mais brandos. As autoridades de saúde brasileiras também estão examinando seis possíveis casos de transmissão vertical da doença, ou seja, entre uma mãe grávida e seu filho. 

Essas primeiras mortes anunciadas pelo Brasil coincidem com uma epidemia de dengue que varre o país este ano, a pior de sua história, com pelo menos 4.824 mortes confirmadas desde 1º de janeiro. 

Fonte: Bluewin.chLink externo 26.07.2014 (em alemão) 

A erradicação da fome exige uma ruptura com o passado 

Uma pessoa morre de fome a cada quatro segundos. O relatório, publicado pelas agências da ONU na quarta-feira, é contundente. A desnutrição no mundo não diminuiu em 2023. Ela afeta 730 milhões de pessoas, ou mais de 9% da população mundial. A melhora já vem de longa data: “Embora tenha havido um progresso significativo no aumento da produção agrícola nos últimos cinquenta anos, isso fez pouco para reduzir o número de pessoas que sofrem de fome, e a situação nutricional continua ruim”, como observou Olivier De Schutter, relator da ONU sobre o direito à alimentação na época, em 2014. Dez anos depois, a meta estabelecida pelas Nações Unidas – um mundo livre desse flagelo até 2030 – parece ter se distanciado ainda mais.  

Será que os governos finalmente tomarão a medida de seu fracasso adotando políticas revolucionárias para acabar com a insegurança alimentar e a desnutrição? Questiona o editorial do jornal suíço Le Courrier. À frente dos países do G20 este ano, o presidente brasileiro Lula anunciou o lançamento de uma “Aliança Global contra a Fome e a Pobreza”, no momento em que a reunião de seus ministros da Fazenda começa no Rio de Janeiro. À primeira vista, sua iniciativa parece crível e esperançosa. Graças às suas ações entre 2003 e 2011 e às de sua sucessora Dilma Roussef, o Brasil foi retirado do “mapa da fome” da ONU em 2014. 

A ideia atual do Brasil de impor um imposto internacional sobre as maiores capitais para financiar programas específicos também faz sentido. Também seria indolor para os ricos, que tanto se empanturraram nos últimos anos. Em dez anos, o 1% mais rico acumulou mais de 40.000 bilhões de dólares em capital novo1>Em 2015, a FAO estimou que o investimento necessário para erradicar a fome no planeta seria de 267 bilhões de dólares por ano durante quinze anos, de acordo com a ONG Oxfam na quinta-feira. Mas as esperanças de que o G20 concorde com essa medida são escassas, se não inexistentes, já que os Estados Unidos se recusam e a Alemanha se retrai com os dois pés. 

E, embora o dinheiro possa ser o fio condutor da guerra, ele ainda precisa ser gasto com sabedoria. Não há como deixar de reformular nossos sistemas alimentares. A começar pelo apoio maciço, usando métodos agroecológicos, aos pequenos agricultores dos países do Sul, que são os primeiros a sofrer com a fome e, paradoxalmente, os “alimentadores” da humanidade. Ao mesmo tempo, precisamos romper com o subsídio maciço de uma agroindústria tóxica e voltada para a exportação. Isso não apenas contribui enormemente para as mudanças climáticas, mas também concentra terra, capital e lucros em poucas mãos. Mas nem o Brasil nem os outros países do G20 estão se movendo em direção a essa revolução. 

Fonte: Le CourrierLink externo, 25.07,2024 (em francês) 

Totalenergies termina o trimestre em queda 

Cansado da relutância dos investidores europeus em investir no setor de petróleo, embora o grupo francês acredite que esteja investindo pesadamente em energias verdes, o CEO provocou protestos na França em abril, quando cogitou a ideia de transferir a principal listagem do grupo para Nova York. 

Diante dessa possibilidade, um comitê do Senado recomendou que o governo francês adquirisse uma “golden share” na TotalEnergies para ter voz ativa na estrutura acionária da empresa. Essa ideia foi rejeitada pelo CEO, principalmente por motivos legais. “Entendo que eles têm coisas melhores para fazer com o dinheiro do que investir bilhões na TotalEnergies”, disse o Pouyanné quando questionado por um analista, segundo a principal agência de notícias da Suíça SDA/ATS. 

Durante o primeiro semestre do ano, o grupo, que tem sido muito criticado por seu envolvimento contínuo com combustíveis fósseis que estão aquecendo a atmosfera, lançou vários projetos “que apoiam o objetivo de crescimento de 2-3%/ano na produção de petróleo e gás” em Angola, Brasil, Omã e Nigéria. Ao mesmo tempo, o grupo está se diversificando e fez aquisições para fortalecer sua posição no setor de eletricidade nos últimos meses, incluindo usinas elétricas a gás no Texas e no Reino Unido, além de concessões de energia eólica offshore e projetos de armazenamento de baterias na Alemanha. 

Fonte: SDA/ATS, 25.07.2024 (em francês) 

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Moderador: Amal Mekki 

Como seu país lida com a devolução de artefatos antigos roubados?

Países ocidentais, como a Suíça, muitas vezes têm de lidar com o processo de recuperação ou devolução de artefatos saqueados que foram importados ilegalmente. Como é a situação em seu país?

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