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Brics mostram sua força

Representantes oficiais dos países do Brics sentados em uma mesa
Participantes de uma reunião de chefes de agências espaciais dos países membros do BRICS em Moscou, Rússia, em 23 de maio de 2024. EPA/Roscosmos

Neymar comprando camisas do Brasil antes de uma partida da Copa América; Brics oferecendo alternativas econômicas ao Ocidente; EFTA assinando um acordo de livre comércio com o Chile e museus suíços e a questão as obras roubadas: estes e outros temas foram destaques da semana na imprensa helvética.

De 22 a 28 de junho de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes que tiveram Brasil, Portugal ou África lusófona como tema.

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Engenharia genética maligna 2.0

A jornalista Seraina Gross publicou no Handelzeitung, um dos mais importantes jornais econômicos da Suíça, um editorial sobre engenharia genética. “A Suíça precisa reformar sua legislação para tratar essa tecnologia como uma oportunidade, não uma ameaça”, declarou. “O Relatório Agrícola 2023Link externo mostra uma queda significativa nas importações de OGMs para ração animal, destacando que as preocupações com OGMs são exageradas e desproporcionais, embora a regulamentação rígida permaneça…

A abordagem cética e unilateral da Suíça em relação à engenharia genética criou inconsistências e contradições, aceitando alimentos importados com OGMs e sementes tratadas com radiação, mas mantendo rigor excessivo contra OGMs locais. Isso prejudica o desenvolvimento científico e a inovação agrícola do país.

A legislação rigorosa sobre engenharia genética é considerada prejudicial e eticamente injustificável, especialmente frente às necessidades globais da agricultura e às oportunidades oferecidas por tecnologias como a Crispr. É necessária uma legislação mais liberal que veja a tecnologia como uma oportunidade para a ciência e a indústria suíças, evitando regulamentações que impeçam o progresso…”

Fonte: Handelszeitung em 28.06.2024Link externo (em alemão)

Aprovada descriminalização da maconha no Brasil

O francófono Le Temps” tematizou uma importante mudança ocorrida no Brasil. Segundo o jornal, na terça-feira, o Supremo Tribunal Federal (STF) do Brasil decidiu pela descriminalização da posse de maconha para uso pessoal, com oito dos onze juízes votando a favor. Apesar de a posse de maconha continuar sendo considerada um “ato ilícito”, ela não estará mais sujeita a penalidades criminais. O presidente da corte, Luis Roberto Barroso, enfatizou que a decisão não equivale à legalização da maconha no Brasil. Os juízes ainda precisam definir a quantidade máxima permitida para posse pessoal em uma sessão futura.

O julgamento, iniciado em 2015 e interrompido várias vezes, avaliou a legislação de 2006 que criminaliza a posse de drogas sem autorização, mas já não prevê prisão como penalidade. A decisão busca resolver a falta de critérios objetivos na diferenciação entre usuários e traficantes, que tem resultado em injustiças, especialmente contra jovens negros. Movimentos conservadores, no entanto, se opõem à descriminalização e há um projeto de emenda constitucional, aprovado pelo Senado, que visa tornar a posse de qualquer quantidade de drogas um delito, a ser ainda avaliado pela Câmara dos Deputados.

Fonte: Le Temps em 26.06.2024Link externo (em francês)

Neymar compra camisas do Brasil de vendedores ambulantes

Enquanto sua equipe se preparava para a Copa América, Neymar foi visto comprando camisas do Brasil de vendedores ambulantes em Los Angeles. Sentado em seu carro de luxo, ele fez um pedido surpreendente por uma camisa do Brasil, pegando os vendedores de surpresa. Após reconhecerem o astro, os vendedores tiraram fotos com ele, enquanto Neymar pedia rapidamente uma segunda camisa.

Neymar compartilhou vários vídeos no Instagram, mostrando sua presença no estádio SoFi em Los Angeles, onde o Brasil enfrentou a Costa Rica. O estádio, geralmente utilizado para futebol americano, sediava a partida da Copa América que terminou em 0 a 0, apesar do domínio da Seleção Brasileira.

Imagens adicionais mostraram a frustração de Neymar com a falta de eficácia de seus companheiros de equipe. A partida foi marcada pela impotência do ataque brasileiro, refletindo o desapontamento do craque do Al-Hilal com o resultado do jogo.

Fonte: Blick.ch em 25.06.2024Link externo (em francês)

Brics diminui a influência do Ocidente

A aliança dos países do Brics, liderada pela China, está ganhando importância global, com novos membros e interesse de muitos países, incluindo alguns aliados dos EUA. Recentemente, ministros das relações exteriores dos membros ampliados do Brics se reuniram na Rússia. Atualmente, o grupo representa 45% da população mundial e um terço da produção econômica global. A China e a Rússia estão se posicionando como líderes do “Sul Global”, um grupo de países em desenvolvimento e emergentes que buscam alternativas às alianças ocidentais.

Apesar de não formarem uma frente unida contra o Ocidente, os países que aderem ao Brics estão interessados nas vantagens econômicas e comerciais, como o acesso preferencial aos mercados da China e da Índia e ao financiamento do Novo Banco de Desenvolvimento. A China oferece um modelo de desenvolvimento atrativo, com investimentos em infraestrutura e energias renováveis. No entanto, a tentativa de se afastar do dólar americano enfrenta limitações, dado o papel dominante da moeda nos mercados globais e a dependência da China das reservas em dólar.

O Brics está mudando a dinâmica da diplomacia global, embora enfrente desafios estruturais e a necessidade de equilibrar diferentes interesses de seus membros. O crescente interesse no Brics e a expansão da aliança indicam que o Ocidente precisará reconsiderar suas estratégias diplomáticas e econômicas para lidar com esta nova realidade. A união, liderada por Pequim e Moscou, busca garantir que sanções não afetem seu comércio, mas ainda depende significativamente das estruturas econômicas globais existentes.

Fonte: Finanz und Wirtschaft em 25.06.2024Link externo (em alemão)

Acordo de livre comércio assinado

Os países da EFTA, incluindo a Suíça, assinaram um acordo de livre comércio revisado com o Chile, melhorando o acesso ao mercado e a estrutura legal para facilitar as exportações e a competitividade das pequenas e médias empresas. Com o novo acordo, 99,99% das exportações suíças para o Chile serão isentas de impostos, e haverá uma aplicação abrangente dos direitos de propriedade intelectual.

As negociações com o Mercosul têm sido desafiadoras, especialmente com questões de propriedade intelectual reemergindo com o Brasil. As discussões, retomadas após uma pausa de cinco anos, enfrentam obstáculos, e a possibilidade de um acordo em 2024 parece incerta. A falta de uma data para a próxima rodada de negociações reflete essa incerteza.

Parmelin expressou um otimismo cauteloso em relação às negociações com a China para um acordo de livre comércio revisado. Com a situação interna chinesa, especialmente no mercado imobiliário, há um impulso para o engajamento no diálogo. Parmelin espera avançar nessas negociações durante sua visita à China na próxima semana, destacando os interesses mútuos em alcançar um novo acordo.

Fonte: schweizerbauer.ch em 25.06.2024Link externo (em alemão)

Como museus suíços lucraram com a perseguição nazista

Durante a perseguição nazista, museus suíços se beneficiaram adquirindo obras de arte de colecionadores judeus que fugiram do regime, como Hugo Simon. Simon, um dos homens mais ricos de Berlim antes de 1933, e sua esposa buscaram refúgio no Brasil em março de 1941 e deixaram sua coleção de arte na Suíça para protegê-la dos nazistas. Sua coleção incluía obras de grandes artistas como Renoir, Cézanne e Munch. No entanto, sua necessidade de vender essas obras em um mercado em queda fez com que ele enfrentasse dificuldades financeiras e negociações desvantajosas com os museus suíços.

As negociações com instituições suíças como o Museu de Arte de Zurique e o Museu de Arte da Basileia revelam a exploração da situação desesperadora de Simon, que foi forçado a vender suas obras por preços reduzidos ou a deixá-las como pagamento de dívidas. A pressão sobre Simon aumentou com o tempo, culminando em um leilão fracassado em Lucerna em 1939. Algumas das obras de arte não vendidas foram compradas por preços irrisórios, como as duas pinturas de Caspar David Friedrich adquiridas por Theodor Fischer.

Após a guerra, muitas das obras da coleção de Simon permaneceram em museus suíços. A reavaliação dessa história tem sido lenta, mas está em andamento, com alguns museus começando a reconhecer a origem das obras em suas coleções. O bisneto de Simon, Rafael Cardoso, tem trabalhado para recuperar a memória e as obras de seu bisavô, enfatizando a importância de enfrentar a verdade sobre como essas peças foram adquiridas.

Fonte: SRF.ch em 24.06.2024Link externo (em alemão)

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Moderador: Simon Bradley

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