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Suíça acorda para o Brics

Dois homens de terno e gravata conversando
O presidente russo Vladimir Putin (à esq.) e o presidente da Duma, Vyacheslav Volodin, participam do 10º Fórum Parlamentar do BRICS em São Petersburgo, Rússia, em 11 de julho de 2024. EPA/VALERIY SHARIFULIN / SPUTNIK / KREMLIN POOL

O Brasil enfrenta desafios internacionais e internos, incluindo a contestação de uma lei ambiental da União Europeia. Internamente, tensões aumentam com os protestos liderados por Jair Bolsonaro contra o fechamento da plataforma X. A poluição por incêndios na Amazônia preocupa globalmente e o BRICS amplia sua influência no cenário internacional. Essas são algumas das notícias de destaque na imprensa helvética.

De 7 a 13 de setembro de 2024, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.

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Desmatamento: Brasil pede à UE que adie lei

Uma notícia publicada em diversos jornais da Suíça no mesmo dia, produzida pela agência de notícias ATS, destaca que o Brasil pediu à União Europeia (UE) o adiamento da nova regulamentação antidesmatamento, prevista para entrar em vigor no final do ano. O Brasil considera a lei um “instrumento unilateral e punitivo” que ameaça suas exportações, argumentando que ela contraria o “princípio da soberania” e discrimina países com recursos florestais. A regulamentação europeia, promulgada em 2023, proíbe a comercialização de produtos provenientes de terras desmatadas após dezembro de 2020.

A carta brasileira foi criticada por Marcio Astrini, do Observatório do Clima, que a considerou “lamentável e surpreendente”, ressaltando que ela contradiz o discurso do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que prometeu acabar com o desmatamento ilegal até 2030. A posição brasileira é considerada mais grave porque o país sediará a COP30, a maior conferência internacional sobre o clima, em Belém, no próximo ano. Outros países, como Estados Unidos, e alguns Estados europeus também pediram à UE o adiamento da lei, mas a Comissão Europeia, até o momento, não planeja adiar sua implementação.

Fonte: Rjb.chLink externo e Bluewin.chLink externo em 13.09.2024 (em francês) 

Confirmadas ligações de David de Pury com a escravidão

A escravidão é um tema frequentemente abordado pela imprensa suíça, especialmente a francófona. Recentemente o portal Arcinfo trada das conexões de David de Pury, um grande empreendedor do cantão de Neuchâtel no século 18, com o comércio de escravos. Ele se tornou conhecido depois de deixar sua fortuna à cidade após sua morte.

Segundo o historiador Alain Naef, de Pury acumulou riqueza considerável através de investimentos ligados à escravidão. Novas pesquisas revelam que ele não foi apenas um acionista indireto, mas um dos principais financiadores da Companhia Geral de Comércio de Pernambuco e Paraíba (CGPP), central no comércio triangular entre Portugal, Angola e Brasil, transportando milhares de escravos. Esses achados motivam mais investigações sobre o envolvimento de de Pury na escravidão.

Fonte: Arcinfo.ch, 12.09.2024Link externo (em francês) 

Fuga de prisoneiros assusta Portugal

A fuga de cinco criminosos graves e muito perigosos em Portugal gerou medo e indignação, sendo amplamente coberta por diversos meios de comunicação da Suíça, incluindo imprensa, rádio e televisão, devido à gravidade do caso de criminalidade. Quatro dias após a fuga cinematográfica da prisão de segurança máxima de Vale de Judeus, ainda não há pistas dos fugitivos, que incluem dois portugueses, um britânico, um argentino e um georgiano, todos com penas de até 25 anos por crimes como rapto, extorsão e tráfico de drogas.

A ministra portuguesa da Justiça, Rita Júdice, assegurou que “todos os meios” estão sendo utilizados nas buscas, incluindo mandados de detenção europeus. A Polícia Judiciária alertou sobre o perigo que os fugitivos representam, e a polícia espanhola reforçou os controles fronteiriços.

A fuga, realizada em plena luz do dia e com ajuda externa, revelou falhas graves na segurança da prisão. Rita Júdice reconheceu os erros e demitiu dois chefes penitenciários, ordenando uma investigação urgente em todas as prisões do país. Os meios de comunicação e comentadores criticaram o ocorrido como um “fracasso total do Estado”.

Fonte: Watson.chLink externo e Nau.chLink externo (em alemão) 

Fumaça da Amazônia se espalha pelo Brasil

A notícia, publicada pela agência ATS em alemão, francês e italiano e republicada por diversos órgãos de imprensa na Suíça, relata a grave situação de poluição do ar em São Paulo e no Rio de Janeiro devido à fumaça resultante dos intensos incêndios florestais na Amazônia e outras regiões. A fumaça se espalhou por quase cinco milhões de km² no Brasil, cerca de 60% do país, e alcançou até os países vizinhos e o Oceano Atlântico, afetando uma área total de aproximadamente dez milhões de km².

As autoridades na Argentina e no Uruguai também relataram a presença de fumaça em várias regiões. A qualidade do ar em São Paulo, a maior cidade da América Latina, piorou drasticamente, com níveis de partículas finas (PM2,5) chegando a quase 14 vezes o limite recomendado pela OMS. O Rio de Janeiro também enfrenta níveis elevados de poluição.

Os incêndios, muitos atribuídos a ações criminosas ligadas à agricultura, se espalham mais facilmente devido à seca histórica, exacerbada pelo aquecimento global. A situação tem levado a um aumento de problemas respiratórios entre a população e a mudanças na aparência do pôr do sol, que adquiriu tons vermelho-alaranjados devido à presença de nanopartículas de fuligem. Especialistas indicam que essa fumaça pode persistir até a chegada das chuvas regulares, previstas para outubro ou novembro.

Fonte: Blue News, 10.09.2024Link externo (em francês) 

Por que o Brics é interessante para a Suíça?

O artigo publicado na revista germanófona “Weltwoche”, de orientação liberal, destaca a mudança de percepção do Ocidente em relação ao BRICS, grupo que inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, e recentemente expandido para incluir Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Egito e Irã. O texto menciona o interesse do presidente turco Erdogan em se tornar membro do BRICS, reforçando a relevância crescente da organização, que já representa 45% da população mundial e supera o G7 em diversos indicadores econômicos.

O BRICS busca promover um mundo multipolar, afastando-se da dependência do dólar americano. Os membros já utilizam suas moedas locais em transações internas e há a expectativa de criação de uma moeda comum, possivelmente baseada no ouro, para facilitar o comércio entre eles. A organização, que evita sanções e resolve diferenças diplomáticas entre os membros, realizou mais de 200 conferências somente este ano, e sua próxima cúpula será realizada em Kazan, em outubro.

Para a Suíça, o artigo sugere que ingressar no BRICS poderia ser uma oportunidade histórica, dado o impacto global que a organização pode ter. No entanto, a Suíça, ao alinhar-se com a UE e Washington, afastou-se de uma posição de neutralidade que poderia favorecer sua entrada no grupo. O autor, Peter Hänseler, jornalista em Moscou, enfatiza a importância do BRICS para a reconfiguração da ordem mundial e a necessidade de reconsideração da neutralidade suíça.

Fonte: Weltwoche.ch, 09.09.2024Link externo (em alemão) 

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