Suíça recusa entrada de Ai Weiwei
![Escultura do artista chinês Ai Weiwei](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2025/02/press_review0814022025.png?ver=ce00a084)
Ai Weiwei teve sua entrada negada na Suíça, reacendendo debates sobre burocracia migratória. Na Suíça, a religiosa alemã Christiane Lubos auxilia migrantes e uma grande reportagem sobre incêndios florestais. Esses foram os destaques da semana.
De 8 a 14 de fevereiro de 2025, vasculhamos a imprensa suíça para dar uma visão geral das notícias mais importantes relacionadas ao Brasil, Portugal ou África lusófona.
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Por que uma mulher em Solothurn ainda é freira?
O jornal regional Solothurnerzeitung publicou um artigo sobre Christiane Lubos, uma religiosa alemã que encontrou sua vocação no Brasil e hoje trabalha na Suíça auxiliando migrantes. Lubos pertence à comunidade Scalabrini, um instituto secular cujos membros levam uma vida normal na sociedade, sem hábito religioso, mas dedicados à fé.
Atualmente, Lubos vive em um antigo convento em Solothurn, onde dirige o Centro Internacional de Educação. A instituição tem uma longa tradição de apoio a migrantes, iniciada por Adella Firetti, que chegou à cidade em 1961 para atender trabalhadores italianos. Com o tempo, o trabalho se expandiu para apoiar migrantes de diversas nacionalidades, como eritreus, afegãos e sírios.
A trajetória de Lubos mudou após uma experiência transformadora no Brasil, quando testemunhou a generosidade de uma mulher pobre durante uma missa na Catedral de São Paulo. Esse momento a levou a dedicar sua vida ao serviço dos mais necessitados. Desde 2002, ela vive em Solothurn, onde continua sua missão, ajudando migrantes a se integrarem na sociedade suíça e promovendo encontros interculturais.
Fonte: Solothurner Zeitung, 14.02.2025Link externo (em alemão)
Suíça recusa entrada de Ai Weiwei
O caso de Ai Weiwei foi amplamente divulgado pelas mídias suíças, incluindo os principais veículos de imprensa do país, como o Neue Zürcher Zeitung (NZZ), o jornal 24 Heures e o portal Bluewin. O renomado artista e dissidente chinês teve sua entrada na Suíça negada no aeroporto de Zurique, gerando grande repercussão.
Ai Weiwei relatou o ocorrido em seu Instagram na noite de segunda-feira, afirmando que foi informado pelas autoridades que “aqui é a Suíça, não Portugal” e que passaria a noite em um banco do aeroporto aguardando deportação. O artista também compartilhou imagens de seu passaporte e vídeos da área de trânsito do aeroporto. Segundo a polícia cantonal de Zurique, ele não possuía um visto válido para entrar no país, o que levou à sua recusa na fronteira de Schengen.
A situação levantou questionamentos sobre o controle de documentos, já que as companhias aéreas são responsáveis por verificar a documentação antes do embarque, o que aparentemente não ocorreu em seu voo de Londres para Zurique. Como resultado, Ai Weiwei foi impedido de entrar na Suíça e permaneceu na área de trânsito até seu retorno a Londres na manhã de terça-feira.
![Homem calvo oriental olhando para o fotógrafo](https://www.swissinfo.ch/content/wp-content/uploads/sites/13/2025/02/562307945_highres.jpg?ver=351c206b)
O artista chinês tem um histórico de dificuldades em viagens internacionais devido às suas críticas ao regime chinês. De 2011 a 2015, foi proibido de sair da China e, em 2019, enfrentou obstáculos para obter residência no Reino Unido. Desde 2021, vive e trabalha em Portugal. Além disso, Ai Weiwei já teve desentendimentos com a Suíça, especialmente em 2021, quando o Credit Suisse encerrou suas contas bancárias – decisão que ele considerou motivada por razões políticas.
Apesar dos embates, Ai Weiwei tem uma longa trajetória profissional na Suíça, onde suas obras foram exibidas desde 2004, abordando temas como censura, política de refugiados e direitos humanos. Uma de suas exposições mais conhecidas ocorreu em Lausanne, em 2010. Em sua série fotográfica Study of Perspective, Ai registrou um gesto de protesto contra instituições internacionais, incluindo o Palácio Federal em Berna.
Fonte: nzz.chLink externo, bluewin.chLink externo, 24heures.chLink externo, 11.02.2025 (em alemão e francês)
Espanha está no fuso horário errado e Hitler tem algo a ver com isso
O 20 Min, jornal gratuito mais consumido na Suíça, publicou um artigo destacando a particularidade do fuso horário da Espanha, que não corresponde à sua posição geográfica. Apesar de estar na mesma longitude que Portugal, o país segue o horário da Europa Central, o que faz com que o sol nasça e se ponha mais tarde. Esse fenômeno influencia diretamente o cotidiano dos espanhóis, resultando em horários de refeição e descanso diferentes do restante da Europa Ocidental.
A mudança no fuso ocorreu em 1940, durante a ditadura de Francisco Franco, que ajustou os relógios para se alinhar politicamente com a Alemanha nazista. O plano era temporário, mas permanece até hoje, impactando a rotina dos espanhóis. No entanto, as Ilhas Canárias foram poupadas dessa alteração e continuam seguindo o horário da Europa Ocidental, o que facilita suas relações econômicas com Portugal e o Reino Unido.
Apesar de discussões ocasionais sobre um possível retorno ao horário original, especialmente na região da Galícia, a mudança é considerada improvável. Ajustar os relógios significaria uma reestruturação econômica e comercial complexa, o que faz com que o país permaneça no fuso atual, mesmo que ele não reflita sua localização geográfica.
Fonte: 20min.ch, 11.02.2025Link externo (em alemão)
50 mortos em acidente de ônibus
Pelo menos 51 pessoas morreram em um grave acidente na Guatemala, quando um ônibus com 75 passageiros despencou de uma ponte na entrada norte da Cidade da Guatemala. O acidente, um dos piores na América Latina na última década, reforça a recorrência de tragédias rodoviárias na região, que registra altos índices de acidentes fatais.
O veículo, que viajava de San Agustin Acasaguastlan para a capital, perdeu o controle antes de cair em um barranco de 20 metros, atingindo outros veículos no trajeto. As autoridades abriram uma investigação para apurar as causas, considerando que o ônibus estava em circulação há mais de 30 anos, apesar de possuir licença válida.
Este episódio trágico soma-se a uma série de acidentes fatais na América Latina. Em 2018, no Peru, 52 pessoas morreram quando um ônibus caiu de um penhasco de 100 metros. Já em 2015, no Brasil, 54 passageiros perderam a vida quando o veículo caiu em um precipício em uma área turística do sul do país.
Diante da tragédia, o presidente guatemalteco, Bernardo Arévalo, declarou luto nacional, expressando solidariedade às famílias das vítimas.
Fonte: bluewin.ch, 10.02.2025Link externo (em alemão)
Da Sibéria à Amazônia, entendendo os incêndios florestais
Uma reportagem em grande formato publicada no portal da Televisão da Suíça Francófona (RTS) aborda os incêndios florestais de 2024, que atingiram diversas regiões do planeta, como a Amazônia, as florestas boreais do Canadá e da Sibéria, a Indonésia e a Califórnia. De acordo com um estudo da revista Nature Ecology & Evolution, a frequência e a intensidade desses incêndios mais do que dobraram nos últimos 20 anos, impulsionadas pelo aquecimento global. O ano de 2023 foi o mais extremo já registrado, e desde 2017, os incêndios florestais têm sido cada vez mais intensos e frequentes.
O fenômeno é explicado pelo chamado “triângulo do fogo”, que considera três fatores principais: topografia, clima e vegetação disponível como combustível. Com a mudança climática prolongando as estações secas e aumentando as temperaturas, os incêndios ocorrem em períodos inesperados e em regiões onde antes eram raros, como áreas úmidas da Indonésia e da Amazônia. De acordo com o observatório europeu Copernicus, a América do Norte e do Sul registraram as maiores emissões de carbono originadas por incêndios em 2024, com secas e ondas de calor favorecendo sua ocorrência.
Na Califórnia, os incêndios de janeiro de 2025 chamaram a atenção por ocorrerem no inverno, algo incomum para a região. Especialistas atribuem o fenômeno a uma combinação de fatores, incluindo uma temporada seca prolongada, grande acúmulo de vegetação seca e ventos fortes, como os de Santa Ana, que ajudaram as chamas a se espalhar rapidamente. A falta de chuvas, com precipitação muito abaixo da média, contribuiu para tornar o ano de 2024 o mais seco em quase meio século na região.
A Amazônia também enfrentou incêndios históricos, com o Brasil registrando o maior número de queimadas desde 2007. De acordo com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), 140.328 focos foram detectados, 42% a mais que no ano anterior, impulsionados por uma das secas mais severas dos últimos 74 anos. A plataforma MapBiomas revelou que 30,8 milhões de hectares foram queimados, ultrapassando os danos causados em anos anteriores. Os incêndios, muitas vezes causados pela ação humana, tornam a floresta cada vez mais vulnerável a novas queimadas.
Já nas florestas boreais do Canadá, da Sibéria e da Suécia, incêndios sempre ocorreram, mas agora estão mais frequentes e severos devido ao aquecimento acelerado das altas latitudes. No Canadá, 2024 foi a quarta temporada mais destrutiva em 20 anos, com mais de 5 milhões de hectares queimados, e incêndios começando mais cedo do que o normal, já em março. Segundo especialistas, o impacto humano no ambiente, somado à mudança climática, tem intensificado os incêndios de maneira sem precedentes, tornando-os um desafio cada vez maior para a gestão ambiental global.
Fonte: RTS, 09.02.2025Link externo (em francês)
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Publicaremos nossa próxima revista da imprensa suíça em 21 de fevereiro. Enquanto isso, tenha um bom fim de semana e boa leitura!
Até a próxima semana!
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