Multinacional suíça é processada por corrupção em Angola
Nesta edição, trazemos um panorama das notícias mais impactantes da semana, com enfoque em temas de relevância nacional e internacional.
De 23 a 29 de novembro de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.
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Padre é acusado de tentativa de golpe com Bolsonaro
O padre brasileiro José Eduardo de Oliveira e Silva foi acusado, juntamente com outras 36 pessoas, incluindo o ex-presidente Jair Bolsonaro, de “conspirar para dar um golpe” no final de 2022, revelou o site ligado à Igreja Católica, Cath.chLink externo. O político de extrema direita enfrenta acusações contundentes, incluindo um plano para assassinar Luiz Inácio Lula da Silva.
A Polícia Federal do Brasil alega que Jair Bolsonaro deu um golpe de Estado para se manter no poder depois de perder a eleição de 2022 para Luiz Inácio Lula da Silva. As acusações são baseadas em evidências como escutas telefônicas, documentos apreendidos, depoimentos de testemunhas e trocas eletrônicas.
Jair Bolsonaro é suspeito de ter coordenado manobras para invalidar os resultados das eleições, incentivando a desinformação e buscando obter o apoio das forças armadas para derrubar o governo. No entanto, esse apoio se mostrou insuficiente, com muitos oficiais militares se recusando a seguir essas injunções. Jair Bolsonaro também é acusado de incitar tumultos em Brasília em janeiro de 2023, quando centenas de seus apoiadores invadiram instituições governamentais.
A polícia brasileira revelou a existência de uma operação chamada “Punhal Verde e Amarelo”, que tinha como objetivo assassinar o presidente Lula, seu vice-presidente Geraldo Alckmin e o juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes. As opções incluíam envenenamento ou morte por dispositivo explosivo.
Fonte: Cath.ch,Link externo em 28.11.2024 (em francês)
Preço do café nunca foi tão alto em 50 anos
Para o site de notícias da RTSLink externo, emissora pública da Suíça francesa, café nunca foi tão caro em quase cinquenta anos: o preço do arábica atingiu um recorde na quarta-feira, principalmente devido aos temores crescentes sobre a colheita no Brasil, o principal produtor mundial, que foi atingido por uma seca histórica e semanas de incêndios.
Um preço tão alto, que não era visto há décadas, e que também se aplica ao Robusta, uma variedade mais barata e menos aromática que o Arábica, terá repercussões para os consumidores, que continuarão a ver o preço de seu café subir.
“Está claro que isso terá um grande impacto” a partir do início do próximo ano, quando as empresas estarão negociando seus contratos de café, de acordo com o analista da Mirabaud, John Plassard.
A Nestlé, que é proprietária da Nespresso e da Nescafé, bem como das cápsulas da Starbucks vendidas em supermercados, já havia anunciado em novembro que aumentaria os preços e reduziria o tamanho de suas sacas em face da erosão das margens, segundo a Bloomberg.
O grupo J.M. Smucker, que detém as marcas Folgers, Dunkin e Cafe Bustelo, que estão entre as mais vendidas nos Estados Unidos, já havia realizado um aumento inicial de preços em junho em algumas marcas, seguido por um segundo aumento em outubro em todo o seu portfólio.
John Plassard ressalta que o aumento dos preços está ligado principalmente à oferta na América Latina, mas também em alguns países africanos.
No Brasil, incêndios em escala sem precedentes, a maioria de origem criminosa, segundo as autoridades, ocorreram durante várias semanas neste verão, desde a Amazônia, no norte, até o sul do país, ajudados por uma seca histórica. Como resultado, a colheita de café, da qual esse gigante agrícola é o maior produtor e exportador do mundo, foi devastada. E a libra-peso do Arábica, o café mais caro e mais vendido, atingiu 320,10 centavos de dólar na quarta-feira em Nova York, o preço mais alto desde 1977.
Fonte: RTSLink externo, em 28.11.2024 (em francês)
Brasil quer cortar gastos públicos em 12 bilhões de dólares
Na quarta-feira, o Brasil anunciou uma reforma tributária com o objetivo de reduzir os gastos públicos em cerca de 12 bilhões de dólares até 2026, em uma tentativa de acalmar as preocupações dos mercados financeiros, informou a principal agência de notícias da Suíça, a SDA/ATS. Em particular, o salário mínimo e os funcionários públicos são os alvos.
Essas medidas “consolidam o compromisso do governo com a sustentabilidade fiscal” e são necessárias para “um Brasil mais forte, mais justo e mais equilibrado no futuro”, disse o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, em uma mensagem à nação.
As medidas de corte de custos previstas referem-se, em particular, ao nível do salário mínimo e aos benefícios concedidos aos funcionários públicos, bem como às pensões militares.
De acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI), a economia brasileira deverá crescer 3% em 2024, acima da média de 2,1% prevista para a América Latina e o Caribe.
As autoridades brasileiras reconheceram a necessidade de combater o déficit a fim de estabilizar a situação orçamentária de longo prazo e a dívida pública, que representa mais de 78% do PIB e contribuiu para a queda do valor do real em relação ao dólar no último ano.
Fonte: SDA/ATS, em 28.11.2024 (em francês)
Tribunais suíços examinam os lucrativos negócios da Trafigura em Angola
O Ministério Público Federal está processando a empresa e três indivíduos sob a suspeita de terem celebrado um pacto de corrupção em Genebra. Os fatos e sua caracterização criminal serão contestados perante o Tribunal Penal Federal em 2 de dezembro.
Todos presumidamente inocentes, eles são acusados de terem selado um pacto corrupto para obter contratos lucrativos em Angola, noticiou o Le TempsLink externo, jornal da Suíça francesa editado em Genebra.
Durante o reinado de José Eduardo dos Santos, que deixou o poder em Luanda em 2017, a corrupção foi estimada em 24 bilhões de dólares.
A partir de 2 de dezembro, um julgamento inédito será realizado em Bellinzona. Pela primeira vez, uma multinacional está comparecendo perante o Tribunal Penal Federal sob acusação de corrupção. E é a Trafigura, especialista em comércio de petróleo com sede em Genebra, que está sendo julgada por não ter conseguido, de acordo com a Procuradoria Geral da Suíça (MPC), impedir o pagamento de subornos relacionados a contratos celebrados em Angola.
Também estão no banco dos réus o ex-número dois da empresa, Mike Wainwright, 51, que se demitiu no ano passado, pouco antes de sua audiência como réu; um intermediário suíço que vive em Dubai, T. P., 59 anos; e um ex-funcionário público angolano, Paulo Gouveia Junior, 65 anos. Todos são considerados inocentes.
A acusação de 150 páginas feita pelos promotores federais Grégoire Mégevand e Héloïse Rordorf-Braun se concentra no período de 2009 a 2011. Esses foram anos prósperos para a empresa na ex-colônia portuguesa, pois ela detinha o monopólio das importações de combustível e investia maciçamente em logística de petróleo. Na época, o país era liderado por seu irremovível libertador, José Eduardo dos Santos, e ocupava a 162ª posição entre 180 países no Índice de Percepção de Corrupção da Transparência Internacional, obtendo quase toda a sua receita das exportações de hidrocarbonetos. Seu sucessor, João Lourenço, estimou a extensão dessa corrupção generalizada em 24 bilhões de dólares.
Fonte: Le TempsLink externo, em 23.11.2024 (em francês)
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