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Presidente da Suíça visita Portugal

Dois chefes de Estado em uma recepção
A presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd (esq.) e o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa, em uma recepção no Palácio de Belém em 16 de dezembro de 2024. EPA/ANTONIO COTRIM

De encontros diplomáticos a episódios de superação, a edição desta semana traz uma seleção de histórias que cruzam fronteiras e revelam as complexidades de nosso tempo. A visita da presidente suíça a Portugal reforça laços históricos entre os países, enquanto o ciclone "Chido" expõe desigualdades na resposta humanitária entre Mayotte e Moçambique.

De 14 a 20 de dezembro de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Moçambique devastado por tempestade

O jornal NZZ e outras mídias suíças destacaram a destruição causada pelo ciclone “Chido” em Mayotte e Moçambique. A ilha ultramarina francesa foi atingida por ventos de mais de 220 km/h, causando 31 mortes confirmadas e milhares de desabrigados. Como parte da França, Mayotte recebeu uma resposta rápida de Paris, com envio de equipes de resgate, suprimentos e apoio médico. O presidente Emmanuel Macron visitou a ilha, prometendo apoio contínuo e declarando luto nacional.

Em Moçambique, o impacto foi ainda mais devastador, mas a atenção internacional foi menor. Ventos de até 240 km/h destruíram mais de 35 mil edifícios e afetaram quase 200 mil pessoas, principalmente na província de Cabo Delgado, uma das mais pobres e já marcada por conflitos armados. Com 45 mortes confirmadas, a precariedade das habitações locais e a falta de infraestrutura agravaram a tragédia. Sem recursos financeiros suficientes, o país depende de ajuda internacional para a reconstrução e enfrentamento das consequências humanitárias.

A situação humanitária no país já era crítica antes do ciclone, com 4,8 milhões de pessoas necessitando de apoio, segundo a Unicef. O risco de surtos de cólera aumentou após o desastre, e a falta de eletricidade, telefone e internet nas áreas afetadas dificulta o socorro. Embora o governo esteja investindo em sistemas de alerta e construções mais resistentes, a necessidade de apoio internacional é urgente para evitar uma crise ainda maior.

Fonte: NZZ em 20.12.2024Link externo (em alemão)

“Em vez de estrelas de canela, aqui temos bolo rei”

O artigo, publicado no Limmattaler Zeitung de Zurique pelo jornalista Muriel Daasch, aborda a história de sucesso da Pastelaria Flor e Bela, fundada em 2018 pela portuguesa Anabela Almeida em Schlieren, região com forte presença de imigrantes portugueses.

O local se tornou referência para a comunidade, especialmente no Natal, quando aumenta a demanda por doces típicos como o Bolo Rei e os biscoitos natalinos. Nos dias 23 e 24 de dezembro, a pastelaria vende cerca de mil pedaços de Bolo Rei e 300 quilos de biscoitos.

Com um ambiente que remete a Portugal, o espaço também se destaca pelos pastéis de nata (600 vendidos por fim de semana) e as bifanas, um sanduíche típico português adaptado com ingredientes especiais. De início, Anabela enfrentou dificuldades para atrair clientes, mas hoje conta com dez funcionários e uma clientela fiel, com filas frequentes, especialmente nos fins de semana.

A reportagem ressalta a relevância da cultura gastronômica portuguesa na preservação das tradições entre os imigrantes e na integração da comunidade local. Para Anabela, Schlieren se assemelha a Portugal, dada a grande presença de compatriotas na cidade, o que contribuiu para o sucesso de sua pastelaria.

Fonte: Limmattaler Zeitung.ch em 19.12.2024Link externo (em alemão)

Disputa por assento na janela se torna tema de conversa nacional

O portal suíço especializado em aviação, Aerotelegraph, publicou um artigo, assinado pelo editor Stefan Eiselin, relatando um incidente em um voo da Gol entre Rio de Janeiro e Belo Horizonte, que gerou grande polêmica no Brasil. O episódio ocorreu quando Jennifer C., uma passageira que havia pago por um assento na janela, se recusou a ceder o lugar para uma criança que estava viajando com sua mãe e outros familiares. O caso ganhou notoriedade após outra passageira, Eluciana C., filmar e insultar Jennifer C., chamando-a de “nojenta” por sua falta de empatia.

O vídeo, que circulou amplamente nas redes sociais, gerou reações divididas. Enquanto alguns criticaram Jennifer C. por sua “falta de empatia”, outros apontaram para a violação de sua privacidade pela filmagem sem consentimento. A Gol declarou que a tripulação não foi consultada e, por isso, não se pronunciou sobre o incidente.

Após a repercussão, Eluciana C. pediu desculpas públicas a Jennifer C., mas afirmou também ter se arrependido de sua própria atitude. O caso ainda pode ter desdobramentos judiciais, já que Jennifer C. indicou a possibilidade de processar Eluciana por difamação e calúnia.

O artigo destaca que, apesar da controvérsia, houve uma “vencedora” clara: Jennifer C., que, além de ver sua base de seguidores no Instagram crescer em mais de 1,5 milhão, também assinou novos contratos de publicidade com diversas empresas, conforme informações do portal Terra.

Fonte: Aerotelegraph em 18.12.2024Link externo (em alemão)

A ascensão de Vinicius da pobreza ao futebol mundial

O jornal suíço Blick, o maior do país, destacou a consagração de Vinicius Junior como o melhor jogador do mundo pela FIFA, recebendo o prêmio “The Best” das mãos de Gianni Infantino em Doha. A premiação ocorreu dois meses após a polêmica da Bola de Ouro, quando o brasileiro ficou sem o troféu e o Real Madrid boicotou o evento em protesto.

A matéria relembra a trajetória de superação de Vinicius, que saiu de uma infância humilde no Rio de Janeiro para se tornar astro do Real Madrid, acumulando títulos importantes. O ano de 2024 foi o ponto alto de sua carreira, com 31 gols e 16 assistências, o que lhe rendeu o reconhecimento da FIFA.

O Blick também aborda os desafios fora de campo, destacando os episódios de racismo que Vinicius enfrentou na Espanha e as críticas a seu comportamento em campo, como provocações e atitudes polêmicas. O jornal questiona qual lado do jogador prevalecerá no futuro: o craque ou o “enfant terrible”.

Fonte: Blick em 18.12.2024Link externo (em alemão)

Juiz brasileiro impõe uma proibição mundial a música de Adele

Agências de notícias na Suíça e jornais locais destacaram a decisão de um juiz brasileiro que proibiu globalmente a reprodução da música “Million Years Ago” da cantora Adele, após uma acusação de plágio feita pelo compositor brasileiro Toninho Geraes. Ele afirma que a melodia é semelhante à de “Mulheres”, sucesso de Martinho da Vila de 1995.

A decisão obriga as subsidiárias brasileiras da Sony e da Universal a suspenderem a reprodução, distribuição e comercialização da música em qualquer meio, sob pena de multa de R$ 50 mil (cerca de 7.400 francos). O advogado de Geraes considera a decisão um marco para a proteção da música brasileira. O compositor também busca uma indenização de um milhão de reais.

O caso soma-se a outra polêmica envolvendo a música, que já foi comparada à canção “Acilara tutunmak”, do cantor curdo Ahmet Kaya. Como signatário da Convenção de Berna, o Brasil garante proteção internacional às suas obras, o que fortalece a posição de Geraes na disputa.

Fonte: La Liberté em 17.12.2024Link externo (em francês)

Suíça e Portugal reafirmam suas excelentes relações

A presidente da Confederação Suíça, Viola Amherd, reuniu-se com o presidente Marcelo Rebelo de Sousa e o primeiro-ministro Luís Montenegro em Portugal. Durante o encontro, destacaram as boas relações entre os dois países e o papel relevante dos 260 mil portugueses que vivem na Suíça para a sociedade e a economia local. Também foi mencionada a importância dos 7.300 suíços residentes em Portugal no fortalecimento desses laços.

Viola Amherd atualizou as autoridades portuguesas sobre as negociações entre a Suíça e a União Europeia, afirmando que o processo está em fase final e mantém uma dinâmica positiva. A visita incluiu ainda uma passagem pelo Parlamento português e uma recepção oficial em Lisboa. O convite foi uma resposta à visita de autoridades portuguesas à Suíça em junho, reforçando o estreitamento dos laços bilaterais.

Fonte: Bluewin.chLink externo e Rjb.chLink externo em 16.12.2024 (em francês)

Papai Noel brasileiro aprende sobre a alma de uma nação.

O correspondente do jornal suíço Neue Zürcher Zeitung (NZZ) no Brasil, Alexander Busch, que reside há muitos anos no país, escreveu uma reportagem especial de Natal sobre a experiência única de um Papai Noel em Salvador, no nordeste brasileiro. No clima tropical de mais de 30 graus, os shoppings centers se tornam o ponto de encontro das famílias, funcionando como uma “praça pública moderna” em uma cidade marcada por desigualdades sociais e violência urbana.

O protagonista da história é Carlos Alberto de Castro, de 68 anos, que incorpora o papel de Papai Noel no maior shopping de Salvador. Com uma barba branca natural e uma trajetória de vida multifacetada – engenheiro elétrico, biólogo, psicoterapeuta e professor de ioga – Castro se vê como um “observador da sociedade brasileira” e descreve seu trabalho como uma mistura de escuta freudiana e apoio pastoral.

Recebendo cerca de 800 pessoas por dia, o Papai Noel atende crianças, jovens e adultos de diferentes classes sociais, desde os que pedem “comida para casa” até os que desejam “uma viagem à Disneylândia”. Entre os pedidos inusitados, há mulheres que solicitam empregos na área administrativa e outras que buscam um “sugar daddy”. Castro narra episódios emocionantes, como o de um menino que pediu pelo retorno do irmão, vítima de violência, e o de uma mulher que voltou para agradecer a ajuda após conquistar uma vaga de trabalho.

Para Busch, o cenário dos shoppings brasileiros reflete os contrastes sociais do país, mas também revela uma curiosa reapropriação do espírito natalino. As decorações exuberantes e as interações com o Papai Noel mobilizam um forte apelo emocional, alimentado pelas redes sociais. No fim, o Natal, mesmo nesse contexto consumista, transforma as pessoas, e Castro sente-se privilegiado em ser parte dessa experiência coletiva de esperança e sonho.

Fonte: NZZ em 16.12.2024Link externo (em alemão)

Prisão de um general próximo a Jair Bolsonaro

A cobertura da imprensa suíça sobre a tentativa de golpe no Brasil ganhou destaque no jornal “Le Matin”, especialmente após a prisão do general Walter Braga Netto, ex-ministro de Jair Bolsonaro e seu companheiro de chapa na eleição presidencial de 2022. A prisão foi decretada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), que apontou a “gravíssima participação” do general no suposto plano golpista. Segundo as investigações, Braga Netto teria atuado na liderança, financiamento e obstrução da investigação, além de pressionar as Forças Armadas a aderirem à conspiração.

A matéria revela ainda a existência de um suposto plano de sequestros e assassinatos, incluindo o do presidente Lula, do vice Geraldo Alckmin e do ministro Alexandre de Moraes. Denominado “Punhal Verde e Amarelo”, o plano teria sido discutido na casa de Braga Netto e impresso no Palácio do Planalto. As evidências incluem um manuscrito apreendido na sede do Partido Liberal, de Bolsonaro, detalhando propostas de “interrupção da transição” e “cancelamento de eleições”. A Polícia Federal já havia recomendado o indiciamento de Bolsonaro e de outras 36 pessoas ligadas a ele.

A tentativa de golpe e o ataque aos prédios do governo em 8 de janeiro de 2023 colocaram Bolsonaro no centro de mais uma investigação. Ele é suspeito de ter conhecimento e participação ativa nos atos clandestinos para abolir o Estado de Direito. As autoridades brasileiras reúnem provas há dois anos, com um relatório de 884 páginas entregue ao Ministério Público, que decidirá sobre as acusações. A prisão de Braga Netto e as revelações sobre o plano golpista evidenciam o peso e a gravidade do caso, amplamente acompanhado pela imprensa helvética.

Fonte: Le Matin em 15.12.2024Link externo (em francês)

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Moderador: Katy Romy

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