O que diz a imprensa suíça?
Nesta semana, de 24 de fevereiro a 1.º de março de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal e África lusófona.
Você acha esse tema interessante e gostaria de receber uma seleção do nosso melhor conteúdo diretamente no seu endereço e-mail? Assine nosso boletim informativo clicando AQUI.
G20 dividido e bloqueado por “impasse” sobre Ucrânia e Gaza
Durante uma reunião de dois dias no Brasil, os ministros das finanças do G20 enfrentaram um impasse devido a divisões sobre as guerras na Ucrânia e em Gaza, o que impediu a formulação de um comunicado conjunto. O ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, destacou que as divergências geopolíticas foram a causa do impasse, apesar de existir consenso em questões financeiras discutidas. Ele expressou a expectativa de que temas geopolíticos sensíveis fossem tratados exclusivamente pelos diplomatas, referindo-se a uma reunião anterior no Rio de Janeiro que também não conseguiu produzir um comunicado conjunto, o que afetou as negociações em São Paulo.
Enquanto isso, o ministro das Finanças da Alemanha, Christian Lindner, enfatizou que não haveria “negócios como de costume” no G20 devido aos conflitos em andamento, incluindo a guerra contra a Ucrânia e a situação em Gaza. A França expressou o desejo de identificar explicitamente a Rússia como agressora na Ucrânia. Além das questões geopolíticas, o Brasil, que preside o G20, priorizou temas como a redução da desigualdade, a tributação dos super-ricos e a dívida dos países em desenvolvimento, embora os conflitos globais rapidamente dominassem as discussões. As reuniões também abordaram o apoio à Ucrânia e a proposta de utilizar ativos russos congelados para financiar esforços de guerra e reconstrução, com o Brasil tentando destacar a necessidade de tributação justa dos super-ricos.
Fonte: Le Matin, 01.03.2024Link externo (em francês)
Uma em cada três empresas suíças paga suborno no exterior, inclusive em Angola
Um estudo conjuntoLink externo revelou que, apesar das medidas anticorrupção, pagamentos informais em transações comerciais no exterior ainda são comuns para empresas suíças, com 63% delas admitindo fazer esses pagamentos. PMEs são tão afetadas quanto as multinacionais, e as empresas com instalações no exterior estão mais dispostas a pagar. Além disso, a corrupção é disseminada tanto no setor público quanto no privado, com empresas relatando perdas de contratos para concorrentes corruptos e muitas evitando mercados devido ao risco de corrupção.
Quase uma em cada sete empresas pesquisadas se absteve de entrar em um mercado devido ao risco de corrupção. Rússia, Irã, Belarus e Ucrânia foram mencionados com mais frequência nesse contexto. 12% dos entrevistados deixaram um mercado nos últimos cinco anos pelo mesmo motivo, sendo que Rússia, Irã, Azerbaijão, Angola e China foram os mais citados.
Apesar das estratégias de prevenção introduzidas, como a documentação por escrito de transações comerciais, e das consequências legais mais severas para a corrupção, a pesquisa mostra um aumento dos crimes de corrupção. A prevenção ainda é inconsistente, com muitas empresas não tendo medidas básicas de prevenção em vigor e poucas enfrentando processos criminais por infrações penais graves nos últimos 20 anos.
Fonte: bluewin.ch, 28.02.2024Link externo (em alemão)
Terrorista da RAF dançava capoeira em clube brasileiro em Berlim
Policiais uniformizados bloquearam a entrada de um prédio de apartamentos em Berlim-Kreuzberg, onde a ex-terrorista da RAF Daniela Klette foi presa após mais de 30 anos de busca. A mulher de 65 anos, conhecida como Claudia Ivone, estava sob custódia por vários roubos. Durante a busca, foram encontrados itens como revistas e cartuchos de armas, porém a arma ainda não foi localizada.
Apesar de ser uma das pessoas mais procuradas na Alemanha por décadas, Daniela Klette, agora identificada como Claudia Ivone, aparentemente não alterou sua aparência e continuou a viver uma vida discreta. Fotos em seu perfil no Facebook mostram sua participação em uma associação cultural brasileira em Berlim, onde praticava capoeira, até por volta de 2020. Essas descobertas surpreenderam os investigadores, revelando uma vida aparentemente tranquila após seus anos de atividade criminosa.
Fonte: Der Bund, 28.02.2024Link externo (em alemão)
Ato de Bolsonaro para protestar conta investigações
Dezenas de milhares de apoiadores de Jair Bolsonaro se reuniram em São Paulo para protestar contra as investigações do judiciário brasileiro sobre seu suposto envolvimento em uma tentativa de golpe após sua derrota nas eleições de 2022. Bolsonaro, em um comício, pediu pela pacificação e anistia para seus seguidores, alguns dos quais foram condenados por envolvimento nos ataques ao governo em 2023. Enquanto isso, as autoridades investigam o ex-presidente por seu papel nos planos para derrubar o governo após a vitória de Luiz Inácio Lula da Silva, sem declarações recentes do político durante o interrogatório.
Os apoiadores de Bolsonaro demonstraram solidariedade em São Paulo, marchando pela Avenida Paulista em oposição às investigações sobre o ex-presidente. Bolsonaro, buscando pacificação, defendeu a anistia para aqueles que o apoiam, enquanto as autoridades investigam seu suposto envolvimento em planos para derrubar o governo após a eleição de Lula da Silva. A recusa de Bolsonaro em fazer declarações durante interrogatórios recentes levanta questões sobre seu papel nos eventos pós-eleitorais de 2022, quando seus seguidores invadiram prédios do governo em Brasília.
Fonte: NZZ.ch, 26.02.2024Link externo (em alemão)
Participe do debate da semana:
Mostrar mais
Se você tem uma opinião, crítica ou gostaria de propor algum tema, nos escreva. Clique AQUI para enviar um e-mail.
Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 8 de março. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!
Até a próxima semana!
Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Mostrar mais: Certificação JTI para a SWI swissinfo.ch
Veja aqui uma visão geral dos debates em curso com os nossos jornalistas. Junte-se a nós!
Se quiser iniciar uma conversa sobre um tema abordado neste artigo ou se quiser comunicar erros factuais, envie-nos um e-mail para portuguese@swissinfo.ch.